Maioria concorda com Lula sobre salário, juros, isenção para carnes e “pente-fino”

Eleitores entrevistados pela pesquisa Genial/Quaest também concordam com fala de que governo não deve satisfação ao mercado, mas aos mais pobres

Marcos Mortari

Luis Inácio Lula Da Silva (Buda Mendes/Getty Images)
Luis Inácio Lula Da Silva (Buda Mendes/Getty Images)

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Além de mostrar uma melhora na aprovação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a nova rodada da pesquisa Genial/Quaest, divulgada nesta quarta-feira (10), mostrou que a maioria dos eleitores brasileiros concorda com algumas das principais opiniões manifestadas pelo mandatário em entrevistas recentes.

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O levantamento, realizado entre os dias 5 e 8 de julho, mostra que 5 declarações de Lula contam com forte apoio dos entrevistados. Na posição de maior consenso está a ideia de que o salário deve ter aumento todo ano acima da inflação, apoiada por 90% e reprovada por apenas 8%.

Tal fala vai ao encontro da nova política de valorização do salário mínimo, aprovada pela atual administração, que garante o reajuste anual dos vencimentos considerando a variação da inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) somada ao Produto Interno Bruto (PIB) do ano anterior.

A segunda declaração mais apoiada diz respeito ao fato de que os juros no Brasil seriam muito altos. Neste caso, 87% dos entrevistados concordam, e 10% discordam. Na sequência, aparece uma afirmação relacionada ao debate da reforma tributária: “carnes consumidas pelos mais pobres deveriam ter isenção de imposto”. Tal opinião recebeu o endosso de 84% dos entrevistados e foi contestada por outros 14%.

Já a quarta afirmação está ligada à agenda de revisão de despesas que o governo federal tenta levar a cabo: “temos que fazer um ‘pente-fino’ para tirar irregularidades do CadÚnico”. Segundo a pesquisa, 83% concordam com a afirmação e 15% discordam.

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Por fim, foi testada uma fala crítica ao mercado financeiro: “o governo não deve satisfação ao mercado, mas aos mais pobres”. Para 67%, Lula está correto com a afirmação, enquanto 29% consideram um equívoco.

A pesquisa Genial/Quaest também ouviu os entrevistados se ficaram sabendo das críticas de Lula direcionada à política de juros conduzida pelo Banco Central. A maioria (64%) disse que não − quase o dobro dos que estavam familiarizados com o assunto.

Segundo o levantamento, 66% concordam com as críticas do mandatário, contra 23% que discordam. Entre os eleitores que votaram em Lula no pleito de 2022, o apoio sobe para 77%, contra 16% contrários. Mas mesmo entre os eleitores que declararam apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ele tem a concordância da maioria: 51% contra 36%.

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Segundo a pesquisa, a maioria dos entrevistados (69%) também não sabia que Roberto Campos Neto, atual presidente do BC, foi indicado para o cargo por Bolsonaro.

Em seguida, o levantamento questionou se os eleitores concordam que ele tende a usar critérios técnicos na condução da instituição − 53% responderam que sim, ao passo que 28% discordaram e 19% não responderam.

Tal percepção é significativamente maior entre eleitores de Bolsonaro (70%) do que de Lula (44%), mas nos dois casos a maioria está de acordo com a afirmação.

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Situação oposta é vista no caso da avaliação se falas de Lula foram a principal razão para a alta recente do dólar. Considerando a totalidade da amostra, 34% responderam que não e 53%, que sim. Entre os eleitores de Lula, a maioria (66%) discordou da avaliação. Já entre aqueles que declararam apoio em Bolsonaro, a maioria (56%) concordou.

Metodologia

A pesquisa Genial/Quaest ouviu 2.000 eleitores brasileiros com 16 anos ou mais, de todas as regiões do país, entre os dias 5 e 8 de julho. A coleta de dados foi feita através de entrevistas face a face por meio da aplicação de questionários estruturados. A margem máxima de erro estimada para o levantamento é de 3,1 pontos percentuais para cima ou para baixo para o total da amostra (nos dados segmentados, o número aumenta, dependendo do tamanho de cada grupo).

O nível de confiança da pesquisa é de 95%. Isso significa que, se ela tivesse sido feita mais de uma vez sob condições e período idênticos, esta seria a probabilidade de os resultados se repetirem dentro do limite da margem de erro.

Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.