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SÃO PAULO – Na última terça-feira (12), o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso foi homenageado durante um jantar de gala para 1,2 mil pessoas no hotel Waldorf Astoria, em Nova York, e recebeu o título de Pessoa do Ano.
E, em discurso, o ex-presidente voltou a criticar o governo, conforme destacado pelos jornais O Estado de S. Paulo e O Globo. FHC, afirma o Globo, não citou o PT nominalmente, mas criticou o partido e o atual governo, usando como argumentos a crise econômica e as manifestações de rua para tanto.
Ele afirmou que “o castelo de cartas desfez-se ao sopro da realidade” ao referir-se ao que chamou de “práticas não republicanas”.
“Talvez houvesse sido certo dizer que, para nós, a crise foi uma ‘marolinha’. Mas não. O governo interpretou o que era política de conjuntura como um sinal para fazer marcha à ré. Paulatinamente fomos voltando à expansão sem freios do setor estatal, ao descaso com as contas públicas, aos projetos megalômanos que já haviam caracterizado e inviabilizado o êxito de alguns governos do passado”, afirmou, prosseguindo. “Isso, sem me referir a práticas que a melhor eufemismo são ditas no Brasil como ‘não republicanas’, sobre as quais, no exterior, prefiro calar. O castelo de cartas desfez-se ao sopro da realidade”, disse.
Segundo ele, o “desvio das boas práticas” é tão grave quanto “a pretensão de sustentar o poder a partir de políticas de hegemonia partidária pregada e posta em ação por grupos que se autodenominam como de vanguarda”. Ele ainda disse que, em vários momentos, perdeu a popularidade, mas não a credibilidade. E se disse otimista: “por mais astuciosos que sejam os truques para mostrar que está certo o que está errado, eles têm vida curta”.
O ex-presidente ainda afirmou que os avanços construídos no Brasil a partir da Constituição de 1988 pareciam “desfazer-se no ar” nos últimos anos. Defendendo que o País se guie por uma “lanterna de proa, e não na popa”, ele disse esperar que os caminhos percorridos “não se percam” até hoje.
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FHC foi eleito Pessoa do Ano junto com o ex-presidente dos EUA, Bill Clinton. O prêmio é concedido uma vez por ano a dois líderes, um brasileiro e um americano, que tenham se destacado para fortalecer o elo entre o Brasil e os EUA.