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SÃO PAULO – Não foi fácil para Luciano Huck desistir de uma possível candidatura à presidência da República, mas a decisão tomada na última quinta-feira pode não ser a última movimentação do apresentador no xadrez eleitoral deste ano. Para além do ceticismo de alguns nomes que tentam viabilizar suas candidaturas na disputa presidencial, já são especuladas possíveis alianças envolvendo o apresentador da Rede Globo e até mesmo a manutenção de conversas com novos movimentos na política.
Enquanto tais movimentações não acontecem, analistas avaliam os impactos da saída de um dos principais outsiders da corrida ao Palácio do Planalto. Em uma avaliação preliminar, o grande beneficiário desta notícia seria o governador Geraldo Alckmin (PSDB), tendo em vista a redução das chances de surgimento de um candidato que se vincule à imagem da novidade na política e busque ocupar os espaços ainda abertos no centro reformista.
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Conforme noticiou a coluna Painel, do jornal Folha de S.Paulo, aliados do governador paulista respiraram aliviados à notícia da desistência de Huck. Eles acreditavam que a simples presença do apresentador nas análises sobre o cenário eleitoral já prejudicavam o tucano. A mais recente pesquisa realizada pelo instituto Datafolha mostrou os dois possíveis candidatos tecnicamente empatados nos cenários com e sem Lula no páreo. O desempenho do outsider gerava sombra na candidatura de Alckmin, sobretudo após os novos acenos feitos pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
A despeito do desempenho ainda baixo nas pesquisas de intenção de voto, o tucano avança como opção às siglas do chamado “centrão” ao seu melhor estilo, na base do “resta um”, sem movimentos abruptos. Contudo, a aglutinação ainda não apresentou grandes avanços sobre partidos como o DEM, do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, o PSD, do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, e até o MDB, do presidente Michel Temer. As três siglas seriam vitais para a composição de uma coalizão sólida para a eleição presidencial.
“Com Huck desistindo da candidatura, Alckmin tende a consolidar a candidatura ao centro”, observou Carlos Melo, cientista político e professor do Insper, em entrevista à Bloomberg. “Pode haver outras candidaturas, como a de Henrique Meirelles e a de João Doria, mas a tendência é que ele seja o candidato mais forte ao centro”.
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Visão similar tem Richard Back, analista político da XP Investimentos. Para ele, o tucano é o candidato dentro da centro-direita que mais pode atrair apoio do meio político, da sociedade e do establishment para ser próximo presidente da República. “É bom para Alckmin porque ele vai sobrando como candidato dessa coalizão”, observou, também em entrevista à Bloomberg.
Já consultoria política Eurasia Goup vislumbra um aumento do risco político para o mercado com a ausência de Huck na disputa. Isso porque não há outro reformista claro com credenciais para aproveitar a onda antiestablishment.
Se, por um lado, a saída do apresentador de televisão reduz as chances de fragmentação do centro governista no pleito, de outro, diminuem as alternativas a esse grupo político, o que pode elevar a pressão sobre Alckmin. Para confirmar a leitura de que é o maior beneficiário da notícia, o tucano depende de suas próprias movimentações para viabilizar sua candidatura. Neste momento, ele enfrenta dificuldades para fechar um acordo com os partidos que compõem a base de sua gestão em São Paulo. Não será fácil para Alckmin atender aos interesses de PSB, PSD, DEM, do próprio PSDB e do MDB.
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Segundo a Coluna do Estadão, do jornal O Estado de S.Paulo, Huck ainda avalia apoiar algum candidato na disputa pela sucessão de Michel Temer. Entre os presidenciáveis, Alckmin leva vantagem por ser mais próximo a ele. De acordo com analistas consultados pela publicação, um eventual apoio do apresentador pode até não ajudar o tucano eleitoralmente, mas para o meio político mostra aglutinação em torno da sua candidatura. Isso é importante em um momento em que Alckmin ainda patina nas pesquisas e em que busca unir o centro para evitar um segundo turno entre o candidato do PT e Jair Bolsonaro.