Lula diz que sistema financeiro quer especular e decisão do Copom foi “sem critério”

Em entrevista, presidente também compara sua gestão com a de Jair Bolsonaro e diz que Caixa Econômica e Banco do Brasil têm mais créditos disponibilizados do que os outros 3 maiores bancos do país

Estadão Conteúdo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no Palácio do Planalto, em 01/02/2024
(Foto: Adriano Machado/Reuters)
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no Palácio do Planalto, em 01/02/2024 (Foto: Adriano Machado/Reuters)

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a criticar, nesta sexta-feira (21), a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, de manter a taxa básica de juros, a Selic, no patamar de 10,50%, ao dizer que a medida ocorreu “sem critério”. As declarações ocorreram em entrevista à Rádio Meio, do Piauí.

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Na ocasião, Lula fazia comparações do seu mandato com o de seu antecessor, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), e sustentou que a atual administração realiza mais investimentos que a anterior. O presidente chegou a dizer que não está preocupado com pesquisas de opinião.

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Em seguida, o presidente mencionou a decisão do Banco Central e mais uma vez criticou o sistema financeiro brasileiro. “Temos consciência de que as coisas estão acontecendo”, disse Lula, em defesa das ações do seu governo.

“A Caixa Econômica e o Banco do Brasil, sozinhos, têm mais créditos disponibilizados hoje do que os outros três bancos grandes. Por que isso? Porque o sistema financeiro brasileiro não está preocupado em fazer investimento na produção, no setor produtivo.”

E acrescentou: “Ele (o sistema financeiro brasileiro) está interessado em especular. É por isso que a taxa de juros fica a 10,5% sem nenhuma explicação, sem nenhum critério.”

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Na quinta-feira, 20, Lula já havia dito que a decisão do Banco Central “foi uma pena” e que “quem perde é o povo brasileiro”.

Depois de sete quedas seguidas, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central interrompeu, em decisão unânime, o ciclo de cortes da taxa básica de juros, iniciado em agosto do ano passado, e manteve a Selic em 10,50% ao ano. O resultado, divulgado na quarta-feira, 19, era amplamente esperado pelo mercado, em meio ao impasse do governo na condução da política fiscal e ao aumento das expectativas de inflação.

Mais do que o resultado, a grande expectativa dos agentes econômicos era sobre o placar da decisão, sobretudo após Lula ter retomado a ofensiva contra o BC e o presidente da instituição, Roberto Campos Neto. A votação unânime agrada o mercado, depois da forte divisão da reunião de maio.

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Ao comunicar a decisão de interromper as quedas nos juros, o Copom declarou que os juros terão de continuar em nível restritivo “por tempo suficiente em patamar que consolide não apenas o processo de desinflação, como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas”.

O comitê também pregou “serenidade e moderação na condução da política monetária”. A decisão ocorreu de forma unânime.