O ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio Mello, que se aposentou em julho de 2021 depois de 31 anos na corte, declarou, nesta quinta-feira (27), que votará no presidente Jair Bolsonaro (PL) no segundo turno das eleições contra Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Em um artigo intitulado “Por que Bolsonaro?”, enviado à imprensa, o ex-decano do STF afirma que não se sentiria confortável em “subscrever o nome de quem durante oito anos foi Presidente da República e teve o perfil político manchado pelos célebres casos Mensalão e Lava Jato”.
Marco Aurélio diz ainda que, em 2002 e 2006 – nas duas vezes em que Lula foi eleito presidente –, votou no petista em nome do que chamou de “alternância social”. O ministro aposentado também revelou ter votado em Fernando Haddad (PT) em 2018, contra Bolsonaro.
“Nestas eleições, anunciei que votaria em quem estivesse, nos levantamentos, em terceiro lugar. O voto foi, no primeiro turno, em Ciro Gomes, candidato que tão bem conhece, como poucos, as entranhas brasileiras”, escreveu Marco Aurélio.
“A apuração desaguou na atualidade. Bolsonaro, na busca da reeleição, segundo colocado, e Lula em primeiro lugar, sem alcançar a maioria exigida constitucionalmente -metade mais um dos votos válidos”, prosseguiu o ex-ministro do Supremo.
Segundo Marco Aurélio, ao contrário do que diz a campanha de Lula, o ex-presidente não foi absolvido pelo STF nos processos relacionados à Lava Jato – que acabaram anulados pela corte.
“O Supremo, na voz da sempre ilustrada maioria, bateu o martelo, vindo a ressuscitar, politicamente, o candidato Lula, gerando polarização que inviabilizou terceira via. O absolveu? A resposta é desenganadamente negativa”, diz o ex-ministro, que lembrou que Lula “veio a ser condenado a substancial pena de reclusão, executada em parte”. “Dir-se á que o Supremo anulou os processos-crime. No julgamento, fui, com outros colegas, voto vencido”, prosseguiu.
“Eis as razões pelas quais, no domingo, 30 de outubro de 2022, embora aos 76 anos de idade o voto não seja obrigatório, cumprirei o direito-dever de eleger o representante maior, sufragando o nome do candidato Jair Messias Bolsonaro, que vem de obter expressiva vitória nas eleições para a Câmara dos Deputados e o Senado da República, com vários ex-ministros eleitos, destacando-se a figura ímpar do vice-presidente Mourão, senador pelo brioso Estado do Rio Grande do Sul”, conclui.
Marco Aurélio Mello foi ministro do STF por 31 anos, entre 1990 e 2021. Ele é primo do ex-presidente Fernando Collor de Mello (1990-1992), que o indicou para o posto no tribunal, substituindo Carlos Alberto Madeira. Seu sucessor na corte foi André Mendonça, indicado por Jair Bolsonaro.