Lula sobre Petrobras: Ninguém quer que nenhum acionista tenha um centavo de prejuízo

Presidente critica "desmonte" da companhia por antecessores, ataca Lava Jato e defende protagonismo nas agendas de desenvolvimento e transição energética

Marcos Mortari

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, durante solenidade de posse da nova comandante da estatal (Foto: Ricardo Stuckert / PR)
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, durante solenidade de posse da nova comandante da estatal (Foto: Ricardo Stuckert / PR)

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Na posse de Magda Chambriard no comando da Petrobras (PETR3; PETR4), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez um duro discurso contra a postura dos governos de antecessores em relação à companhia, atacou a operação Lava Jato e criticou o que classificou como esforço pelo “desmonte” da empresa nos últimos anos.

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“Ao longo dos seus 71 anos, a Petrobras sofreu acirrados ataques da elite política e econômica deste país, sem nenhum compromisso com a soberania do Brasil e a melhoria de vida do nosso povo”, afirmou o mandatário em um discurso que misturou a leitura de um texto preparado com improvisos.

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Em sua fala, Lula destacou o papel da Petrobras como indutora da economia brasileira, lembrou a descoberta das reservas do pré-sal e exaltou os movimentos de suas gestões anteriores em direção a investimentos em pesquisa e produção, no refino de petróleo e na produção de outras fontes de energia, que vão do gás natural a fertilizantes.

O presidente disse, ainda, que em seu terceiro mandato à frente do Palácio do Planalto, a companhia retoma o protagonismo em um projeto de país “mais desenvolvido e mais justo”. “Aos que não entenderam seu papel estratégico e tentaram dilapidar seu patrimônio, a Petrobras responde com mais investimento e retomada de projetos cruciais para nosso soberania e segurança energética”, disse.

Em tom duro contra as investigações e sentenças proferidas no âmbito da Operação Lava Jato, Lula disse que o objetivo dos envolvidos jamais foi de combater a corrupção, mas sim “o desmonte e a privatização da Petrobras”. “Se o objetivo fosse de fato combater a corrupção, que se punisse os corruptos, deixaria intacto o patrimônio do nosso povo. Mas o que foi feito não foi isso. O que foi feito foi uma tentativa de destruir a imagem da empresa”, afirmou. “Quando não conseguiram, começaram a vender fatias da Petrobras”, completou em referência ao programa de desinvestimentos das últimas gestões.

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“Tem país que tem petróleo e manda refinar nos Estados Unidos e pega gasolina exportada. Aqueles que defendiam o fim da Petrobras são os mesmos que abriram 400 empresas de importação de gasolina no Brasil quando o Brasil era autossuficiente na produção de gasolina. O Brasil não precisava importar gasolina. Eram os mesmos que ficam defendendo que o preço da gasolina brasileira seja cobrada a preço internacional, quando o petróleo é nosso e, portanto, não tem o dinheiro do frete que pagamos para ele chegar no Brasil”, afirmou.

“A farsa que sustentou a Lava Jato foi desmontada. E aqui estamos de volta para reconstruir a Petrobras e o Brasil. Aqui estamos de volta para reafirmar o papel fundamental da Petrobras para o crescimento do país e para a nossa soberania. Uma empresa que produz óleo, gás e energia, mas também investe em pesquisa, inovação, em transição energética. Uma empresa que investe em cultura, que produz conhecimento e inovação”, disse.

No discurso, Lula reiterou, por outro lado, que um dos objetivos do governo federal é garantir que a Petrobras seja uma empresa lucrativa e garanta retornos a quem nela investiu. “Ninguém quer que nenhum acionista tenha um centavo de prejuízo. Se investiu, tem direito a ter seu retorno do investimento. Ninguém quer isso. Ninguém quer que a Petrobras seja uma empresa deficitária, que ela perca dinheiro. Não”, pontuou.

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“Eu quero a Petrobras uma empresa lucrativa. Quanto mais lucro, mais investimento e mais impostos vai pagar, e mais o Haddad vai ficar feliz com o dinheiro para poder o Tesouro ajudar os prefeitos e os estados”, prosseguiu.

O presidente reafirmou, ainda, a visão do atual governo sobre a Petrobras: uma empresa de energia que exercerá papel chave no processo de transição para matrizes cada vez mais limpas e a descarbonização.

“Os que quiseram destruir a Petrobras jamais conseguirão. Mesmo quando o petróleo não for mais motivo da existência da Petrobras, ela será uma empresa de energia. Ela vai refinar nosso biodiesel, ela pode produzir hidrogênio verde e uma série de outras coisas. E agora pode ajudar o país a enfrentar essa guerra da Rússia com a Ucrânia, ajudando a gente a recuperar a fábrica de fertilizantes que a gente tanto precisa para recuperar esse país”, disse o presidente.

Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.