Nunes volta a defender saída da Enel de SP e cobra Lula: “Tem de fazer intervenção”

Em entrevista à GloboNews, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) negou que tenha se comprometido com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em torno de cargos em um eventual novo governo em São Paulo

Fábio Matos

Ricardo Nunes (MDB), prefeito reeleito de São Paulo (Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil)
Ricardo Nunes (MDB), prefeito reeleito de São Paulo (Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil)

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O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), candidato à reeleição, voltou a defender a saída da concessionária de energia Enel da capital paulista. A companhia vem sendo alvo de críticas depois do “apagão” que levou caos à maior cidade do Brasil, após as fortes tempestades do último dia 11 de outubro.

Em alguns bairros, a Enel só retomou o fornecimento seis dias depois da chuva.  De acordo com a empresa, mais de 3 milhões de endereços foram afetados.

Nunes defendeu uma intervenção imediata na empresa, que só pode ser determinada por um decreto do presidente da República.

“Tem que fazer intervenção. E depois pode fazer, em paralelo, a caducidade”, disse o prefeito, em entrevista ao programa Estúdio i, da GloboNewsque também ouviu o candidato do PSOL, Guilherme Boulos.  

“Eu não tenho essa prerrogativa. A gente tem de informar ao paulistano de quem é essa responsabilidade”, prosseguiu Nunes. “É o governo federal que pode fazer a intervenção e a defesa da caducidade. As pessoas ficam jogando para mim.”

O prefeito de São Paulo citou o exemplo da intervenção efetuada pela gestão municipal na Upbus, uma das empresas de transporte da capital investigadas por suposta ligação com o crime organizado.  

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“A Justiça determinou que se fizesse a intervenção na Transwolff e eu optei por fazer também a intervenção na Upbus. A intervenção é na hora. O contrato, na cláusula décima, prevê que compete ao presidente da República, por decreto, fazer a intervenção. A Aneel pode iniciar o processo de caducidade. Precisa resolver. Se tiver outra chuva, nós vamos ter problema de novo”, alertou Nunes.  

O emedebista criticou duramente o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), a quem chamou de “fraco”. “Eu fui até o ministro de Minas e Energia, esse ministro fraco. Eu fui até a Aneel [Agência Nacional de Energia Elétrica] várias vezes, nós tivemos várias reuniões aqui em São Paulo, pedindo que eles tomassem uma atitude”, relatou.

“Faz a intervenção, tira a diretoria e nomeia um interventor. E aí começa a fazer investimento, que é o grande problema da Enel. Não dá mais para pôr a culpa na árvore”, completou Nunes.

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Sem cargos em eventual governo

Na entrevista à GloboNews, Ricardo Nunes negou que tenha se comprometido com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em torno de cargos em um eventual novo governo em São Paulo. Bolsonaro é um dos apoiadores de Nunes, assim como o governador do estado, Tarcísio de Freitas (Republicanos).

“A partir do sai 1º de janeiro, se eu for reeleito, quem vai continuar governando a cidade sou eu”, disse Nunes. “Eu falei com todos os partidos que me apoiam e não fiz acordo de secretaria com nenhum. A escolha será minha porque eu serei cobrado. O presidente Bolsonaro nunca me pediu nenhuma indicação para secretaria. Nunca fez”, garantiu o prefeito.

Segundo o candidato do MDB à reeleição, o que mais importa em uma campanha municipal são os problemas da cidade, e não a polarização nacional.

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“Temos esse apoio do presidente Bolsonaro, que me ajudou a construir a aliança com o PL e fez a indicação do vice, o coronel Mello Araújo. Está todo mundo um pouco saturado de direita e esquerda. A pessoa quer saber o seguinte: tem vaga para o meu filho na creche?”, afirmou.

Tarcísio foi “exemplo”

Durante a sabatina, Nunes rasgou elogios ao governador Tarcísio de Freitas, seu maior aliado e principal fiador da candidatura.

“A [eventual] vitória eu vou creditar ao discurso do Tarcísio ontem. Nós tivemos um encontro com 8 mil pessoas. Era para ter 3 mil, não cabia mais gente dentro. O discurso do Tarcísio foi o de que a vitória não é do Tarcísio, do Ricardo, de A ou B. É uma vitória da cidade”, disse Nunes.

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“O Tarcísio vai ficar para sempre como exemplo. No fim de agosto, eu tive uma queda [nas pesquisas], e foi ali que o Tarcísio entrou com tudo na campanha. Isso é uma demonstração de caráter.”

Abstenção preocupa

Em vantagem nas pesquisas sobre o adversário, Guilherme Boulos (PSOL), Nunes demonstrou certa preocupação com a abstenção no segundo turno das eleições.

O prefeito disse que, em um almoço, nesta terça, com empresários e apoiadores de sua candidatura, ele pediu para que as pessoas votassem no domingo.

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“Foi um almoço organizado por um grupo de empresários. Eles fizeram o almoço, me convidaram, convidaram o presidente Bolsonaro e o governador Tarcísio. Nós pedimos para as pessoas irem votar. Estamos com uma abstenção muito grande no histórico das eleições. É importante a gente fazer campanha para as pessoas irem votar”, afirmou Nunes.

Empreendedorismo

Assim como Boulos, Nunes reconheceu que sua campanha não dialogou da forma como deveria com os pequenos empreendedores e trabalhadores autônomos.

“Eu estava falando pouco disso. Reconheço que o Pablo Marçal [candidato do PRTB, que terminou em terceiro lugar] teve mais competência para levar esse tema adiante, que as pessoas precisavam escutar mais”, disse Nunes.

“Eu sou o exemplo disso. Sou o cara que montei minha empresa e numa salinha de 2m por 2m. Eu já tinha implementado o programa ‘Meu Trampo’, que é justamente para ensinar as pessoas a empreenderem”, destacou.

Fábio Matos

Jornalista formado pela Cásper Líbero, é pós-graduado em marketing político e propaganda eleitoral pela USP. Trabalhou no site da ESPN, pelo qual foi à China para cobrir a Olimpíada de Pequim, em 2008. Teve passagens por Metrópoles, O Antagonista, iG e Terra, cobrindo política e economia. Como assessor de imprensa, atuou na Câmara dos Deputados e no Ministério da Cultura. É autor dos livros “Dias: a Vida do Maior Jogador do São Paulo nos Anos 1960” e “20 Jogos Eternos do São Paulo”