Lula diz que privatização da Eletrobras foi “crime de lesa-pátria”

"Esse negócio de destruir tudo o que o Estado pode fazer, achando que o setor privado é melhor, é mentira. O setor privado tem que ser bom e o Estado tem que ser bom", afirmou Lula após reunião no MME

Fábio Matos

Luiz Inácio Lula da Silva (PT), presidente da República, em reunião extraordinária do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), no Ministério de Minas e Energia (MME) (Foto: Ricardo Stuckert/PR)
Luiz Inácio Lula da Silva (PT), presidente da República, em reunião extraordinária do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), no Ministério de Minas e Energia (MME) (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aproveitou uma reunião extraordinária do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), no Ministério de Minas e Energia (MME), nesta segunda-feira (29), para fazer duras críticas à privatização da Eletrobras (ELET3;ELET6), concluída em junho de 2022, ainda durante o governo de Jair Bolsonaro (PL).

Em discurso, Lula classificou a privatização da companhia como um “crime de lesa-pátria”. A reunião do CNPE marcou a assinatura de atos relacionados ao setor. Vários ministros do governo, como Alexandre Silveira (Minas e Energia) e Fernando Haddad (Fazenda) também participaram do evento.

“Eu sonhei que a Eletrobras seria uma coisa tão importante quanto a Petrobras neste país. É com muita tristeza que eu volto à Presidência da República e encontro a Eletrobras privatizada”, afirmou Lula. “Na verdade, não a privatizaram. Cometeram um crime de lesa-pátria contra o povo brasileiro, entregando uma empresa dessa magnitude”, atacou o presidente da República.

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“Esse negócio de destruir tudo o que o Estado pode fazer, achando que o setor privado é melhor, é mentira. O setor privado tem que ser bom e o Estado tem que ser bom. Eu não quero um Estado máximo nem um Estado mínimo”, completou o petista.

Gás

Durante a cerimônia, Lula assinou um decreto que tem como objetivo o aumento da oferta de gás natural, barateando o insumo para a indústria.

O gás natural é utilizado como insumo para vários produtos, tanto como matéria-prima quanto como fonte de calor, o que corresponde a uma grande parte dos custos da indústria. Assim, o barateamento do gás é uma forma de incentivo ao setor.

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O decreto concede maior poder à Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) para que atue em todas as fases da cadeia e determine a redução dos índices de reinjeção de gás.

Segundo o ministro Alexandre Silveira, o governo federal deve oferecer botijões de gás a mais de 20 milhões de famílias até o fim de 2025.

“O gás tem que ser um instrumento da cesta básica do povo brasileiro, que muitas vezes não consegue comprar o botijão que sai da Petrobras a R$ 36 e é vendido em alguns estados a R$ 120, R$ 130 ou R$ 140. Será que as pessoas não têm noção?”, bradou Lula, em seu discurso.

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Mineração

Em sua fala, Lula também defendeu “uma nova política de mineração” no Brasil.

“A nossa política de mineração está superada e precisamos saber a importância que ela tem. Fazer desses minerais críticos que nós temos uma forma de enriquecer e criar outro passaporte para que o povo possa crescer, como foi o pré-sal”, disse o presidente.

“Temos de tirar proveito de tudo que pudermos e fazer com que todos tenham acesso, e o brasileiro será menos pobre. Não precisamos ficar criando programa de distribuição de renda para os mais pobres. O que dignifica as pessoas e dá orgulho é o trabalho.”

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Petrobras

Lula, que recentemente trocou o comando da Petrobras, substituindo Jean Paul Prates por Magda Chambriard, que tomou posse na presidência da empresa em maio, afirmou que a estatal “precisa entender que “não é apenas uma empresa de petróleo e gás”.

“[A Petrobras] É uma empresa de investimento em pesquisa e inovação, para ajudar as empresas brasileiras a crescerem, daí a necessidade do conteúdo nacional”, defendeu Lula.
Durante o discurso, o presidente da República fez uma série de críticas ao governo anterior. Segundo Lula, “o Brasil é um país que foi desmontado”.

“Nós tivemos de reconstruir ministérios. Imaginem um país sem o Ministério da Cultura. Poderia até faltar presidente da República, mas não o Ministério da Cultura. Se o presidente só faz e só fala bobagem, ele atrapalha”, concluiu.

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Fábio Matos

Jornalista formado pela Cásper Líbero, é pós-graduado em marketing político e propaganda eleitoral pela USP. Trabalhou no site da ESPN, pelo qual foi à China para cobrir a Olimpíada de Pequim, em 2008. Teve passagens por Metrópoles, O Antagonista, iG e Terra, cobrindo política e economia. Como assessor de imprensa, atuou na Câmara dos Deputados e no Ministério da Cultura. É autor dos livros “Dias: a Vida do Maior Jogador do São Paulo nos Anos 1960” e “20 Jogos Eternos do São Paulo”