Lula e Fernández defendem Mercosul e integração regional em artigo conjunto

Presidente brasileiro faz, ao país vizinho, a primeira viagem internacional após ser empossado

Reuters

Alberto Fernández e Luiz Inácio Lula da Silva (Esteban Collazo/Presidência da Argentina)
Alberto Fernández e Luiz Inácio Lula da Silva (Esteban Collazo/Presidência da Argentina)

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Um artigo assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva junto com o presidente argentino, Alberto Fernández, comemora a primeira visita do brasileiro a Buenos Aires desde sua eleição como uma volta da relação estratégica entre os dois países e o foco na integração econômica, inclusive com o desenvolvimento de uma moeda regional para uso comercial.

A visita a Argentina é a primeira viagem internacional do presidente desde que tomou posse, cumprindo um rito brasileiro de privilegiar o maior parceiro comercial da região, depois de quatro anos de relações estremecidas durante o governo de Jair Bolsonaro. No texto, os dois presidentes ressaltam a necessidade de uma boa relação entre Argentina e Brasil para alavancar a integração regional.

Em meio à crise que atravessa o Mercosul –que, entre pressões brasileiras para mudanças em tarifas e tentativas do Uruguai de fazer acordos econômicos fora do bloco, passou os últimos quatro anos sem avanço–, os dois presidentes fazem uma defesa enfática do sistema e da necessidade dos acordos fechados em conjunto.

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“Juntamente com os nossos sócios, queremos que o Mercosul constitua uma plataforma para a nossa efetiva integração ao mundo, por meio da negociação conjunta de acordos comerciais equilibrados e que atendam aos nossos objetivos estratégicos de desenvolvimento”, escrevem os presidentes.

Recentemente o Uruguai anunciou a intenção de negociar um acordo comercial independente com a China e com a Aliança do Pacífico (bloco formado por Chile, Colômbia, México e Peru), o que é contra as regras do Mercosul. A iniciativa abriu uma crise direta entre os governos argentino e uruguaio, que Lula pretende ajudar a abater.

O governo brasileiro também não vê com bons olhos a iniciativa uruguaia, mas pretende negociar. Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo publicada neste domingo, o chanceler Mauro Vieira deixa claro que um acordo independente do Uruguai “destruiria” o bloco, mas destaca que é possível negociar.

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“Se você negociar fora, destrói a tarifa (externa comum, TEC). Temos que examinar, porque o Mercosul não é o mesmo da época da [sua] criação. Temos que ver as necessidades de cada um e as assimetrias que existem. Ver o que se pode fazer em termos de algum tipo de concessão”, destacou.

O artigo dos dois presidentes destaca ainda a ideia de criar uma moeda comum na região para transações comerciais. A ideia, levantada em artigo escrito no ano passado por Fernando Haddad e Gabriel Galípolo –hoje ministro da Fazenda e secretário-executivo do ministério, respectivamente– chegou a ser citada por Lula durante a campanha.

“Pretendemos superar barreiras às nossas trocas, simplificar e modernizar regras e incentivar o uso de moedas locais. Também decidimos avançar nas discussões sobre uma moeda comum sul-americana que possa ser utilizada tanto para fluxos financeiros quanto comerciais, reduzindo os custos de operação e diminuindo a nossa vulnerabilidade externa”, diz o texto.

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