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Em seu sétimo depoimento à Polícia Federal (PF) – ficou em silêncio nos três primeiros –, o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), afirmou que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), foi monitorado pelos serviços de inteligência do antigo governo.
As declarações de Mauro Cid foram dadas no âmbito do inquérito que investiga a suposta tentativa de golpe de Estado perpetrada por Bolsonaro e aliados após a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições presidenciais de 2022.
De acordo com o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, o itinerário, os deslocamentos e a localização de Moraes teriam sido acompanhados permanentemente por órgãos de inteligência a serviço do governo. As informações são do jornal O Globo.
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Segundo a PF, o núcleo de inteligência era formado pelo general Augusto Heleno, então ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), pelo próprio Mauro Cid e pelo coronel da reserva do Exército Marcelo Câmara, ex-assessor de Bolsonaro.
O grupo “teria monitorado a agenda, o deslocamento aéreo e a localização” do ministro do STF “com o escopo de garantir a captura e a detenção do então chefe do Poder Judiciário Eleitoral nas primeiras horas do início daquele plano”.
A prisão de Moraes, apontam as investigações, estaria prevista na chamada “minuta do golpe”, um esboço de decreto que previa a anulação das eleições e a realização de um novo pleito. Uma versão inicial do texto também mencionava as possíveis prisões de Gilmar Mendes, ministro do STF, e do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) – mas os dois últimos tiveram seus nomes excluídos da minuta.
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De acordo com as investigações, os deslocamentos feitos por Moraes entre Brasília e São Paulo naquele período coincidiam com as informações relatadas pelos ex-assessores de Bolsonaro e com as datas de reuniões no Palácio da Alvorada que teriam tratado da “minuta do golpe”.
O depoimento de Cid
A oitiva com Mauro Cid durou mais de 9 horas. O militar é considerado colaborador das investigações sobre a eventual participação de Bolsonaro, ex-ministros de Estado e militares em uma suposta tentativa de golpe após as eleições presidenciais de 2022, vencidas por Lula.
Pelo menos até o momento, Cid não é investigado no caso. O tenente-coronel fechou um acordo de delação premiada com a PF, em setembro do ano passado, e desde então vem fornecendo informações que podem contribuir com as investigações.
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Os investigadores buscam mais informações sobre a reunião ministerial promovida por Bolsonaro em julho de 2022, a três meses da eleição, na qual o então presidente teria instigado seus ministros a questionar o processo eleitoral.
A PF também pretendia colher informações sobre a suposta tratativa entre Cid e Rafael Martins de Oliveira, major das Forças Especiais do Exército, a respeito do pagamento de R$ 100 mil. De acordo com a investigação, o dinheiro seria usado para financiar despesas de manifestantes em Brasília que teriam participado do 8 de Janeiro de 2023.
Segundo as apurações da PF, militares da ativa e integrantes do governo Bolsonaro deram “suporte material e financeiro para que as manifestações antidemocráticas permanecessem mobilizadas, visando garantir uma falsa sensação de apoio popular à tentativa de golpe”.