O “dia D” para Sergio Moro: TSE retoma julgamento que pode cassar mandato do senador

Hoje senador pelo União Brasil do Paraná, ex-juiz da Lava Jato e ex-ministro da Justiça do governo Bolsonaro pode perder o mandato em julgamento de recursos no TSE; entenda o caso e saiba como será a sessão

Fábio Matos

Senador Sergio Moro, do União Brasil do Paraná (Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado)
Senador Sergio Moro, do União Brasil do Paraná (Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado)

Publicidade

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) retoma, nesta terça-feira (21), a partir das 19 horas, o julgamento que pode definir o futuro político do senador Sergio Moro (União Brasil-PR), ex-juiz da Operação Lava Jato e ex-ministro da Justiça e Segurança Pública do governo de Jair Bolsonaro (PL).

Depois de vencer a primeira batalha e ser absolvido pelo Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR), Moro enfrenta um novo julgamento que pode levar à cassação de seu mandato – ou enterrar, definitivamente, as pretensões de seus adversários.

Em princípio, a corte reservou duas datas para analisar o caso envolvendo Moro: os dias 16 e 21 de maio. Na primeira sessão, na semana passada, o julgamento foi suspenso pouco depois da leitura do parecer do ministro Floriano de Azevedo Marques, relator do caso.

Continua depois da publicidade

Baixe uma lista de 11 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de crescimento para os próximos meses e anos

A decisão foi tomada em função do horário, já que haveria sessão do Supremo Tribunal Federal (STF), no mesmo dia, a partir das 14 horas (o julgamento no TSE começou pela manhã). Desta vez, o caso Moro será retomado pela corte eleitoral às 19 horas. “Temos a vantagem de não ter sessão do Supremo de madrugada”, brincou o presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes, na ocasião.

Entenda o caso

Em abril, por 5 votos a 2, o TRE-PR rechaçou os argumentos apresentados pela acusação, em duas ações, movidas pela federação formada por PT, PCdoB e PV e pelo PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro. Com isso, por ora, Moro teve o seu mandato no Senado preservado.

Continua depois da publicidade

O senador era acusado de abuso de poder econômico, caixa 2 e uso indevido dos meios de comunicação durante a campanha eleitoral de 2022. As ações pediam a cassação do mandato parlamentar do ex-juiz, sua inelegibilidade por 8 anos e a realização de uma nova eleição para o Senado no Paraná.

No fim de 2021, Moro se filiou ao Podemos e era cogitado como possível candidato do partido à Presidência da República. Em março de 2022, a 7 meses das eleições, o ex-juiz deixou a legenda e migrou para o União Brasil, como pré-candidato ao Senado por São Paulo. Em junho, após ter a troca de domicílio eleitoral vetada pela Justiça, anunciou a candidatura a uma vaga de senador pelo Paraná.

Composição do TSE e como será o julgamento

O TSE é composto por sete integrantes: além de Moraes e Cármen, integram a corte os ministros Nunes Marques, Raul Araújo Filho, Maria Isabel Diniz Gallotti Rodrigues, André Ramos Tavares e Floriano Peixoto de Azevedo Marques Neto (o relator do caso Moro). Assim como no TRE-PR, é necessária maioria simples de votos para condenar ou absolver o senador.

Continua depois da publicidade

Leia também:

Na sessão desta terça-feira, inicialmente estão programadas as sustentações orais da acusação e da defesa de Sergio Moro, além da manifestação do Ministério Público Eleitoral (MPE). Em seguida, começarão a ser lidos os votos dos ministros da corte.

Devem votar, nesta ordem, os ministros André Ramos Tavares, Cármen Lúcia, Kassio Nunes Marques, Raul Araújo Filho, Maria Isabel Galotti e Alexandre de Moraes.

Continua depois da publicidade

Em princípio, de acordo com o presidente do TSE, a ideia é a de que o julgamento seja concluído nesta terça, sem necessidade de convocação de uma nova sessão do tribunal para analisar o caso.

Eleição suplementar

Caso Moro tenha seu mandato cassado no TSE, será convocada uma eleição suplementar para o Senado do Paraná. O possível eleito ocuparia o posto deixado por Moro até 2030.

Entre os potenciais candidatos à vaga, estão a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, o deputado federal Zeca Dirceu (também do PT), a ex-primeira dama Michelle Bolsonaro (PL), o ex-senador Álvaro Dias (Podemos) e a deputada federal Rosângela Moro (União Brasil), esposa de Moro, que transferiu seu título eleitoral para o Paraná no início de março.

Continua depois da publicidade

Como foi o julgamento no TRE-PR

O TRE-PE absolveu Moro, por 5 votos a 2, das acusações de de abuso de poder econômico, caixa 2 e uso indevido dos meios de comunicação na campanha eleitoral de 2022. A sessão final do julgamento, no dia 9 de abril, teve quase 7 horas de duração. A análise do caso teve início no dia 1º de abril e foi interrompida três vezes por pedidos de vista (mais tempo para análise do processo). 

O relator do processo, desembargador Luciano Carrasco Falavinha Souza, se posicionou contra a perda de mandato do parlamentar. Ele foi acompanhado pelos desembargadores Claudia Cristina Cristofani, Guilherme Frederico Hernandes Denz e Anderson Ricardo Fogaça e pelo presidente do tribunal, Sigurd Roberto Bengtsson.

Os votos favoráveis à cassação foram de José Rodrigo Sade e Julio Jacob Júnior – ambos indicados ao tribunal pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Ministério Público Eleitoral é contra cassação de Moro

Em parecer assinado pelo vice-procurador-geral eleitoral, Alexandre Espinosa, o Ministério Público Eleitoral (MPE) se manifestou pela rejeição dos recursos apresentados contra a absolvição de Sergio Moro.

Segundo o órgão, não houve “prova clara e convincente” que demonstrasse que Moro violou as regras eleitorais. No entendimento de Espinosa, a desistência do ex-juiz da Lava Jato de disputar a Presidência da República em 2022 foi mais “um claro insucesso nos seus objetivos políticos do que uma estratégia pensada para se lançar apenas ao cargo de candidato a senador do estado do Paraná”.

Fábio Matos

Jornalista formado pela Cásper Líbero, é pós-graduado em marketing político e propaganda eleitoral pela USP. Trabalhou no site da ESPN, pelo qual foi à China para cobrir a Olimpíada de Pequim, em 2008. Teve passagens por Metrópoles, O Antagonista, iG e Terra, cobrindo política e economia. Como assessor de imprensa, atuou na Câmara dos Deputados e no Ministério da Cultura. É autor dos livros “Dias: a Vida do Maior Jogador do São Paulo nos Anos 1960” e “20 Jogos Eternos do São Paulo”