Lula: “É preciso acabar com essa bobagem de que o Estado tem de ser mínimo”

Ao participar de inauguração de centro oncológico no Rio Grande do Sul, Lula criticou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e responsabilizou o antecessor por "metade das mortes" no país durante a pandemia de Covid-19

Fábio Matos

Luiz Inácio Lula da Silva (PT), presidente da República, em cerimônia ao lado do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB) (Foto: Ricardo Stuckert/PR)
Luiz Inácio Lula da Silva (PT), presidente da República, em cerimônia ao lado do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB) (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

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Cumprindo uma série de agendas no Rio Grande do Sul, nesta sexta-feira (16), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a defender a participação do Estado na economia, especialmente em setores como saúde e educação.

As declarações do petista foram dadas durante a cerimônia de inauguração do Centro de Oncologia e Hematologia do Grupo Hospitalar Conceição (GHC), em Porto Alegre (RS). A obra contou com R$ 144 milhões em investimentos do governo federal.

O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), com quem Lula trocou farpas pela manhã, também participou do evento, assim como ministros do governo – entre os quais Nísia Trindade (Saúde), Rui Costa (Casa Civil) e Paulo Pimenta (Secretaria Extraordinária de Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul).

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Em seu discurso, Lula voltou a defender a necessidade de que o governo federal faça investimentos em saúde e educação.

“É preciso acabar com essa bobagem que o Estado tem de ser mínimo, que o Estado não pode fazer as coisas. Eu sofri com o SUS [Sistema Único de Saúde] durante muitos anos porque fui deputado constituinte. Depois que a gente aprovou o SUS, eu nunca vi alguém apanhar tanto, a iniciativa privada criticava o SUS, a imprensa criticava o SUS”, lembrou Lula.

“Foram 20 anos, até que veio a pandemia. E, na pandemia, se não fosse o SUS, a gente teria tido uma desgraça muito maior do que teve”, completou o presidente. “O Estado não tem que ser mínimo ou máximo. Estado tem que ser Estado e dar igualdade de tratamento a todos os seus filhos.”

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Críticas a Bolsonaro

Ao mencionar a pandemia de Covid-19, Lula fez duras críticas ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O petista responsabilizou o antecessor por “pelo menos metade das mortes” no país.

“Este país tinha um presidente irresponsável que é um dos responsáveis pela morte de metade das pessoas que morreram. Um presidente da República não tem de ser médico para saber de saúde. Ele só tem de saber montar um time”, disse Lula.

“Se ele [Bolsonaro] tivesse criado um escritório de emergência, e se tivesse colocado o pessoal que entende de saúde, se não se metesse a receitar cloroquina, mas receitasse a vacina, a gente teria salvado pelo menos metade das pessoas que morreram neste país”, afirmou.

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Elogios a Nísia Trindade

Em seu pronunciamento, Lula não economizou nos elogios à ministra da Saúde, Nísia Trindade – que tem sido um dos maiores alvos de críticas no atual governo.

“Eu tinha 6 homens que eram ex-ministros que eu tinha pensado em escolher. Mas, de repente, fiquei pensando: por que não uma mulher? Por que não uma pessoa que não seja médica? Uma pessoa que foi presidente da maior instituição de pesquisa, que é a Fiocruz”, disse Lula.

“O que me levou a chamar a Nísia para o ministério é que, colhendo informações, eu descobri que você [Nísia] era muito respeitada entre os governadores do Brasil, entre as assembleias legislativas, entre os deputados e senadores”, explicou o presidente.

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Centro de oncologia

O Centro de Oncologia e Hematologia do Grupo Hospitalar Conceição (GHC), que teve R$ 144 milhões em investimentos do governo federal, possibilita a expansão da área de atendimento aos usuários do SUS que necessitam de transplante de medula óssea.

Durante o evento desta sexta, também foram assinadas as autorizações para a abertura do processo de contratação de duas obras previstas no Programa de Aceleração do Crescimento (Novo PAC): o Centro de Apoio ao Diagnóstico e Terapia e o Centro de Atendimento ao Paciente Crítico e Cirúrgico.

Fábio Matos

Jornalista formado pela Cásper Líbero, é pós-graduado em marketing político e propaganda eleitoral pela USP. Trabalhou no site da ESPN, pelo qual foi à China para cobrir a Olimpíada de Pequim, em 2008. Teve passagens por Metrópoles, O Antagonista, iG e Terra, cobrindo política e economia. Como assessor de imprensa, atuou na Câmara dos Deputados e no Ministério da Cultura. É autor dos livros “Dias: a Vida do Maior Jogador do São Paulo nos Anos 1960” e “20 Jogos Eternos do São Paulo”