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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) questionou a utilização do dólar como moeda padrão para transações comerciais entre os países e defendeu uma moeda alternativa para as trocas envolvendo nações que integram os Brics. A fala ocorreu durante discurso na cerimônia de posse de Dilma Rousseff como presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD).
“Quem decidiu que era o dólar a moeda depois que desapareceu o ouro como paridade? Hoje um país precisa correr atrás de dólar para poder exportar, quando poderia exportar com sua própria moeda e os bancos centrais poderiam cuidar disso. Todo mundo depende de uma única moeda, e tem muita gente mal acostumada”, questionou Lula.
A padronização do dólar para as relações comerciais entre países com moedas diferentes foi estabelecida após o Acordo de Bretton Woods, em 1944, que lastreou a moeda norte-americana ao ouro. Recentemente, Brasil e China têm avançado em conversas para a realização de trocas comerciais sem a necessidade de conversão para o dólar, mas não há previsão sobre quando esse novo arranjo poderia entrar em vigor.
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Ao citar a quebra do banco Lehman Brothers ocorrida durante a crise de 2008 e o colapso recente do Credit Suisse, Lula criticou a lógica atual do sistema financeiro. Segundo ele, em tempos de aperto global, cai sobre o Estado o papel de promover medidas de recuperação econômica devido a atos de irresponsabilidade cometidos por “pessoas que parecem gênios”.
Fundado por Brasil, Índia, China e África do Sul no final da década de 2000, os Brics nasceram como um bloco alternativo para promover a aproximação entre as nações e estimular a realização de acordos comerciais. O Novo Banco de Desenvolvimento foi criado para financiar projetos de infraestrutura e oficializado em encontro realizado entre os representantes dos países em 2014, no Brasil. Essa instituição tem também como sócios o Egito, Uruguai, Emirados Árabes e Bangladesh.
No discurso desta quinta, o presidente Lula defendeu que os países tenham capacidade de endividamento junto a instituições financeiras para promover a realização de investimentos com objetivo de gerar novos empregos, e evitar o aprofundamento de crises econômicas. “Não cabe aos bancos asfixiar as economias dos países como estão fazendo agora com a Argentina, no caso do FMI, e como fizeram com o Brasil durante muito tempo”, frisou.
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“Não é possível admitir a ideia que um país não pode dever. Todos os países podem dever, desde que essa dívida seja para contrair empréstimo para fazer uma obra que vai trazer mais futuro para aquele país, mais capacidade de investimento”, pontuou.