Nunes exalta “saúde financeira” de SP e rechaça suspeitas: “Nunca tive condenação”

Prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), nega envolvimento de sua gestão com suspeitas relacionadas às chamadas "máfias" das creches e dos ônibus. Ele afirma que não tem medo de o PCC se infiltrar no transporte

Fábio Matos

Ricardo Nunes (MDB), prefeito de São Paulo e candidato à reeleição (Foto: Divulgação)
Ricardo Nunes (MDB), prefeito de São Paulo e candidato à reeleição (Foto: Divulgação)

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Candidato à reeleição no pleito de outubro deste ano, o prefeito de São Paulo (SP), Ricardo Nunes (MDB), rechaçou as acusações e suspeitas lançadas, inclusive por adversários, durante o debate da semana passada promovido pela TV Bandeirantes, de que a atual gestão municipal poderia estar envolvida em ações criminosas envolvendo as investigações acerca das chamadas “máfia das creches” e “máfia do transporte”.

Recentemente, a Polícia Federal (PF) indiciou 117 pessoas no âmbito da investigação sobre a “máfia das creches”. A corporação pediu à Justiça a abertura de um inquérito específico sobre o prefeito, alvo de suspeitas por relações que manteve com uma empresa que supostamente emitia notas fiscais “frias”, quando ainda era vereador na capital. Nunes nega qualquer irregularidade.

“Eu nunca tive uma condenação. Nunca, na minha vida inteira, nunca fui condenado a nada. Minha vida inteira foi combater a corrupção, tanto é que o nosso governo tem ganhado vários prêmios de transparência e combate à corrupção”, afirmou o prefeito de São Paulo, que participou, nesta segunda-feira (12), de uma sabatina promovida pelo G1.

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“Não tenho, nesse processo, nenhuma acusação. É um processo de 5 anos, tem mais de 20 mil folhas, e não apareceu o meu nome como acusado de absolutamente nada. Houve a conclusão do inquérito, faltando 2 meses para a eleição, normal… As pessoas foram indiciadas e eu não fui indiciado”, explicou Nunes. “Não existe indiciamento meu, não existe acusação contra mim. Minha vida é limpa, íntegra e continuará sendo.”

O prefeito da capital paulista disse, ainda, que “pelo quarto ano consecutivo, não falta creche para nenhuma criança em nossa cidade”. “E a nossa creche é 100% integral, das 7h às 17h e algumas até as 19 horas. Atendimento com 5 refeições, valorização dos pedagogos e dos nossos funcionários”, destacou.

Influência do PCC nos transportes

Durante a sabatina, Ricardo Nunes foi questionado sobre uma outra investigação, a da chamada “máfia do transporte”, que também vem sendo explorada por seus adversários na campanha. O Ministério Público (MP) está investigando empresas de ônibus que prestam serviços à prefeitura e supostamente teriam ligações com o crime organizado e a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).

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“Eu fiz a intervenção na Upbus, não foi intervenção judicial. A decisão judicial para fazer intervenção foi na Transwolff. Eu reuni a minha equipe e disse que ia fazer também na Upbus. Eu fiz. O MP estava investigando as duas empresas”, afirmou Nunes.

O candidato à reeleição explicou por que apareceu em um vídeo, fazendo uma visita à Upbus (uma das empresas investigadas). “Quando você faz uma intervenção, os funcionários ficam com medo de não receber o salário e os fornecedores também ficam com medo de não receber. Eu fui na Upbus para dizer aos funcionários: ‘olha, nós não podemos parar’. Era muito importante que eu, como prefeito, garantisse a continuidade do trabalho e do atendimento para o passageiro”, disse Nunes.

O prefeito de São Paulo foi indagado se teria medo de uma possível infiltração do PCC no sistema de transporte da cidade. Nunes atribuiu a gestões anteriores o processo de regularização dessas empresas – os chamados “perueiros”, que faziam o transporte de moradores na periferia, por meio de cooperativas.

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“Eu não tenho medo, até porque não tenho medo de nada. Quem colocou essas empresas para dentro do sistema? [Celso] Pitta, prefeito, cai-não-cai, e quando entra o governo do PT eles fazem contrato emergencial e legalizam o ilegal. Vários governos foram assinando emergências com essas empresas. O Bruno Covas chega e fala que não quer emergência e vamos fazer licitação, de acordo com a lei”, explicou.

“As empresas apresentaram todas as certidões. A licitação tem de ser feita de forma aberta e ganha quem apresentar as condições técnicas e de preços. Quando eu assumi a prefeitura, já havia os contratos”, afirmou Nunes.

Saúde financeira e metas

Na entrevista, Ricardo Nunes foi questionado sobre o cumprimento de metas em seu governo. Segundo levantamento feito pelo G1, o prefeito cumpriu, em 3 anos e meio de gestão, 48% dos compromissos assumidos pela chapa Bruno Covas/Ricardo Nunes nas eleições de 2020.

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“Eu vou ser o prefeito que mais vai cumprir o plano de metas, em percentual, entre todos. Para você ter uma ideia, o Haddad cumpriu 52% do plano de metas dele”, afirmou Nunes.

“A população já viu que eu consegui fazer bastante. A gente está batendo recorde de investimento, com R$ 18 bilhões neste ano”, prosseguiu o prefeito.

“Nós já estamos cumprindo mais do que tínhamos planejado, até porque conseguimos trazer a cidade para um patamar de investimento nunca registrado na história”, continuou Nunes.

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Segundo o prefeito e candidato à reeleição, “o principal é que a gente conseguiu cuidar da saúde financeira da cidade”. “Cuidando da saúde financeira, a gente consegue implementar as políticas”, afirmou.

