Lula participa de encontro do G7 após ascensão da direita na Europa

Presidente participa de conferência da OIT e de cúpula de líderes do G7 como convidado; são previstas bilaterais com Emmanuel Macron e papa Francisco

Marcos Mortari

Presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Brasília
21/02/2024
REUTERS/Adriano Machado
Presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Brasília 21/02/2024 REUTERS/Adriano Machado

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) inicia, nesta quinta-feira (13), uma agenda oficial na Europa. O mandatário já chegou em Genebra, na Suíça, onde mais tarde participará da conferência da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que terá como tema central a justiça social.

À noite, Lula embarca para a Itália, onde participará, no dia seguinte, como convidado da cúpula de líderes do G7, grupo que reúne as nações democráticas mais industrializadas do mundo (Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido).

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Na pauta do encontro, é esperado que os chefes de Estado se debrucem sobre assuntos como a guerra na Ucrânia, mudanças climáticas e a guerra entre Israel e o Hamas. Em sua fala, Lula deverá buscar uma conexão entre os temas de interesse do G7 ao que vem sendo trabalhado pelo Brasil na presidência do G20 − entre eles a agenda de transição energética e caminhos para financiar esse processo global, como a taxação de “super-ricos”, e a construção de uma aliança mundial de combate à fome.

A reunião do G7 ocorre poucos dias após as eleições para o Parlamento Europeu, que marcaram a manutenção do título de maior bancada para o Partido Popular Europeu (EPP, na sigla em inglês), grupo de centro-direita, mas com um avanço significativo de forças de direita, majoritariamente representadas pelos conservadores e reformistas (ECR) e pelo grupo Identidade e Democracia (ID). Já a centro-esquerda, representada pelo S&D, perdeu cadeiras, assim como os Verdes e o grupo Renovar Europa.

Grupos de ultradireita nacionalistas, com pautas contrárias a uma maior integração europeia e fortemente crítica aos movimentos de migração no continente tiveram desempenho destacável em alguns dos países com maior representatividade no Parlamento Europeu.

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Foi o caso na Alemanha, com o AfD, na França, com o RN, na Itália, com o FdI, na Holanda, com o PVV, na Áustria, com o FPÖ, e em outras localidades. Em outros países, como a Hungria, apesar de uma pequena queda do Fidesz, do primeiro-ministro Viktor Orbán, a extrema-direita ainda responde com a maioria absoluta dos assentos que representam o país na instituição.

Veja um indicativo no gráfico abaixo, com base em dados preliminares:

Ao se deslocar para o hotel, já em Genebra, Lula manifestou preocupação com o desempenho da direita nas eleições europeias. “Eu tenho dito para todo mundo que nós temos um problema de risco da democracia tal como nós a conhecemos. Porque os negacionistas, ele nega as instituições, ele nega aquilo que é o Parlamento, aquilo que é a Suprema Conta, aquilo que é o Poder Judiciário, aquilo que é o próprio Congresso. Ou seja, são pessoas que vivem na base da construção de mentiras. E você sabe qual é a desgraça da primeira mentira? É que você passa o resto da vida mentindo para justificar ela. Então, as pessoas que aprendem a fazer política mentindo passam o resto da vida mentindo, porque ele não pode desmentir o que ele falou”, disse.

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Além de Lula, também participarão do encontro do G7 como convidados representantes de África do Sul, Arábia Saudita, Argentina, Egito, Emirados Árabes Unidos, Índia, Mauritânia, Nigéria, Quênia, Tunísia e Turquia. Assim como dirigentes de organismos internacionais, como a Organização das Nações Unidas (ONU), o Fundo Monetário Internacional (FMI), o Banco Mundial, o Banco Africano de Desenvolvimento, e a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Além do papa Francisco, chefe da Igreja Católica.

Na ocasião, Lula terá encontros bilaterais com o papa e ao menos outras quatro lideranças: o presidente da França, Emmanuel Macron; o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, recentemente reeleito para um terceiro mandato; o presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa; e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.

Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.