Lula pede “cumplicidade” de Legislativo e Judiciário no esforço pelo corte de gastos

"Quero saber se estão dispostos a fazer corte naquilo que é excessivo, se o Congresso está disposto também a fazer um corte nos gastos, porque aí fica uma parceria e uma cumplicidade para o bem", disse o presidente

Estadão Conteúdo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), conversa com os presidentes da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), durante cerimônia de   diplomação no TSE (Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil)
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), conversa com os presidentes da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), durante cerimônia de diplomação no TSE (Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil)

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) cobrou “cumplicidade” dos Poderes Legislativo e Judiciário no esforço de medidas para o corte de gastos e disse que vai vencer “outra vez” a “gana especulativa do mercado financeiro”. 

O presidente afirmou que essa investida pelo ajuste fiscal deve contar com a participação do Congresso e de empresários.

“Se eu fizer um corte de gasto para diminuir a capacidade de investimento do Orçamento, a pergunta que eu faço é a seguinte: o Congresso vai aceitar reduzir as emendas de deputados e senadores para contribuir com o ajuste fiscal que eu vou fazer? Porque não é só tirar do orçamento do governo. Os empresários que vivem de subsídio do governo vão aceitar abrir mão um pouco de subsídio para a gente poder equilibrar a economia brasileira? Eu não sei se vão aceitar”, afirmou Lula, em entrevista ao podcast PODK Liberados, apresentado pelos senadores Jorge Kajuru (PSB-GO) e Leila Barros (PDT-DF).

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A entrevista foi gravada na última quarta-feira (6) e exibida pela RedeTV! e pelo YouTube na noite de domingo (10). 

Lula afirmou ainda que o tema é “uma responsabilidade do Poder Executivo” e “é uma responsabilidade do Poder Judiciário”. “Quero saber se estão dispostos a fazer corte naquilo que é excessivo, se o Congresso está disposto também a fazer um corte nos gastos, porque aí fica uma parceria e uma cumplicidade para o bem, para que todo mundo faça o sacrifício necessário para a gente colocar a economia em ordem”, afirmou o presidente da República. 

Mercado e ruralistas

Em outro tema de sua entrevista, Lula voltou a provocar o mercado financeiro, afirmando que vencerá a “gana especulativa”. “Eu vejo o mercado falar bobagem todo o dia. Sabe, eu não acredito nisso, não, porque eu já venci eles uma vez e vou vencer outra vez. A economia vai dar certo porque o povo está participando do crescimento desse país”, disse. 

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“Conheço bem o discurso do mercado, conheço a gana especulativa do mercado, e eu, às vezes, acho que o mercado age com uma certa hipocrisia para tentar criar confusão na cabeça da sociedade”, continuou o petista.

O presidente afirmou também que não é mais considerado o inimigo da bancada ruralista no Congresso. “Eles estão ficando mais sustentáveis e ambientalistas. Correm o risco de não conseguir vender sua soja, vender sua carne”, afirmou o petista. “O agronegócio nunca recebeu tanto dinheiro quanto no governo desse ‘comunista’, que eles tratam assim”, disse Lula.

Além da bancada ruralista, a relação com o Congresso como um todo melhorou, segundo o presidente. “Vocês nos ajudaram a chegar aonde chegamos”, disse Lula aos dois senadores. “Estamos aprovando tudo.” Ele ressaltou ainda que vê como normal o fato de algumas propostas serem rejeitadas pelos parlamentares.

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Venezuela e EUA

Ao falar de um tema que causa forte desgaste ao seu governo, o presidente procurou se esquivar e disse que a ditadura de Nicolás Maduro “é problema da Venezuela, não do Brasil”. 

“Não posso ficar me preocupando em brigar com Nicarágua e Venezuela, preciso brigar para fazer esse país dar certo”, afirmou o petista. Assim como a Venezuela, a Nicarágua vive uma ditadura, sob o comando de Daniel Ortega.

Lula disse ainda que não cabe a ele questionar a Suprema Corte de outro país, em referência à instância máxima do Judiciário da Venezuela, que avalizou a reeleição de Maduro nas eleições de julho, apesar das denúncias de fraude. “Quero que a Venezuela viva bem, e eu vou cuidar do Brasil.”

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O presidente petista também afirmou que pretende manter uma relação de chefe de Estado com o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, a despeito de todas as diferenças políticas com o republicano.

“Não cabe a mim gostar de Trump. Cabe entender que o povo americano foi soberano para eleger seu presidente”, afirmou. “Espero que Trump trabalhe pela paz e pelo povo americano, e espero ter uma relação civilizada”, disse Lula.

“Temos relação histórica com os Estados Unidos e queremos manter”, prosseguiu Lula, ao relembrar os bons contatos que manteve com George W. Bush e Barack Obama durante os dois mandatos anteriores, entre 2003 e 2010.

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Questionado sobre a recriação dos ministérios da Cultura e da Igualdade Racial, que haviam sido extintos na gestão de Jair Bolsonaro (PL) e de Michel Temer (MDB), respectivamente, o presidente defendeu a volta das pastas. “Estamos construindo isso porque achamos necessário. Durmo tranquilo com a certeza de que vamos consertar esse país.”

Apostas

Lula defendeu ainda uma legislação rigorosa para as bets e citou denúncias de manipulação de resultados de jogos de futebol contra atletas brasileiros. “Não é possível que a gente tenha manipulação na sociedade brasileira”, disse o presidente. “Esses meninos que estão jogando no exterior não têm que entrar em falcatrua. Também está em jogo que tipo de ser humano queremos”, concluiu. 

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