Lula confirma retirada definitiva do embaixador de Israel e o manda para a Suíça

O então embaixador do Brasil em Israel, Frederico Meyer, foi transferido para ocupar o posto de representante brasileiro junto à Conferência do Desarmamento, em Genebra (Suíça)

Fábio Matos

Luiz Inácio Lula da Silva (PT), presidente da República (Foto: Ricardo Stuckert/PR)
Luiz Inácio Lula da Silva (PT), presidente da República (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

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Em meio a uma crise diplomática entre Brasil e Israel, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) confirmou, oficialmente, a retirada definitiva do embaixador do Brasil naquele país, o diplomata Frederico Meyer. A decisão está publicada na edição desta quarta-feira (29) do Diário Oficial a União.

Lula transferiu Meyer para ocupar o posto de representante brasileiro junto à Conferência do Desarmamento, em Genebra (Suíça).

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Ainda não há previsão de quando o presidente indicará um substituto para a vaga de Meyer na embaixada em Israel. Por enquanto, o posto será preenchido pelo encarregado de negócios no país, Fábio Moreira Farias.

Meyer foi protagonista de um momento considerado constrangedor e desrespeitoso pelo Itamaraty. O diplomata foi levado pelo ministro das Relações Exteriores de Israel, Israel Katz, ao Museu do Holocausto depois de Lula ter comparado os ataques militares israelenses na Faixa de Gaza ao extermínio de judeus pela Alemanha nazista de Adolf Hitler, na Segunda Guerra Mundial.

Na ocasião, o chanceler israelense exigiu uma retratação de Lula pelas declarações, o que jamais ocorreu. Ao contrário, o presidente brasileiro subiu o tom das críticas ao governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, o que deteriorou ainda mais as relações entre os dois países.

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Relembre o caso

Em fevereiro, Lula subiu o tom contra o governo Netanyahu e comparou os ataques na Faixa de Gaza à barbárie praticada pela Alemanha nazista de Adolf Hitler contra o povo judeu durante a Segunda Guerra Mundial.

Recentemente, Lula reforçou as críticas e disse que as ações do governo israelense em Gaza configuram um “genocídio”.

A resposta não demorou. Netanyahu disse que Lula “cruzou uma linha vermelha” e que a declaração era “vergonhosa e grave”. Na sequência, o ministro das Relações Exteriores israelense, Israel Katz, afirmou que o presidente brasileiro havia se tornado “persona non grata em Israel até que retire o que disse”. Dias depois, o chanceler chamou a comparação de Lula de “promíscua” e “delirante” e questionou: “Como ousa comparar Israel a Hitler?”.

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Lula não se retratou, e o governo brasileiro decidiu chamar para consultas o então embaixador em Israel, Frederico Meyer, e ao mesmo tempo convocar o embaixador israelense no Brasil, Daniel Zonshine, para dar explicações. Além disso, o ministro das Relações Exteriores brasileiro, Mauro Vieira, criticou a postura do seu colega israelense.

Fábio Matos

Jornalista formado pela Cásper Líbero, é pós-graduado em marketing político e propaganda eleitoral pela USP. Trabalhou no site da ESPN, pelo qual foi à China para cobrir a Olimpíada de Pequim, em 2008. Teve passagens por Metrópoles, O Antagonista, iG e Terra, cobrindo política e economia. Como assessor de imprensa, atuou na Câmara dos Deputados e no Ministério da Cultura. É autor dos livros “Dias: a Vida do Maior Jogador do São Paulo nos Anos 1960” e “20 Jogos Eternos do São Paulo”