Lula inaugura hospital na BA e ataca prefeito: “Tinha de ter vergonha e estar aqui”

Prefeito de Teixeira de Freitas (BA), Marcelo Gusmão Pontes Belitardo (União Brasil), não compareceu às inaugurações de novo prédio da Universidade Federal do Sul da Bahia e do Hospital Estadual Costa das Baleias

Fábio Matos

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ao lado do governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), e do "Zé Gotinha" (Foto: Ricardo Stuckert/PR)
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ao lado do governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), e do "Zé Gotinha" (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) subiu o tom, nesta sexta-feira (10), contra o prefeito de Teixeira de Freitas (BA), Marcelo Gusmão Pontes Belitardo (União Brasil), que não compareceu às inaugurações do novo prédio do Núcleo Pedagógico do campus Paulo Freire da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) e do Hospital Estadual Costa das Baleias.

A cerimônia ocorreu no fim da tarde desta sexta, em Teixeira de Freitas (BA), e contou com a presença do governador da Bahia, Jerônimo Teixeira (PT), e dos ministros Camilo Santana (Educação), Nísia Trindade (Saúde) e Rui Costa (Casa Civil) – que governou o estado entre 2015 e 2022.

Em um discurso inflamado, Lula não citou o nome de Belitardo, mas criticou duramente o prefeito por não ter comparecido às inaugurações.

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“Eu não o conheço, mas é uma falta de respeito do prefeito não estar aqui, agora, na inauguração, agradecendo ao governador Jerônimo por ter feito o hospital aqui. Agradecendo ao Lula pela universidade aqui, pelas escolas técnicas”, criticou o presidente.

“Eu jamais iria perguntar de que partido ele é, eu jamais iria perguntar se ele é torcedor do Bahia ou do Vitória. Eu jamais iria perguntar se é católico ou evangélico. Ele tinha que ter vergonha e estar sentado aqui, agradecendo”, completou Lula.

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Ligado ao ex-prefeito de Salvador ACM Neto (União Brasil), adversário político de Lula e do PT, Belitardo governa a cidade desde janeiro de 2021 e é pré-candidato à reeleição nas eleições de outubro deste ano.

“Vocês lembram dessa Bahia do tempo em que o ACM [ex-governador e ex-senador, avô de ACM Neto] mandava aqui. Vocês têm de medir a diferença da Bahia depois do PT, do [Jaques] Wagner, do Rui [Costa] e agora com o nosso Jerônimo [Rodrigues]”, disse Lula.

“O governo federal não faltará à Bahia em hipótese alguma. Não é porque você [Jerônimo] é meu amigo. É porque eu acho que, em outra encarnação, eu nasci na Bahia, pelo amor que eu tenho por vocês e pelo amor que eu sinto que vocês têm por mim”, completou o petista.

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Choro ao falar da mãe

Em seu pronunciamento, Lula se emocionou ao citar sua mãe, Eurídice Ferreira de Mello, a Lindu, que morreu em 1980, aos 64 anos, quando o então líder sindical estava preso no Departamento Estadual de Ordem Política e Social (DOPS), em plena ditadura militar.

“A vida tem jeito quando a gente tem coragem, caráter e quando acreditamos na nossa própria força. Eu nunca tinha visto uma mulher com 8 filhos ter a coragem de largar o marido e morar em um barraco, e nunca mais aceitou voltar para aquele marido”, afirmou Lula.

“As mulheres não podem aceitar sofrimento e pessoas que batem nelas. As mulheres não têm de viver com um homem a troco de um prato de comida. Tem de viver porque ele a respeita e a trata com decência”, prosseguiu o presidente.

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“É por isso que eu coloco a questão da pobreza como a minha primeira tarefa. É preciso que o Estado tenha vergonha para garantir que essas pessoas tenham direito a tudo o que a gente pode oferecer”, concluiu.

Enchentes no Rio Grande do Sul

Como tem se tornado rotina em seus últimos discursos, Lula falou sobre a tragédia climática que assola o Rio Grande do Sul e já deixou 116 mortos, de acordo com a Defesa Civil do estado.

“Quando eu falo de enchente, não é porque vi na televisão. Eu falo de enchente porque já enfrentei várias na minha vida. Eu sei o que é a gente ficar com uma mão na frente e outra atrás, esperando um favor do poder público, e nós não recebíamos nada”, disse Lula.

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“Eu nunca vi tanta solidariedade e tanta compaixão, como estou vendo agora do povo brasileiro, ajudando de corpo e alma cada mulher, cada homem, cada criança, cada pessoa que está desesperada com um volume de chuva que, até então, a gente desconhecia”, finalizou.

Universidade e hospital

De acordo com o Palácio do Planalto, o investimento para o novo prédio da UFSB foi de R$ 28,8 milhões. Cerca de 1,6 mil alunos serão beneficiados. A nova edificação conta com 16 laboratórios, 30 salas de aula, 40 gabinetes para docentes, seis salas para colegiados, duas para secretarias acadêmicas e um auditório para 158 pessoas.

O edifício é equipado com sistemas sustentáveis, incluindo reuso de esgoto, aproveitamento de água pluvial e sistema fotovoltaico de geração de energia. O campus sediará 12 cursos de graduação em áreas como Medicina, Engenharia Civil, Gestão Ambiental, Mídias Digitais, Humanidades, Artes, Ciências, Ciências da Natureza, Ciências Sociais, Linguagens, Biomedicina e Psicologia.

Além disso, serão três programas de pós-graduação, todos voltados para Ciências e Sustentabilidade; Saúde, Ambiente e Biodiversidade e Ensino e Relações Étnico-Raciais. A nova edificação também receberá a especialização em Agroecologia e Educação do Campo.

Já o Hospital Estadual Costa das Baleias terá especialidades como cardiologia, oncologia, neurocirurgia, traumato-ortopedia, pediatria, saúde mental e serviço de hemodinâmica – serão 180 leitos e 30 de unidade de tratamento intensivo (UTI). A previsão de capacidade é de mais de mil internações mensais e 800 mil habitantes beneficiados. O investimento estadual foi de R$ 200 milhões.

Fábio Matos

Jornalista formado pela Cásper Líbero, é pós-graduado em marketing político e propaganda eleitoral pela USP. Trabalhou no site da ESPN, pelo qual foi à China para cobrir a Olimpíada de Pequim, em 2008. Teve passagens por Metrópoles, O Antagonista, iG e Terra, cobrindo política e economia. Como assessor de imprensa, atuou na Câmara dos Deputados e no Ministério da Cultura. É autor dos livros “Dias: a Vida do Maior Jogador do São Paulo nos Anos 1960” e “20 Jogos Eternos do São Paulo”