Lula cobra no G7 promessa de dinheiro dos países ricos para combater mudanças climáticas

Presidente brasileiro também afirmou que mundo vive 'múltiplas crises', com 'blocos antagônicos', e disse que a solução é a reforma do Conselho de Segurança

Lucas Sampaio

O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ao lado do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, durante sessão de trabalho do G7 no Japão (Foto: Ricardo Stuckert/Presidência da República)
O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ao lado do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, durante sessão de trabalho do G7 no Japão (Foto: Ricardo Stuckert/Presidência da República)

Publicidade

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) cobrou dos países ricos, durante encontro do G7 neste sábado (20), a promessa de dinheiro para o combate às mudanças climáticas e afirmou que “o mundo ainda não conseguiu se livrar da sua dependência dos combustíveis fósseis”.

O discurso foi feito durante sessão de trabalho do G7 (grupo que reúne 7 dos 8 países mais industrializados do mundo). Formado por Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido, o G7 não tem a participação da China.

“Quando o G7 foi criado, em 1975, a principal crise global girava em torno do petróleo. 48 anos depois, o mundo ainda não conseguiu se livrar da sua dependência dos combustíveis fósseis”, disse o presidente brasileiro em seu discurso.

Continua depois da publicidade

“E é por isso que insistimos tanto que os países ricos cumpram a promessa de alocarem US$ 100 bilhões ao ano à ação climática. Outros esforços serão bem-vindos, mas não substituem o que foi acordado na COP de Copenhague”, afirmou Lula.

Mais cedo, em outra sessão, Lula afirmou que o mundo vive atualmente “múltiplas crises”, criticou “a formação de blocos antagônicos” e disse que a solução é a reforma do Conselho de Segurança da ONU.

Lula disse que “as evidências científicas confirmam que o ritmo atual de emissões nos levará a uma crise climática sem precedentes”, mas destacou que “essa é uma crise que não afeta a todos da mesma forma, nem no mesmo grau, nem no mesmo ritmo”. “Mais de 3 bilhões de pessoas já são diretamente atingidas pela mudança do clima, em especial em países de renda média e baixa. E, da forma que caminhamos, esse número seguirá aumentando”.

“Precisamos pensar juntos a transição ecológica e justa, que inclui industrialização e infraestruturas verdes, de forma a gerar empregos dignos e combater a pobreza, a fome e a desigualdade”, afirmou o presidente brasileiro. “De nada adianta os países e regiões ricas avançarem na implementação de planos sofisticados de transição se o resto do mundo ficar para trás ou, pior ainda, for prejudicado”.

Continua depois da publicidade

Fundo Amazônia

“Os países em desenvolvimento continuarão precisando de financiamento, tecnologia e apoio técnico para transformarem suas economias, combater a mudança do clima, preservar a biodiversidade e lutar contra a desertificação”, afirmou Lula, que também agradeceu as recentes doações ao Fundo Amazônia.

“Os povos originários e aqueles que residem na região Amazônica serão os protagonistas da sua preservação. Os 50 milhões de sul-americanos que vivem na Amazônia têm de ser os primeiros parceiros, agentes e beneficiários de um modelo de desenvolvimento inclusivo e sustentável”, afirmou. “Com a Indonésia, a República Democrática do Congo e outros países da África e da Ásia, vamos atuar em defesa das principais florestas tropicais do planeta”.

ACESSO GRATUITO

CARTEIRA DE BONDS

Lucas Sampaio

Jornalista com 12 anos de experiência nos principais grupos de comunicação do Brasil (TV Globo, Folha, Estadão e Grupo Abril), em diversas funções (editor, repórter, produtor e redator) e editorias (economia, internacional, tecnologia, política e cidades). Graduado pela UFSC com intercâmbio na Universidade Nova de Lisboa.