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SÃO PAULO – No momento em que o presidente Michel Temer e o ex-governador paulista Geraldo Alckmin ensaiam uma aproximação de olho em uma unificação da centro-direita nas eleições de outubro, outros partidos do mesmo espectro político também negociam uma aliança. Conforme noticia o jornal O Globo, PRB, Podemos e DEM intensificaram as discussões sobre a possibilidade de união.
Atualmente, as três siglas contam com candidaturas próprias: o DEM, com o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (RJ); o PRB, com o empresário Flávio Rocha; e o Podemos, com o senador Álvaro Dias. Segundo a última pesquisa Datafolha, realizada entre 11 e 13 de abril, os três nomes somam entre 5% e 7% das intenções de voto, dependendo do cenário considerado.
O patamar é próximo ao de Alckmin, que oscila entre 6% e 8%, ao passo que Temer atinge, no máximo, 2%. O tucano e o emedebista devem se encontrar ainda nesta semana, o que indica uma aproximação após recentes atritos. No PSDB, há quem resista à aliança com Temer, em função do elevado nível de rejeição ao seu governo.
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Já do lado do emedebista, há uma exigência de que o futuro aliado defenda o legado de seu governo, o que não é garantido em um acordo com Alckmin nas atuais condições. Neste momento, o presidente tem se preocupado em medir a “temperatura” das lideranças regionais do partido sobre sua tentativa de reeleição, a possibilidade de uma candidatura do ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles ou o apoio a outro nome, como o do tucano.
Na avaliação do cientista político Rafael Cortez, da Tendências Consultoria, e responsável pelas análises semanais do Mapa Político, a despeito da relação fria entre os dois partidos, existe a possibilidade de uma iniciativa de aproximação por parte dos tucanos. As dificuldades até o momento enfrentadas por Alckmin e o ingresso de Joaquim Barbosa no banco de apostas poderiam forçá-lo a assumir tal risco.
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“A relação entre PSDB e o governo Temer é bastante tensa. Os planos iniciais de Alckmin pareciam caminhar para um distanciamento do Planalto na campanha com medo de que o apoio do governo resultasse em desgaste para sua candidatura. A disputa eleitoral mais acirrada deve aumentar a pressão para se conseguir todo o tempo de propaganda partidária disponível para convencer o eleitor a retomar sua ligação com a candidatura do PSDB”, observou o especialista em análise para o Mapa Político.
Para Cortez, Alckmin conta com incentivos conjunturais para atrair aliados na centro-direita. “O primeiro grupo de incentivos [aos partidos da base governista para apoiar Alckmin] refere-se à economia de recursos eleitorais em um sistema complexo de articulação eleitoral. Participar da eleição presidencial é uma aposta arriscada para as legendas”, observou. Caso o MDB feche a aliança, o analista acredita que “partidos satélites do governismo” seriam atraídos.
Já a equipe da consultoria de risco político Eurasia Group acredita que tal movimentação entre MDB e PSDB tem pouco potencial de “mudar o jogo” nas eleições. “Achamos que tal aliança é improvável mas, mesmo que isso aconteça, não ajudará muito Alckmin. Ele já tem enormes vantagens de tempo e dinheiro na TV, que é o principal benefício que uma aliança do MDB traria. Em uma base relativa, isso não ajudará muito, ao mesmo tempo em que a aliança também pode trazer um risco: a de ser visto como um sucessor do governo de Temer”, apontam. Nos bastidores, circula a ideia de uma possível chapa encabeçada por Alckmin e com Merielles de vice. Esse cenário ainda estaria distante de acontecer.
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Enquanto os dois principais partidos deste espectro político tentam um arranjo, outras legendas ensaiam um acordo alternativo. A ideia em discussão nos bastidores mantida entre lideranças de DEM, Podemos e PRB seria de construir uma chapa encabeçada com o candidato mais bem colocado nas pesquisas em julho, mês das convenções partidárias. Foi o que indicou o próprio Flávio Rocha ao InfoMoney em entrevista realizada ao vivo na última segunda-feira.
O empresário espera que sua candidatura ocupe o espaço de “centro” político e que seja capaz de liderar um processo de aglutinação deste espectro político, hoje dividido em uma série de candidaturas. “Estamos em um Titanic em que a opção é colidir com o iceberg da extrema esquerda ou com o iceberg da extrema direita. Temos obrigação de construir uma larga passagem pelo centro, que não abra mão de liberdade política nem econômica”, disse.
Rocha, porém, não descarta a possibilidade de abrir mão de sua candidatura para a consolidação de uma coalizão ampla no campo da centro-direita. “Se este for o preço a ser pago para construir essa coligação”, reconheceu. Mas o empresário ponderou: “mas estamos bastante otimistas com relação às perspectivas. Sou, de longe, o mais desconhecido dos candidatos. Dentro do especto de centro, somos os que têm mais chances de crescer e liderar esse processo”.
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Segundo reportagem do jornal O Globo, os dirigentes de DEM, Podemos e PRB avaliam que uma grande aliança com todos os partidos de centro seria mal vista pelos eleitores, e que, por isso, MDB e PSDB ficariam de fora do acordo. Do ponto de vista estratégico, para o senador Álvaro Dias e seu partido, a priori não faria sentido desistir da candidatura. Ele deixou o PSDB com um projeto político e pontua bem nas pesquisas, sobretudo na região Sul do país. Como não precisa renovar o mandato no Senado e seu partido busca um crescimento de bancada nessas eleições, seria difícil um convencimento para a desistência da candidatura.
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