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Em meio a duros embates com a articulação política do governo nas últimas semanas, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), elegeu um novo alvo – e não é o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha (PT), a quem já chamou de “desafeto” e “incompetente”.
O novo inimigo público do chefe da Câmara é o influenciador digital e youtuber Felipe Neto, de 36 anos. Lira acionou a Polícia Legislativa contra o influencer após ter sido chamado de “excrementíssimo” por Felipe.
A ofensa do youtuber ocorreu durante sua participação em um seminário promovido pela Câmara, na terça-feira (23), que tinha como tema a regulação das plataformas digitais. Na ocasião, participando por videoconferência, Felipe Neto usou a palavra pejorativa contra Lira, em alusão ao tradicional termo “excelentíssimo”, comum nos meios político e jurídico.
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Em nota, o presidente da Câmara afirmou que Felipe Neto foi autuado por injúria qualificada – o crime tem previsão de pena de 1 a 6 meses de prisão ou multa. A pena pode ser ampliada quando o crime for cometido contra “funcionário público, em razão de suas funções, ou contra os Presidentes do Senado Federal, da Câmara dos Deputados ou do Supremo Tribunal Federal”.
Ainda de acordo com o deputado, o youtuber deverá ser acionado também pela Procuradoria Parlamentar da Câmara dos Deputados, para que responda junto à Justiça Federal.
Em mensagens publicada no início da manhã desta sexta-feira (26) em sua conta oficial no X (antigo Twitter), Arthur Lira escreveu: “Uma crítica constante sobre as redes socias é a falta de civilidade, respeito e educação de muitos que a utilizam. Confunde-se liberdade de expressão com o direito a ofender, difamar e injuriar. Foi o que fez o sr. Felipe Neto em seminário na Câmara, meio público para o bom debate, mas que ele usou para escrachar e ganhar mídia e likes. Isso não é liberdade de expressão”. O parlamentar ainda chamou o influenciador digital de “mal educado”.
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Também por meio do X, Felipe Neto criticou a decisão de Lira de recorrer à Polícia Legislativa. “Não tenho opinião sobre a pessoa Arthur Lira, não o conheço. Como parlamentar, minha opinião é clara: suas ações e inações são em grande parte nocivas e extremamente reprováveis”, escreveu.
“Minha intenção, ao citar ‘excrementíssimo’, foi claramente fazer piada com a palavra ‘excelentíssimo’, uma opinião satírica, jocosa, evidentemente sem intenção de ofensa à honra”, justificou Felipe.
“Já sofri tentativas de silenciamento com o uso da polícia antes, inclusive pela família Bolsonaro. Continuarei enfrentando toda essa turma enquanto me sobrarem forças. E eu nunca falei que os enfrentaria com flores, nem assim o fiz e nunca o farei”, completou o influencer.
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“Excrementíssimo”
Ao participar do debate sobre o projeto de lei (PL) das Redes Sociais, Felipe Neto indicou ser favorável à regulação e afirmou que as pessoas, em geral, “continuam acreditando na censura”. “Eles continuam acreditando que vão ser controlados e perderão o direito de falar determinadas coisas. O que é preciso para a gente mudar esse cenário? É preciso que a gente se comunique mais. É preciso que a gente fale mais com o povo, convide mais o povo para participar”, defendeu.
Na sequência, o empresário criticou Arthur Lira. “Como o Marco Civil da Internet brilhantemente fez. Como era o PL 2630 [das Redes Sociais], que foi, infelizmente, triturado pelo ‘excrementíssimo’ Arthur Lira”, disse Felipe.
O influenciador conta com mais de 46 milhões de inscritos em seu canal no YouTube. Nas eleições de 2022, Felipe Neto declarou abertamente seu apoio à candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que derrotou o então presidente Jair Bolsonaro (PL) no segundo turno. No passado, porém, o youtuber “explodiu” na internet fazendo críticas ao PT e aos governos de Lula e Dilma Rousseff. Recentemente, Felipe Neto afirmou que estava “errado” em sua avaliação e chegou a pedir “perdão” a Dilma por propagar o “antipetismo”.
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