Publicidade
A governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT), afirmou, em entrevista ao jornal O Globo, que o apoio do Nordeste ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2026 não está garantido e dependerá de um esforço significativo do governo federal para reforçar sua presença e responder às expectativas da população local. Para ela, a direita tem crescido na região, e o governo precisará agir com foco em entregas concretas e uma ampla articulação política para assegurar a reeleição de Lula.
“O governo tem que se fazer mais presente exatamente aqui no Nordeste. Não só Lula, mas também os ministros”, disse a governadora, que destacou a necessidade de acelerar obras de infraestrutura, especialmente em segurança hídrica. Entre as ações previstas, ela mencionou a entrega do projeto de transposição do São Francisco, que deve ser concluído em 2024, e a inauguração de um reservatório hídrico no Rio Grande do Norte com a presença de Lula já em março.
Queda na aprovação acende alerta
A entrevista de Fátima ocorre em um momento de queda na aprovação do governo federal na região. Pesquisa divulgada pela Quaest nesta segunda-feira (27) mostrou que a desaprovação do governo alcançou 49%, superando a aprovação pela primeira vez. No Nordeste, a aprovação de Lula caiu 8 pontos percentuais, reforçando a necessidade de maior engajamento do governo na região.
“A gente tem que ter muita atenção para os investimentos previstos para corresponder às expectativas da população. Não podemos baixar a guarda”, alertou a governadora.
Alianças para 2026
Fátima destacou que a eleição presidencial de 2026 será desafiadora, sobretudo diante do fortalecimento da extrema direita no Brasil e na América Latina. Segundo ela, será essencial que Lula continue a ampliar alianças, descartando a possibilidade de uma chapa “puro sangue” do PT.
“Não, não dá, de forma alguma. Tem que fazer aliança, continuar fazendo e ampliando. O compromisso com a defesa da democracia não é tarefa apenas para um partido”, afirmou.
Continua depois da publicidade
A governadora também reforçou que Lula é a figura mais forte no campo progressista, mas que será necessário construir alternativas para o futuro. “Primeiro, acho que ele vai ser candidato. Presidente Lula tem um amor tão grande pelo país, ele dedicou sua vida ao Brasil. (…) A gente tem que começar a construir outras alternativas porque tem 2030. Não antes.”
Crescimento da direita
Bezerra reconheceu o avanço da direita, que, segundo ela, é beneficiada por um fundo partidário bilionário e pela força das emendas parlamentares. No entanto, a governadora acredita que Lula ainda tem um apelo muito forte no Nordeste.
“A extrema-direita ganhou terreno, inclusive na América Latina. Sabemos perfeitamente disso. Agora, sabemos também que a figura do Lula é muito forte.”
Continua depois da publicidade
Consórcio Nordeste
A governadora também abordou desafios enfrentados pelo Consórcio Nordeste, especialmente no avanço de políticas ambientais. Fátima destacou a necessidade de celeridade na criação do Fundo da Caatinga, uma demanda histórica da região que visa mitigar os efeitos da desertificação.
“O processo de desertificação aqui no Nordeste é violento. Precisamos do financiamento para trazer academia, avançar nos estudos com base científica”, disse. Ela destacou como positivo o recente acordo com o BNDES para estruturar e coordenar o fundo.
Com a proximidade das eleições, Fátima reforça que o governo Lula precisa manter uma atuação estratégica para consolidar o apoio na região e enfrentar um cenário político cada vez mais polarizado. “Não dá para tapar o sol com a peneira. Chegamos muito perto de uma ruptura democrática. O nosso projeto tem como pressuposto a defesa da democracia para que possamos avançar no desenvolvimento nacional”, concluiu.