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O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), fez duras críticas ao mercado financeiro, nesta segunda-feira (1º), e negou que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) esteja tentando interferir na atual gestão da Petrobras.
Em entrevista concedida à GloboNews, Silveira criticou o que classificou como “lucros exorbitantes” da companhia e disse que a Petrobras não pode perder de vista o cumprimento de seu papel e das diretrizes elaboradas pelo governo.
“Não podemos admitir que a Petrobras tenha o único e exclusivo objetivo de ter lucros exorbitantes para poder distribuir aos seus acionistas. Nós queremos que ela tenha muito lucro, nós queremos que ela seja altamente competitiva. Nós queremos, não. Nós vamos trabalhar para isso. Até porque, quanto maior, quanto mais competitiva ela for, mais recursos que teremos para aplicar, gerar emprego, gerar renda e gerar crescimento”, afirmou Silveira.
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Ainda de acordo com o ministro, o governo federal não interfere nas empresas de economia mista, mas não pode abrir mão de seu papel de fiscalização. “O que nós não podemos é deixar de fiscalizar, por exemplo, o que a diretoria da Petrobras está fazendo do ponto de vista do cumprimento do seu plano de investimento, aprovado pelo Conselho de Administração”, disse.
Para Silveira, “o grande objetivo do governo do presidente Lula é cuidar das pessoas”, e isso tem de ser levado em consideração pela empresa. “O presidente Lula fez um compromisso de campanha. Quando ele foi eleito, foi por uma maioria da população pobre desse país”, observou.
“Nós não abriremos mão e não nos faltará coragem de discutir, de dialogar de forma permanente com o setor privado, com as nossas empresas, a fim de que a gente possa compatibilizar crescimento nacional com geração de emprego e renda”, prosseguiu o ministro.
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Na última temporada de balanços, que marcou a divulgação dos números referentes ao último trimestre de 2023, a Petrobras comunicou a distribuição de R$ 14,2 bilhões, sem pagamento extra. O conselho da empresa aprovou, ainda, que um valor de R$ 43,9 bilhões seja destinado para uma reserva estatutária.
A companhia registrou um lucro de cerca de R$ 31 bilhões entre outubro e dezembro do ano passado − queda anual de 28%, e abaixo das projeções. Entretanto, o resultado em si foi totalmente ofuscado pelo noticiário sobre a distribuição dos proventos.
A Petrobras apontou que a distribuição proposta está alinhada à Política de Remuneração aos Acionistas, aprovada em 28 de julho de 2023, que prevê que, em caso de endividamento bruto igual ou inferior ao nível máximo de endividamento definido no plano estratégico em vigor (atualmente US$ 65 bilhões), a Petrobras deverá distribuir aos seus acionistas 45% do fluxo de caixa livre.
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Nos bastidores, comenta-se que Alexandre Silveira estaria em rota de colisão com o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates. O próprio presidente Lula estaria insatisfeito com a atual gestão da companhia. Apesar dos rumores, o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa (PT), garantiu, em meados de março, que a eventual saída de Prates não estava sendo considerada.
Mercado “boca torta”
Na entrevista, o ministro de Minas e Energia também fez críticas à imprensa e a setores do mercado financeiro, que contestaram a decisão da Petrobras de não distribuir dividendos extraordinários aos seus acionistas.
“Existe uma clara demonstração de uma resistência do mercado em consequência da boca torta que eles adquiriram nos últimos anos, em especial nos últimos quatro anos de governo [de Jair] Bolsonaro, em que eles faziam o que queriam com o Brasil”, atacou Silveira.
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“Injustiça” sobre a Vale
O ministro também rechaçou a tese de que o governo Lula estaria tentando interferir na mineradora Vale, com uma suposta intenção de emplacar o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega (PT) na presidência da companhia ou em um dos assentos do Conselho de Administração. Para Silveira, houve uma grande “injustiça” nas críticas a Lula sobre o assunto.
“Houve uma grande especulação sobre isso. Eu trabalhei o tempo todo, e o presidente Lula também, para que a Vale resolvesse os seus problemas de forma autônoma, através da sua governança. O que nós temos a fazer são duras críticas ao setor mineral nacional”, afirmou Silveira, mencionando “graves distorções e crimes lesa-pátria que têm sido cometidos pelo setor mineral”.