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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) estampa a capa da revista TIME de maio, com a chamada “O segundo ato de Lula: o líder mais popular do Brasil busca um retorno à Presidência”. A publicação afirma que a volta do petista à política “foi uma bomba para o Brasil”, após a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal), em abril de 2021, de anular as condenações que ele tinha por corrupção.
Em entrevista no fim de março, na sede do PT em São Paulo, Lula falou à TIME que quer levar o Brasil de volta aos bons tempos de sua Presidência (2003-2010), que ele encerrou com taxa de aprovação de 83%. O lançamento oficial da pré-candidatura do petista ao Planalto será neste sábado (7), em São Paulo, ao lado do vice Geraldo Alckmin (PSB), ex-governador paulista.
Sobre sua volta à política depois da decisão do STF, Lula afirmou à revista que nunca desistiu da vida pública: “está em cada célula minha”, disse. “Porque o problema não é a política simplesmente, o problema é a causa que te leva à política. E eu tenho uma causa.”
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O ex-presidente disse que até pensou em não concorrer mais ao Planalto, mas que mudou de idéia ao ver as políticas de inclusão social, o que foi feito para melhorar a qualidade das universidades, das escolas técnicas, dos salários e do emprego serem “destruídos”.
“Porque as pessoas que começaram a ocupar o governo depois que deram o golpe na presidenta Dilma [Rousseff] eram pessoas que tinham o objetivo de destruir todas as conquistas que o povo brasileiro tinha obtido desde 1943”, afirmou.
Lula disse que, se eleito, pretende fazer mais e melhor do que fez no passado, e que para isso tem que deixar os pobres participarem da economia. Questionado sobre política econômica, o ex-presidente desviou do assunto e disse que “a gente não discute política econômica antes de ganhar as eleições”.
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O petista tem sido bastante questionado sobre quem seria seu ministro da Economia (Fazenda), caso eleito. À TIME, Lula disse que “primeiro você precisa ganhar para depois saber com quem você vai compor e o que vai fazer”. Levantamento do InfoMoney com cientistas políticos indicou, na edição de abril do Barômetro do Poder, que o nome de Rui Costa, governador da Bahia, é forte entre as opções para assumir o posto.
Sem citar nomes, Lula preferiu dizer à TIME que durante sua Presidência o Brasil teve 250 IPOs — uma narrativa direcionada ao mercado financeiro, que olha sua candidatura com desconfiança —, além de ter deixado de ser devedor para ser credor do FMI, com US$ 370 bilhões em reserva internacional.
Lula afastou a chance de criar leis que prejudiquem a exploração de petróleo no país: “enquanto você não tiver energia alternativa, você vai utilizar a energia que você tem”. E sobre a guerra na Ucrânia, o ex-presidente disse que Putin não deveria ter invadido o país, e culpou também os Estados Unidos e a União Europeia pelo conflito: “poderiam ter dito que a Ucrânia não vai entrar na OTAN e estaria resolvido o problema”, disse.
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O petista também criticou a postura do presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, dizendo que ele é tão responsável pela guerra quanto o Putin. “Numa guerra não tem apenas um culpado. O Saddam Hussein era tão culpado quanto o Bush”, afirmou. Ele disse que as entrevistas e aparições de Zelensky tornam o conflito um espetáculo. “Era preciso que ele estivesse mais preocupado com a mesa de negociação.”
Sobre o presidente dos EUA, Joe Biden, Lula disse que ele está vivendo um momento difícil. O ex-presidente falou que elogiou o primeiro programa econômico de Biden, mas que não basta anunciar, é preciso executar. Além disso, na visão de Lula, Biden errou na postura sobre a guerra na Ucrânia: “Biden poderia ter pegado um avião e descido em Moscou para conversar com Putin”, disse.
Lula disse que Biden poderia ter falado que os países-membros não querem a Ucrânia na OTAN, e que isso poderia ter feito Putin mudar de ideia sobre a guerra. O petista disse ainda que se ele fosse presidente e oferecessem uma vaga para o Brasil entrar na OTAN, ele não ia querer. “Porque eu sou um cara que só pensa na paz. Eu não penso em guerra. (…) Brasil não tem contencioso nem com os EUA, nem com a China, nem com a Rússia, nem com a Bolívia, nem com a Argentina, nem com o México”, disse.
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“E o fato de o Brasil ser um país de paz que vai lhe fazer restabelecer a relação que nós criamos de 2003 a 2010. O Brasil vai virar protagonista internacional, porque a gente vai provar que é possível ter um mundo melhor”, continuou o ex-presidente, que criticou a ONU, dizendo que ela hoje não representa mais nada. “É preciso que a gente reconstrua a ONU.”
Sobre o presidente Jair Bolsonaro (PL), segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto nas eleições de outubro, Lula disse que seu governo “despertou ódio e preconceito”. “Está aparecendo muito fascista, muito nazista no mundo”, disse.
O ex-presidente encerrou a entrevista à TIME dizendo que leu muito na cadeia e que saiu da prisão sem mágoa, sem ressentimento. “Eu quero pensar no futuro. (…) Eu tenho orgulho de provar que um metalúrgico que não tem diploma universitário tem mais competência para governar esse país do que a elite brasileira toda. Porque a arte de governar é você saber utilizar o coração junto com a razão.”