“Lula está refém de ideologias e fala apenas para a sua bolha”, critica Hugo Motta

Novo presidente da Câmara, que também vê Haddad "vencido", avalia que Planalto precisa focar em resultados, não em discurso

Paulo Barros

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, e Hugo Motta, presidente eleito da Câmara, posam durante a sessão em Brasília, Brasil, em 1º de fevereiro de 2025. REUTERS/Mateus Bonomi
O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, e Hugo Motta, presidente eleito da Câmara, posam durante a sessão em Brasília, Brasil, em 1º de fevereiro de 2025. REUTERS/Mateus Bonomi

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O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está refém de ideologias e fala apenas para sua bolha política, o que estaria prejudicando a condução do governo. Em entrevista ao jornal O Globo, Motta fez críticas à atuação do Planalto e alertou que a estratégia pode levar a erros de gestão, comparando a postura de Lula com a do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

“Não adianta Lula fazer o que Bolsonaro fez e ficar o tempo todo falando para uma bolha que o faz errar”, declarou Motta, destacando que o governo precisa entender que “quem mais precisa quer resultado, não discurso”. O parlamentar afirmou que o governo tem dificuldades na condução da economia e que a falta de decisões estratégicas tem gerado instabilidade no país.

Motta, que assumiu recentemente a presidência da Câmara, também criticou a condução da política econômica do governo. Segundo ele, o Planalto tem “vacilado” ao deixar de tomar decisões necessárias para garantir previsibilidade e crescimento econômico. O deputado defendeu que o governo não pode ignorar a necessidade de responsabilidade fiscal e que o aumento da arrecadação não pode ser a única solução para equilibrar as contas públicas.

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Críticas à economia e ao papel de Haddad

O presidente da Câmara também comentou a atuação do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que, segundo ele, tem uma agenda positiva, mas muitas vezes “fica vencido na decisão política tomada pelos ministros do Palácio e pelo presidente da República”.

A declaração reforça uma crítica recorrente dentro do Congresso de que Haddad não tem autonomia para levar adiante medidas de ajuste fiscal e que sua influência no governo é limitada.

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Motta ainda afirmou que o Legislativo não aceitará ser “emparedado” pelo STF e que o Congresso precisa atuar de forma independente para garantir um equilíbrio entre os Poderes. O parlamentar disse que pretende apresentar uma proposta ao Supremo Tribunal Federal para destravar as emendas parlamentares suspensas.

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A entrevista marca a primeira grande manifestação do novo presidente da Câmara sobre a relação com o governo Lula e o rumo da economia. O posicionamento de Motta sinaliza que o Executivo poderá enfrentar resistência ainda maior no Congresso para avançar com projetos considerados prioritários, especialmente aqueles relacionados à arrecadação e à política fiscal.

Paulo Barros

Jornalista pela Universidade da Amazônia, com especialização em Comunicação Digital pela ECA-USP. Tem trabalhos publicados em veículos brasileiros, como CNN Brasil, e internacionais, como CoinDesk. No InfoMoney, é editor com foco em investimentos e criptomoedas