Nunes associa Boulos a Maduro, e deputado rebate: “Quer trazer Bolsonaro para SP”

"A Venezuela não é meu modelo de democracia", afirmou Guilherme Boulos (PSOL). Sobre a associação com Bolsonaro, Ricardo Nunes (MDB) disse que não era "comentarista político" para julgar o ex-presidente

Fábio Matos Marcos Mortari

Guilherme Boulos (PSOL), candidato à prefeitura de São  Paulo (Foto: Reprodução/YouTube)
Guilherme Boulos (PSOL), candidato à prefeitura de São Paulo (Foto: Reprodução/YouTube)

Publicidade

O prefeito de São Paulo (SP) e candidato à reeleição, Ricardo Nunes (MDB), tentou associar o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), seu principal adversário na corrida eleitoral, ao ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, durante o debate desta quarta-feira (14) promovido pelo portal Terra e pelo jornal O Estado de S. Paulo.

Foi o segundo encontro entre os postulantes à prefeitura de São Paulo. O debate ocorreu na Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP), na capital paulista.

Maduro foi declarado vencedor das eleições presidenciais na Venezuela, segundo o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), supostamente derrotando o principal candidato da oposição, Edmundo González Urrutia. O resultado foi recebido com perplexidade pela grande maioria dos países democráticos ocidentais, já que o candidato oposicionista aparecia bem à frente de Maduro em todas as pesquisas dos principais institutos.

Continua depois da publicidade

A oposição acusou o regime de fraudar a eleição, e diversos órgãos independentes internacionais apontaram irregularidades no pleito. Vários países, como os Estados Unidos, não reconheceram a vitória de Maduro.

“Você poderia falar sobre sua relação com Maduro, com [André] Janones da ‘rachadinha’… falar de você, e não colocar para outras pessoas fazerem comentários políticos”, disse Nunes.

“A Venezuela não é meu modelo de democracia, já coloquei isso mais de uma vez. Mas a Venezuela está a 5 mil quilômetros de distância de São Paulo, Paraisópolis está logo aqui, e você não fez a UPA que deveria ter feito lá”, rebateu Boulos.

Continua depois da publicidade

Leia também:

O candidato do PSOL, por sua vez, tentou ligar o prefeito de São Paulo ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que declarou publicamente seu apoio à reeleição de Nunes.

“Você não transmite confiança para ninguém. Fico imaginando em uma mesa, você e o Bolsonaro, quem vai mandar? Você, hoje, lamentavelmente, está a frente de uma cidade como fantoche de outros e agora quer trazer o Bolsonaro para São Paulo”, disse.

Continua depois da publicidade

O prefeito da capital respondeu. “Eu não sou comentarista político. Eu sou prefeito da cidade de São Paulo e cuido de uma cidade de 12 milhões de habitantes. Eu não tenho nenhum tipo de problema de falar sobre aquilo que eu defendo. Eu me filiei ao MDB no dia em que tirei meu título de eleitor”, afirmou Nunes.

“Quem não tem postura é você. Já foi preso três vezes, teve várias condenações. Você atingiu viaturas da PM, atacou…”, prosseguiu o candidato do MDB à reeleição.

Na réplica, Boulos atacou. “Você querer falar sobre movimento social e questionar meu histórico… Eu tenho o maior orgulho de ter estado ao lado das pessoas que mais precisavam de teto”, disse o deputado.

Continua depois da publicidade

“Agora você vai precisar responder de quem você estava ao lado quando deu um tiro em porta de boate e foi preso por isso, como tem boletim de ocorrência e matéria provando”, emendou Boulos.

Fábio Matos

Jornalista formado pela Cásper Líbero, é pós-graduado em marketing político e propaganda eleitoral pela USP. Trabalhou no site da ESPN, pelo qual foi à China para cobrir a Olimpíada de Pequim, em 2008. Teve passagens por Metrópoles, O Antagonista, iG e Terra, cobrindo política e economia. Como assessor de imprensa, atuou na Câmara dos Deputados e no Ministério da Cultura. É autor dos livros “Dias: a Vida do Maior Jogador do São Paulo nos Anos 1960” e “20 Jogos Eternos do São Paulo”