Lula chama Galípolo de volta a Brasília para ficar de “sobreaviso”, diz TV

Auxiliares do presidente Lula têm trabalhado com a possibilidade de que a indicação de Gabriel Galípolo para a presidência do BC seja antecipada e ocorra antes das eleições municipais

Fábio Matos

O economista Gabriel Galípolo, indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para assumir a diretoria de Política Monetária do Banco Central (Foto: Pedro França/Agência Senado)
O economista Gabriel Galípolo, indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para assumir a diretoria de Política Monetária do Banco Central (Foto: Pedro França/Agência Senado)

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Principal candidato a assumir a presidência do Banco Central (BC) com a saída de Roberto Campos Neto, atual chefe da autoridade monetária, o economista Gabriel Galípolo foi chamado a Brasília (DF) pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para ficar de “sobreaviso”. As informações são da TV Globo.

Na manhã desta segunda-feira (26), Galípolo participou de um evento em comemoração pelo aniversário de 125 anos do Tribunal de Contas do Estado do Piauí, em Teresina (PI).

A certa altura, o locutor oficial da cerimônia avisou que o diretor de Política Monetária do BC teria de retornar à capital federal. “O Dr. Galípolo recebeu uma convocação do presidente da República e não vai ficar o tempo que ele gostaria e gostaríamos em Teresina”, informou a organização do evento.

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Auxiliares do presidente Lula têm trabalhado com a possibilidade de que a indicação de Galípolo para a presidência do BC seja antecipada e ocorra antes das eleições municipais – o primeiro turno acontece no dia 6 de outubro, daqui a 40 dias.

Antecipando a sucessão

Na semana passada, em entrevista à GloboNews, o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), afirmou que, em sua avaliação, a indicação de Lula para o comando do BC deveria ser feita em breve.

Após a provável indicação, o nome de Galípolo ainda teria de passar pelo crivo do Senado. O indicado do presidente da República tem de ser sabatinado na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) da Casa, e as conversas em torno de uma possível data para essa sabatina já teriam começado entre Lula e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

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Neste momento, o nome de Gabriel Galípolo seria bem recebido pela maioria dos senadores, entre os quais alguns de oposição ao governo Lula.

Em fevereiro de 2021, o então presidente Jair Bolsonaro (PL) sancionou o projeto que deu autonomia operacional ao BC, limitando a influência do Executivo sobre as decisões relacionadas à política monetária.

Pela regra vigente desde então, os mandatos do chefe do BC e do titular do Palácio do Planalto não são mais coincidentes. O presidente do banco assume sempre no primeiro dia útil do terceiro ano de cada governo.

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Assim, o chefe do Executivo federal só poderá efetuar uma troca no comando do BC a partir do terceiro ano de gestão. No caso de Lula, isso só acontecerá em 2025 – o mandato de Campos Neto termina em 31 de dezembro de 2024.

A ideia do governo, no entanto, é a de que Lula indique Galípolo o quanto antes, para acalmar o mercado, acabar com especulações e antecipar o processo de “passagem de bastão” no BC. O próprio Campos Neto também é favorável à indicação antecipada.

Ex-número 2 de Haddad na Fazenda

Antes de assumir a diretoria de Política Monetária do BC, Gabriel Galípolo, hoje com 42 anos, foi secretário-executivo do Ministério da Fazenda – era o número 2 da pasta comandada pelo ministro Fernando Haddad (PT)

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Próximo tanto de Haddad quanto de Lula, Galípolo participou da equipe de transição do governo, entre o fim de 2022 e início de 2023. Ele é bacharel em Ciências Econômicas e mestre em Economia Política, ambos pela Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP).

Galípolo foi chefe de Assessoria Econômica da Secretaria de Transportes Metropolitanos de São Paulo (2007); professor da faculdade de Economia da PUC-SP (2006 a 2012); diretor da Unidade de Estruturação de Projetos da Secretaria de Economia e Planejamento de SP (2008); e presidente do banco Fator (2017 a 2021). 

Fábio Matos

Jornalista formado pela Cásper Líbero, é pós-graduado em marketing político e propaganda eleitoral pela USP. Trabalhou no site da ESPN, pelo qual foi à China para cobrir a Olimpíada de Pequim, em 2008. Teve passagens por Metrópoles, O Antagonista, iG e Terra, cobrindo política e economia. Como assessor de imprensa, atuou na Câmara dos Deputados e no Ministério da Cultura. É autor dos livros “Dias: a Vida do Maior Jogador do São Paulo nos Anos 1960” e “20 Jogos Eternos do São Paulo”