Marina Silva alerta que efeito Trump pode ser triplamente negativo para o clima

Trump se retirou do Acordo de Paris sobre mudança climática, lançou uma guerra comercial com Canadá, China e México

Reuters

Marina Silva, ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima (Foto: Lula Marques/Agência Brasil)
Marina Silva, ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima (Foto: Lula Marques/Agência Brasil)

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As ações para conter o aquecimento global estão em risco devido a um efeito triplamente negativo desencadeado pelo retorno do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, à Casa Branca, disse a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, nesta quinta-feira, enquanto o Brasil se prepara para sediar as negociações climáticas da ONU no final deste ano.

Trump se retirou do Acordo de Paris sobre mudança climática, lançou uma guerra comercial com Canadá, China e México e alterou a política dos EUA sobre a guerra na Ucrânia.

Marina disse a repórteres em Délhi, falando por meio de um tradutor, que o “contexto geopolítico cada vez mais complexo”, caracterizado por turbulências e tarifas comerciais, pode interromper o progresso na contenção das mudanças climáticas.

“Eles podem drenar recursos e também podem prejudicar o ambiente de confiança entre as partes. Temos um efeito negativo triplo, pois quanto menos ação vemos, menos dinheiro vemos, resultando em menos cooperação entre os países”, afirmou a ministra.

O Brasil, que sediará a cúpula anual das Nações Unidas sobre o clima global COP30 em novembro, disse que usará sua presidência para pressionar pelo multilateralismo e pelo respeito à ciência, em uma réplica a Trump.

Desde o rompimento realizado por Trump da prioridade dada pelos Estados Unidos à ajuda para resolver problemas globais e fornecer financiamento internacional, Marina disse que outros países podem sentir que precisam redistribuir as finanças para áreas como a defesa.

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Ela colocou em dúvida o acordo alcançado na COP do ano passado para triplicar o financiamento às nações pobres para US$300 bilhões anuais até 2035, dizendo que isso “não pode ser dado como certo”.

Marina também disse que as disputas sobre tarifas comerciais são “ruins para todos” e só trazem benefícios políticos de curto prazo.

“No longo prazo, elas podem levar à inflação, podem levar a uma diminuição da popularidade… As pessoas não serão solidárias se suas casas forem queimadas por incêndios, se houver impacto em sua segurança alimentar por causa da inflação”, afirmou ela.