Nunes aposta em segurança, combate às drogas e Tarcísio em debate contra Boulos

A dois dias do segundo turno, prefeito tenta reforçar rejeição de Boulos com temas sensíveis; deputado acusa adversário de mentir

Marcos Mortari Fábio Matos

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No último debate entre os candidatos à prefeitura de São Paulo (SP) antes do segundo turno das eleições municipais de 2024, o prefeito Ricardo Nunes (MDB), candidato à reeleição, abriu os confrontos com o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) apostando nos temas da segurança pública e combate às drogas e reforçou sua aliança com o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Logo na abertura do evento, realizado pela TV Globo na noite desta sexta-feira (25), Nunes voltou a cobrar Boulos por não ter votado a favor de projeto de lei de autoria do deputado Kim Kataguiri (União Brasil-SP) para endurecer a pena para criminosos. O parlamentar respondeu que não estava presente na sessão em razão de um compromisso com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Palácio do Planalto.

Outro tema destacado por Nunes foi a política de combate às drogas, com questionamentos sobre o possível apoio de Boulos à descriminalização da maconha. O prefeito apostou fortemente em pontos que pudessem reforçar a rejeição de seu adversário às vésperas do segundo turno.

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“Você sempre defendeu a liberação de drogas, tem vários vídeos. Você não entende que a liberação de drogas acaba prejudicando nossos jovens? As famílias, as mães sofrem com isso. Por que você sempre defendeu a liberação de drogas? Por que você não votou a favor do aumento da pena das pessoas criminosas? A gente precisa ter mais segurança, Guilherme”, disse o candidato à reeleição.

Boulos deu uma resposta enérgica acusando o adversário de faltar com a verdade: “Ricardo, eu achei que você só fosse começar com mentira depois das 23h. Começou cedo hoje, hein?”.

Em outro momento no primeiro bloco do debate, Nunes voltou ao tema da segurança destacando o programa Smart Sampa, que distribui câmeras com reconhecimento facial pela cidade. A insistência visava reforçar a imagem entre os eleitores de que seu adversário seria leniente com a criminalidade.

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Questionado se terminaria com o Smart Sampa, Boulos disse que ampliará o programa se eleito e argumentou que seu partido, o PSOL, entrou na justiça contra a iniciativa por indícios de corrupção na empresa contratada. “É uma constante em sua gestão, uma coisa impressionante”, rebateu o parlamentar.

Outra estratégia de Nunes foi vincular sua imagem à do governador Tarcísio de Freitas, que mantém avaliação positiva entre parcela relevante do eleitorado paulistano. No debate, o prefeito mencionou ações feitas em conjunto com o aliado nas áreas de segurança pública e saneamento básico.

Sobre o último ponto, elogiou a administração de Tarcísio, presente na plateia do debate, pela privatização da Sabesp. “A questão da Sabesp é fundamental para poder universalizar o saneamento na cidade de São Paulo — aliás, em todo o estado de São Paulo. São R$ 68 bilhões de investimento, sendo R$ 28 bilhões na cidade de São Paulo. Isso quer dizer que, até 2029, nós teremos toda a cidade com o serviço de saneamento.”

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A privatização de empresas e serviços no município foi objeto frequente dos enfrentamentos entre Nunes e Boulos, com o parlamentar dizendo que a Sabesp corria o risco de se tornar “a Enel da água” em um futuro próximo, em referência à distribuidora de energia elétrica, que tem sofrido críticas pelos sucessivos apagões na cidade.

Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.