Meirelles e Landau fazem críticas ácidas a declarações de Lula

Questionamentos à estabilidade fiscal e acenos por mais gastos públicos com programas sociais geraram preocupação no mercado

Equipe InfoMoney

O secretário da Fazenda do Estado de São Paulo, Henrique Meirelles, fala durante o seminário “Como resolver a crise dos Estados” (Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil)
O secretário da Fazenda do Estado de São Paulo, Henrique Meirelles, fala durante o seminário “Como resolver a crise dos Estados” (Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil)

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O ex-ministro Henrique Meirelles e Elena Landau, assessora econômica da candidatura de Simone Tebet (MDB) à Presidência da República, reagiram hoje (10) com críticas ácidas ao discurso feito pela manhã pelo presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva e aos novos nomes anunciados para a equipe de transição. Meirelles foi presidente do Banco Central nos dois primeiros mandatos de Lula e vinha se colocando à disposição de Lula, mas ficou de fora da equipe anunciada.

“O Lula estava fechado, não dizia nada, não queria desagradar ninguém. Hoje começou a falar, começou a sinalizar uma direção à Dilma (…) Estou mais pessimista, não tenha dúvida”, disse Meirelles em um evento fechado em São Paulo, segundo relatos de quem participou. Mais tarde, depois que suas declarações foram publicadas na imprensa, ele disse que ainda é muito cedo para projetar como será o governo eleito e que é preciso esperar as próximas sinalizações de Lula.

No evento, Meirelles teria dito à plateia: “Só posso dizer uma coisa a vocês: boa sorte”. Foi o suficiente para que as fortes oscilações de preços dos ativos observada nesta quinta-feira, com o Ibovespa caindo 3,35% e o dólar subindo 4,14%, fosse apelidado por algumas pessoas do mercado como “Boa Sorte Day”.

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Já a economista Elena Landau usou sua conta pessoal no Twitter para tecer suas críticas. “Achar trágica a fala do Lula hoje é dever cívico”, escreveu, dizendo também que estranhara a “ausência de Arno Augustin”, em referência ao ex-secretário do Tesouro. Augustin ocupou o cargo no segundo mandato de Lula e na gestão de Dilma Rousseff e foi um dos principais responsáveis pelo que foi chamado na época de “nova matriz econômica”, um conjunto de medidas consideradas “heterodoxas”, como o uso intensivo dos bancos públicos, especialmente o BNDES, para financiamento de investimentos, ações de desoneração tributária e de restrição ao fluxo de capitais estrangeiro.

Diante das reações negativas do mercado, o presidente eleito Lula disse no fim da tarde desta quinta (10) que “o mercado fica nervoso à toa” e que nunca viu “um mercado tão sensível quanto o nosso”.

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