Publicidade
Em mais um indício de que as relações diplomáticas entre os governos brasileiro e venezuelano estão bem mais distantes hoje do que em passado recente, o procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, ligado ao ditador Nicolás Maduro, subiu o tom em críticas direcionadas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Em entrevista exibida no domingo (13) pela emissora Globovisión, também alinhada ao regime, Saab fez uma acusação inusitada a Lula: disse que o presidente brasileiro havia se tornado um “agente da CIA”, o serviço secreto de inteligência do governo dos Estados Unidos.
O procurador-geral venezuelano também criticou o presidente do Chile, Gabriel Boric, líder de esquerda da América do Sul que vem se posicionando contra a ditadura de Maduro.
Continua depois da publicidade
“Quem é o porta-voz que eles colocam dizendo as coisas mais bárbaras contra nosso país através dessa chamada ‘esquerda’? O senhor Boric, que agora está acompanhado por Lula. Para mim, Lula foi cooptado na prisão. Esta é a minha teoria”, afirmou Saab.
Leia também:
- Amorim: Brasil deve manter relação com Venezuela, sem reconhecer resultado de eleição
- Lula diz que Maduro “deixa a desejar”, mas descarta romper relações com a Venezuela
“Parte dessa chamada esquerda cooptada pela CIA e pelos Estados Unidos na América Latina agora tem dois porta-vozes. Lula, que não é o mesmo que saiu da prisão, por tudo que acusou agora, não é o mesmo em nada: nem em seu físico, nem em como ele se expressa”, atacou o procurador-geral da Venezuela.
Continua depois da publicidade
Saab foi além e, dirigindo-se diretamente as Lula, disse: “O que lhe interessa? Quem é você, Lula, para se intrometer nos assuntos internos da Venezuela?”.
Nos últimos meses, Lula e o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, lideraram tentativas de negociação entre o regime de Maduro e a oposição venezuelana.
Eleição fraudulenta
No fim de julho, Maduro foi declarado vencedor das eleições, segundo o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), supostamente derrotando o principal candidato da oposição, Edmundo González Urrutia.
Continua depois da publicidade
O resultado foi recebido com perplexidade pela grande maioria dos países democráticos ocidentais, já que o candidato oposicionista aparecia bem à frente de Maduro em todas as pesquisas dos principais institutos.
A oposição acusou o regime de fraudar a eleição, e diversos órgãos independentes internacionais apontaram irregularidades no pleito. Vários países, como o Brasil e os Estados Unidos, não reconheceram a vitória de Maduro.
Até o momento, a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom) e o Ministério das Relações Exteriores não se manifestaram sobre as declarações do procurador-geral da Venezuela.