Lula convoca ministros após cortes no Orçamento e com eleições municipais no radar

Encontro também ocorre em meio a pesquisas de avaliação de governo que acenderam o sinal de alerta do Palácio do Planalto e ao efeito de contágio da crise na Venezuela

Marcos Mortari

Luiz Inácio Lula da Silva (PT), presidente da República (Foto: Ricardo Stuckert/PR)
Luiz Inácio Lula da Silva (PT), presidente da República (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) realiza, nesta quinta-feira (7), a partir das 9h (horário de Brasília), reunião ministerial no Palácio do Planalto − a primeira após a volta do recesso dos Poderes Legislativo e Judiciário.

O encontro contará com a presença do ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), que estava de férias, e ocorre na semana seguinte ao detalhamento das áreas indicadas pelo Ministério do Planejamento e Orçamento como alvos do congelamento de R$ 15 bilhões em despesas e de novas regras para a execução dos gastos para o restante do ano.

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A reunião também acontece em meio a pesquisas de avaliação de governo que acenderam o sinal de alerta no Palácio do Planalto, que também lida com o contágio da crise na Venezuela sobre a administração brasileira — apontada como hesitante em meio às denúncias de fraude na declarada vitória do ditador Nicolás Maduro.

No encontro anterior com os ministros, Lula concentrou as conversas nas realizações de cada pasta e ampliou a cobrança por resultados em meio à pressão da opinião pública sobre sua gestão. O tempo passou, mas o mandatário segue dando sinais de insatisfação com entregas de subordinados. ‎

Desta vez, no entanto, a tendência é que a reunião aponte para o futuro, no planejamento dos ministérios até o final do ano e em 2025, em meio à promessa do governo de cortes de R$ 25,9 bilhões e antes do envio do Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) do próximo exercício. Uma possível necessidade de novas medidas restritivas deve dificultar ainda mais o planejamento das pastas em meio aos esforços da equipe econômica em cumprir a meta de déficit zero — ou ao menos a banda inferior, que permite um desequilíbrio de 0,25% do Produtor Interno Bruto (PIB), estimada em R$ 28,8 bilhões. ‎

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Somando ao contexto de tensão provocado pelas restrições fiscais, o encontro que deve avançar tarde adentro também tem como pano de fundo as eleições municipais, que ocorrerão em menos de 2 meses e opõe partidos da base aliada do governo em diversas disputas por prefeituras.

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Um claro exemplo desta divisão está em São Paulo, onde Lula apoia a candidatura do deputado federal Guilherme Boulos (PSOL). Já seu vice, Geraldo Alckmin (PSB), está com a deputada federal Tabata Amaral (PSB). Ambos disputam com o atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB), cujo partido também integra a base de Lula e é um dos mais representados na Esplanada dos Ministérios.

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Nos bastidores, o discurso que circula é de liberdade para os subordinados fazerem campanhas, mas que as disputas não contaminem as relações no Poder Executivo em nível federal. Mesmo assim, a avaliação é que há crises contratadas com esperados apoios a candidatos também defendidos pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.