Lula confirma Gleisi Hoffmann na articulação política do Planalto

Escolha da presidente do PT para Relações Institucionais preocupa Centrão e pode dificultar alianças

Marina Verenicz

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) confirmou, nesta sexta-feira (28), a nomeação da deputada Gleisi Hoffmann para a Secretaria de Relações Institucionais, substituindo Alexandre Padilha, que assumirá o Ministério da Saúde. A posse está prevista para 10 de março.

Nos bastidores, aliados tentaram dissuadir Lula da escolha, defendendo um nome mais conciliador, como o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE). Setores do Centrão, que têm espaço na Esplanada, avaliam que Gleisi tem um perfil rígido, o que poderia dificultar as negociações políticas.

No próprio PT, a indicação divide opiniões. Enquanto alguns consideram que a nomeação reforça o fechamento do governo em torno do partido e pode prejudicar alianças para 2026, outros destacam a experiência de Gleisi na articulação da campanha de Lula em 2022 como um ponto positivo.

Além disso, a mudança pode impactar a relação do governo com a equipe econômica. À frente do PT, Gleisi criticou medidas do Ministério da Fazenda, de Fernando Haddad, e defendeu uma postura menos austera.

Apesar disso, Gleisi sempre foi um nome de confiança do petista e aliados acreditam que, no Planalto, sua atuação será mais pragmática. O SRI sempre foi considerado como a cozinha no governo federal, com interferência intensa nas decisões dos presidentes da República.

Ministério do Desenvolvimento Social segue sem titular

Com a ida de Padilha para a Saúde, o governo ainda precisa definir um novo nome para o Ministério do Desenvolvimento Social. Lula quer um perfil que permaneça no cargo até o fim do mandato, fortalecendo a área social como uma vitrine eleitoral para 2026.

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O nome mais forte nos bastidores é Isnaldo Bulhões (MDB-AL), indicado pelo Centrão. Ele, no entanto, não tem proximidade com Lula e deve assumir a liderança do governo na Câmara. A substituição de Padilha por outro petista é vista como um erro por alguns aliados, que defendem uma maior abertura ao Centrão para fortalecer a governabilidade.

A decisão ocorre em um momento delicado para o governo, que enfrenta queda na popularidade e dificuldades no Congresso. Setores da base avaliam que Lula deveria focar na estabilidade política, garantindo apoio legislativo antes de consolidar alianças eleitorais. Para esses grupos, um governo bem-sucedido naturalmente atrairia o Centrão em 2026.