“É muito importante que a população discuta a saúde financeira. Não vai ter saúde boa, não tem programa de habitação ou de recapeamento, se não tiver saúde financeira da cidade. Se a cidade não tiver capacidade de fazer frente às suas necessidades. É de fundamental importância a experiência administrativa, a responsabilidade fiscal e a capacidade de atrair empresas para cá, para subir a nossa arrecadação”, disse Nunes.

“Tenho até escutado alguns candidatos e a gente vê coisas totalmente absurdas, um despreparo absurdo. As pessoas não sabem o que estão falando. Pré-candidatos que falam coisas que não são plausíveis de ser realizadas. Você não vai ter de minha parte nenhuma colocação mentirosa.”

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Saúde

Outro ponto abordado na sabatina foi a questão da saúde e a interrupção da fiscalização das Organizações Sociais (OSs), que prestam serviços à prefeitura. Segundo Ricardo Nunes, não houve interrupção da fiscalização – apenas a substituição de uma plataforma antiga por uma mais moderna.

“Nós trouxemos uma inovação, uma nova plataforma em relação à prestação de contas. A gente precisava melhorar e ter mais transparência nesse processo. O que acontece é uma adequação de um novo sistema, de maior rigor, que vai possibilitar em tempo real o nosso controle sobre o funcionamento das OSs”, disse.

“Fizemos esse trabalho em conjunto com o Ministério Público. Temos de estar o tempo inteiro melhorando os mecanismos de fiscalização”, continuou Nunes. “Não teve suspensão de fiscalização. Seria um absurdo alguém suspender a fiscalização. A fiscalização continua.”

Combate à dengue

Ainda na área da saúde, Ricardo Nunes falou sobre o combate à dengue na maior cidade do Brasil.

“O nosso trabalho foi eficiente. Não é uma coisa que aconteceu apenas em São Paulo, mas no Brasil como um todo”, disse o prefeito. “Temos 81 AMAs e eu coloquei o atendimento até mais tarde, para que pudéssemos receber as pessoas por mais tempo. Nas UPAs e UBSs, colocamos o teste rápido da dengue”, prosseguiu Nunes.

“Aumentou o número de pessoas em nosso sistema de saúde, tanto no público quanto no privado, mas nós fomos muito resilientes”, comentou o prefeito. “Tudo aquilo que tinha de tecnologia, a gente fez. Eu coloquei R$ 200 milhões a mais do que já estava previsto no combate à dengue.”

Recapeamento e revitalização

As obras da prefeitura para o recapeamento das ruas e avenidas da cidade, além da revitalização de pontos importantes (como a Avenida Santo Amaro), também vieram à tona durante a sabatina. Nunes rebateu as críticas à suposta falta de planejamento e de qualidade na execução do serviço.

“Desses 15 milhões de metros quadrados de asfalto, teve um candidato que fez um vídeo dizendo que havia um buraco em um lugar. Qual é a probabilidade de você fazer um asfalto daqui até o Acre e não ter nada de problema? Sabe o que deu problema? 0,3%. E o contrato que eu fiz com essas empresas é garantia de 5 anos. Deu problema, ele tem de ir lá e refazer sem cobrar nada”, defendeu o prefeito. “Quando temos de fazer uma obra importante vai gerar algum transtorno.”

Nunes minimizou, ainda, acusações de que haveria irregularidades em alguns contratos da prefeitura, muitos dos quais sem licitação. “O TCM [Tribunal de Contas do Município] aprovou as minhas contas de 2021, 2022 e 2023, por unanimidade. E a Câmara Municipal já votou minhas contas de 2021 e 2022 e elas foram aprovadas, pela primeira vez na história, com louvor, tal o nosso cuidado com o dinheiro e a responsabilidade fiscal”, disse.

Mudanças climáticas

Ricardo Nunes também falou sobre as ações levadas a cabo por seu governo no combate às mudanças climáticas. O prefeito destacou a criação da Secretaria Executiva de Mudança Climática.

“Só temos 3 entes, no mundo inteiro, que tem essa secretaria, e São Paulo é um deles. Ela tem atuado em várias frentes porque se interliga com todas as demais secretarias”, elogiou o prefeito.

“Fui convidado pelo papa Francisco, assim como alguns prefeitos de grandes cidades que têm ações para combater mudanças climáticas, que estão sendo exemplo para o mundo. Fui um dos mais aplaudidos porque disse o que já estamos realizando”, destacou Nunes.

De acordo com o candidato do MDB à reeleição, “a cidade de São Paulo chegou a 54% de área de cobertura vegetal”. “Tenho orgulho de falar das coisas positivas da cidade, diferentemente de outras pessoas, que só falam mal. Inaugurei 6 parques e temos mais 5 parques para inaugurar neste ano”, afirmou.

“Todas as ações que a prefeitura de São Paulo desenvolve têm uma atenção especial à questão do meio ambiente e da sustentabilidade”, concluiu Nunes.

Fábio Matos

Jornalista formado pela Cásper Líbero, é pós-graduado em marketing político e propaganda eleitoral pela USP. Trabalhou no site da ESPN, pelo qual foi à China para cobrir a Olimpíada de Pequim, em 2008. Teve passagens por Metrópoles, O Antagonista, iG e Terra, cobrindo política e economia. Como assessor de imprensa, atuou na Câmara dos Deputados e no Ministério da Cultura. É autor dos livros “Dias: a Vida do Maior Jogador do São Paulo nos Anos 1960” e “20 Jogos Eternos do São Paulo”