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O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, admitiu nesta quarta-feira (5) que se arrepende da declaração feita em janeiro sobre o dólar. Na ocasião, ele afirmou que não compraria a moeda norte-americana acima de R$ 5,70, pois considerava o patamar “caro” diante dos fundamentos da economia brasileira.
“Não deveria nem ter falado isso. Foi no calor do debate”, disse Haddad em entrevista à GloboNews. Ele destacou que o papel do ministro da Fazenda é zelar pelo equilíbrio macroeconômico e que o câmbio flutuante é importante para acomodar choques externos. Segundo ele, a intenção era apontar que o dólar havia se descolado do seu patamar de longo prazo, mas reconheceu que a fala gerou repercussão negativa.
Impacto da Selic na inflação virá rápido, diz Haddad
Além da questão cambial, Haddad comentou sobre o impacto das recentes altas da taxa Selic, que passou de 11,25% para 13,25% ao ano em dois meses. O ministro acredita que os efeitos sobre a inflação serão percebidos de forma mais acelerada do que o esperado pelo mercado.
“O choque de juros foi muito forte, então a resposta virá mais rapidamente, e penso que poderemos ter uma acomodação mais rápida dos preços”, afirmou.
O Banco Central já sinalizou um novo aumento de 1 ponto percentual na próxima reunião do Copom, em março. No entanto, as projeções ainda indicam que a inflação pode permanecer acima do teto da meta até junho, o que obrigaria o presidente do BC, Gabriel Galípolo, a escrever uma carta justificando o descumprimento da meta.
Haddad minimizou a relevância desse possível desvio, afirmando que as projeções do BC devem apontar para uma convergência da inflação à meta no segundo semestre. Atualmente, o Copom estima uma inflação de 5,2% para 2025 e de 4% para o terceiro trimestre de 2026, dentro do horizonte considerado para a condução da política monetária.