Lula deve ter conversa com Silvio Almeida e Anielle; ministro balança no cargo

Presidente da República, que tem compromissos em Goiânia nesta sexta-feira (6), retorna a Brasília no início da tarde e deve ter reuniões separadas com Silvio Almeida, acusado de assediar a colega Anielle Franco

Fábio Matos

O ex-ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania Silvio Almeida, participando da 52ª sessão do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas (ONU)
O ex-ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania Silvio Almeida, participando da 52ª sessão do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas (ONU)

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve ter conversas, separadamente, com o ministro dos Direitos Humanos e Cidadania, Silvio Almeida, e a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, para tratar das acusações de assédio sexual que pairam sobre Almeida. As informações são da colunista Mônica Bergamo, do jornal Folha de S.Paulo.

Na quinta-feira (5), o escândalo caiu como uma bomba na Esplanada dos Ministérios. A ONG Me Too Brasil confirmou que recebeu denúncias de que Almeida teria assediado mulheres, que se mantiveram sob anonimato.

Segundo o Metrópoles, que noticiou inicialmente as denúncias, os casos teriam ocorrido no ano passado e uma das vítimas seria justamente a ministra Anielle Franco.

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Silvio Almeida, por meio de uma nota oficial e de um vídeo publicado nas redes sociais, negou, peremptoriamente, as acusações e prometeu colaborar com as investigações.

De acordo com as informações da Folha, o governo considera “insustentável” a permanência de Silvio Almeida no cargo, diante da gravidade das acusações. O entendimento no Planalto é que o ministro deve se afastar para se defender e tentar provar inocência.

A primeira-dama, Rosângela Lula da Silva, a Janja, também estaria acompanhando o caso com muita atenção. Na quinta-feira, a esposa de Lula publicou uma foto, em seu perfil no Instagram, em que aparece dando um beijo em Anielle – o que foi interpretado como uma clara manifestação de apoio e solidariedade à ministra.

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A maior dúvida, neste momento, é como se daria a saída de Silvio Almeida do governo, se por um pedido de demissão ou uma decisão pessoal de Lula. Nesta sexta, a ideia do presidente é ouvir Almeida e Anielle, em reuniões separadas, e depois decidir o que fazer.

O presidente da República ainda pode esperar a conclusão das investigações lideradas pela Controladoria-Geral da União (CGU) e pela Advocacia-Geral da União (AGU) sobre o caso e, só depois, bater o martelo. O problema, segundo aliados, é que, nesse caso, o governo ficaria “sangrando” em praça pública.

De acordo com a agenda oficial de Lula, nesta sexta-feira, o presidente estará em Goiânia (GO) pela manhã, onde participará da inauguração do 1° trecho do BRT Norte-Sul e fará anúncios de investimentos nos institutos federais de Goiás. À tarde, Lula retorna a Brasília (DF), com previsão de chegada às 14h20.

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O que diz Silvio Almeida

Em nota, o ministro dos Direitos Humanos rechaça as acusações e alega inocência no caso.

“Repudio com absoluta veemência as mentiras que estão sendo assacadas contra mim. Repudio tais acusações com a força do amor e do respeito que tenho pela minha esposa e pela minha amada filha de 1 ano de idade, em meio à luta que travo, diariamente, em favor dos direitos humanos e da cidadania neste país”, afirma Silvio Almeida.

Segundo o ministro, “toda e qualquer denúncia deve ter materialidade”. “Entretanto, o que percebo são ilações absurdas com o único intuito de me prejudicar, apagar nossas lutas e histórias, e bloquear o nosso futuro”, diz.

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O ministro afirma ainda que “há um grupo querendo apagar e diminuir as nossas existências, imputando a mim condutas que eles praticam”.

“Toda e qualquer denúncia deve ser investigada com todo o rigor da Lei, mas para tanto é preciso que os fatos sejam expostos para serem apurados e processados. E não apenas baseados em mentiras, sem provas”, afirma Almeida.

“Encaminharei ofícios para Controladoria-Geral da União, ao Ministério da Justiça e Segurança Pública e Procuradoria-Geral da República para que façam uma apuração cuidadosa do caso.”

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Fábio Matos

Jornalista formado pela Cásper Líbero, é pós-graduado em marketing político e propaganda eleitoral pela USP. Trabalhou no site da ESPN, pelo qual foi à China para cobrir a Olimpíada de Pequim, em 2008. Teve passagens por Metrópoles, O Antagonista, iG e Terra, cobrindo política e economia. Como assessor de imprensa, atuou na Câmara dos Deputados e no Ministério da Cultura. É autor dos livros “Dias: a Vida do Maior Jogador do São Paulo nos Anos 1960” e “20 Jogos Eternos do São Paulo”