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O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), confirmou, nesta sexta-feira (3), que foi procurado pelo senador Marcos do Val (Podemos-CE) para falar sobre um suposto plano de golpe de Estado atribuído ao ex-deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ), que teria sido apresentado em reunião com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em dezembro de 2022.
A fala do magistrado veio um dia depois de a notícia vir à tona, acompanhada por sucessivas versões conflitantes apresentadas pelo próprio senador, que também prestou depoimento à Polícia Federal na última quinta-feira (2).
De acordo com as versões iniciais, a ideia com o plano seria armar uma emboscada a Alexandre de Moraes, a partir do uso de uma escuta não autorizada que seria utilizada por Marcos do Val com o objetivo de capturar qualquer confissão do magistrado de abuso cometido em um dos inquéritos sob sua responsabilidade.
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O plano visava criar uma situação para evitar a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e conseguir uma prisão do Alexandre de Moraes.
A ideia não teria ido adiante em razão de recusa de Marcos do Val em participar. Ele, inclusive, conta ter mantido o magistrado a par da evolução dos acontecimentos e denunciado o caso.
Na primeira vez que comentou os episódios, durante evento realizado pelo grupo Lide, em Lisboa (Portugal), Moraes admitiu ter mantido encontro com o senador, mas ironizou o que chamou de “ideia genial” de grampeá-lo. Segundo ele, do Val não quis formalizar denúncia.
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A ação foi classificada por ele como “operação tabajara, que mostra o quão ridículo chegamos nessa tentativa de um golpe no Brasil”.
“O que ele me disse foi que o deputado Daniel Silveira o teria procurado e ele teria realmente participado de uma reunião com o ex-presidente da República (Jair Bolsonaro). A ideia genial que tiveram foi colocar escuta no senador para que o senador, que não tem nenhuma intimidade comigo, pudesse me gravar, e, a partir dessa gravação, solicitar a minha retirada da presidência dos inquéritos”, afirmou.
“Eu indaguei o senador se ele reafirmaria isso e colocaria no papel, que eu tomaria imediatamente o depoimento dele. O senador me disse que essa era uma questão de inteligência e que infelizmente não poderia confirmar”, prosseguiu.
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“Eu levantei, me despedi do senador, agradeci a presença, até porque, o que não é oficial, para mim não existe”, encerrou o ministro.
Durante o evento realizado em Lisboa, do qual participou por videoconferência, Alexandre de Moraes também defendeu a criação de uma legislação internacional em defesa da democracia e das instituições, de modo a coibir ataques promovidos por dentro do sistema e a partir do uso de redes sociais.
O magistrado sugeriu, ainda, uma nova regulamentação das mídias sociais. “A responsabilização por abusos na veiculação de notícias fraudulentas e discurso de ódio (nas redes sociais) não pode ser maior nem menor do que no restante das mídias tradicionais”, disse.