Maioria vê pacote fiscal como insuficiente, mas 75% apoiam isenção de IR, diz Quaest

A medida que prevê isenção no IR para rendas até R$ 5 mil tem maior apoio entre eleitores com renda mensal superior a 5 salários mínimos, mostra nova rodada da pesquisa Quaest

Marcos Mortari

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Quase duas semanas após uma série de anúncios econômicos feitos pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), uma nova rodada da pesquisa Genial/Quaest mostra um desconhecimento e ceticismo da maior parte do eleitorado quanto aos efeitos do pacote de corte de gastos, mas um apoio massivo ao possível aumento da faixa de isenção do Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF).

Segundo o levantamento, realizado entre os dias 4 e 9 de dezembro, apenas 38% dos entrevistados tinham conhecimento sobre as medidas de redução de despesas públicas. Entre eles, a maioria (68%) acredita que as iniciativas não serão suficientes para melhorar as contas do governo — principal objetivo apontado pela equipe econômica.

Quanto ao anúncio de elevar a faixa de isenção do IRPF para quem ganha até 2 salários mínimos, feito pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), em rede nacional no fim de novembro, 43% tinham conhecimento. A medida é aprovada por 75% da amostra e reprovada por outros 20% — o restante não opinou.

Curiosamente, o maior apoio é observado entre eleitores com renda mensal superior a 5 salários mínimos (82%) e menor entre os mais pobres (62%). O levantamento mostra, no entanto, que o assunto é capaz de furar a bolha da polarização política.

Mais de 70% tanto de eleitores que dizem ter votado em Lula no pleito de 2022, quanto entre aqueles que apoiaram o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), indicaram postura favorável à iniciativa.

Entre os entrevistados, 61% acreditam que eles próprios ou algum familiar serão beneficiados pelas mudanças caso sejam implementadas pela atual administração. O número, porém, é menor do que o contingente total da amostra com renda inferior a 5 salários mínimos: 74%.

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A pesquisa Genial/Quaest também mostrou, por outro lado, uma preocupação do eleitorado com o comportamento do dólar em meio à forte alta das últimas semanas. Segundo o levantamento, 72% reconhecem os impactos da variação nas cotações da moeda americana sobre suas vidas.

Para 84%, a alta do dólar vai fazer os preços de alimentos e combustíveis subirem. Apenas 11% discordaram e disseram não ver influência sobre os preços dos produtos.

Metodologia

Esta foi a quinta e maior pesquisa já realizada pela Quaest para avaliação de governo durante a gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Foram 8.598 entrevistas presenciais feitas com eleitores entre os dias 4 e 9 de dezembro, que abrangem, além da avaliação nacional, a avaliação do governo pelos eleitores de seis estados: São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Goiás, Bahia e Pernambuco.

Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.