Lula enfrenta desafio no Nordeste com avanço da direita, alerta governadora do PT

Para governadora do RN, Fátima Bezerra, governo deve intensificar presença na região para consolidar apoio em 2026

Equipe InfoMoney

Fátima Bezerra (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Fátima Bezerra (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

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A governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT), afirmou, em entrevista ao jornal O Globo, que o apoio do Nordeste ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2026 não está garantido e dependerá de um esforço significativo do governo federal para reforçar sua presença e responder às expectativas da população local. Para ela, a direita tem crescido na região, e o governo precisará agir com foco em entregas concretas e uma ampla articulação política para assegurar a reeleição de Lula.

“O governo tem que se fazer mais presente exatamente aqui no Nordeste. Não só Lula, mas também os ministros”, disse a governadora, que destacou a necessidade de acelerar obras de infraestrutura, especialmente em segurança hídrica. Entre as ações previstas, ela mencionou a entrega do projeto de transposição do São Francisco, que deve ser concluído em 2024, e a inauguração de um reservatório hídrico no Rio Grande do Norte com a presença de Lula já em março.

Queda na aprovação acende alerta

A entrevista de Fátima ocorre em um momento de queda na aprovação do governo federal na região. Pesquisa divulgada pela Quaest nesta segunda-feira (27) mostrou que a desaprovação do governo alcançou 49%, superando a aprovação pela primeira vez. No Nordeste, a aprovação de Lula caiu 8 pontos percentuais, reforçando a necessidade de maior engajamento do governo na região.

“A gente tem que ter muita atenção para os investimentos previstos para corresponder às expectativas da população. Não podemos baixar a guarda”, alertou a governadora.

Alianças para 2026

Fátima destacou que a eleição presidencial de 2026 será desafiadora, sobretudo diante do fortalecimento da extrema direita no Brasil e na América Latina. Segundo ela, será essencial que Lula continue a ampliar alianças, descartando a possibilidade de uma chapa “puro sangue” do PT.

“Não, não dá, de forma alguma. Tem que fazer aliança, continuar fazendo e ampliando. O compromisso com a defesa da democracia não é tarefa apenas para um partido”, afirmou.

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A governadora também reforçou que Lula é a figura mais forte no campo progressista, mas que será necessário construir alternativas para o futuro. “Primeiro, acho que ele vai ser candidato. Presidente Lula tem um amor tão grande pelo país, ele dedicou sua vida ao Brasil. (…) A gente tem que começar a construir outras alternativas porque tem 2030. Não antes.”

Crescimento da direita

Bezerra reconheceu o avanço da direita, que, segundo ela, é beneficiada por um fundo partidário bilionário e pela força das emendas parlamentares. No entanto, a governadora acredita que Lula ainda tem um apelo muito forte no Nordeste.

“A extrema-direita ganhou terreno, inclusive na América Latina. Sabemos perfeitamente disso. Agora, sabemos também que a figura do Lula é muito forte.”

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Consórcio Nordeste

A governadora também abordou desafios enfrentados pelo Consórcio Nordeste, especialmente no avanço de políticas ambientais. Fátima destacou a necessidade de celeridade na criação do Fundo da Caatinga, uma demanda histórica da região que visa mitigar os efeitos da desertificação.

“O processo de desertificação aqui no Nordeste é violento. Precisamos do financiamento para trazer academia, avançar nos estudos com base científica”, disse. Ela destacou como positivo o recente acordo com o BNDES para estruturar e coordenar o fundo.

Com a proximidade das eleições, Fátima reforça que o governo Lula precisa manter uma atuação estratégica para consolidar o apoio na região e enfrentar um cenário político cada vez mais polarizado. “Não dá para tapar o sol com a peneira. Chegamos muito perto de uma ruptura democrática. O nosso projeto tem como pressuposto a defesa da democracia para que possamos avançar no desenvolvimento nacional”, concluiu.