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SÃO PAULO – Depois do Ibope e Datafolha ter mostrado um empate técnico nas suas primeiras pesquisas após o primeiro turno – com Aécio Neves (PSDB) com 51% e Dilma Rousseff (PT) com 49% dos votos válidos -, a expectativa que se desenhou foi de uma disputa bem acirrada entre os dois candidatos. Contudo, publicada no fim de semana, uma outra pesquisa traçou um quadro bem diverso: o Sensus, divulgado pela IstoÉ, mostrou o tucano com 17,6 pontos à frente da petista. Estes números levaram muitos a se perguntarem: por que tanta disparidade nas pesquisas?
E, de acordo com o estudo do Olho Neles publicado pelo jornal mineiro O Tempo (com o título de “Sensus privilegiou cidades aecistas em pesquisa”), há motivos para ter esta discrepância. De acordo com o jornal, o Sensus teria usado a proporção incorreta de cidades onde Aécio venceu no primeiro turno na pesquisa. Ele venceu em um terço dos municípios brasileiros e Dilma, em dois terços. Contudo, o instituto usou amostragem com metade dos municípios em que o tucano venceu.
O jornal ressalta que, no primeiro turno, Dilma venceu em 3.648 municípios, enquanto Aécio liderou em 1.821 cidades; já Marina obteve melhor votação em 99 municípios. Em termos percentuais, Dilma venceu em 65,51% dos municípios, enquanto Aécio venceu em 32,70% e, Marina, em 1,77%.
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Contudo, no levantamento do Sensus feito entre os dias 7 e 10 com 136 cidades escolhidas, 66 deram vitória à presidente no primeiro turno, enquanto 61 deram vitória ao PSDB e 9 ao PSB. Com isso, na amostra do instituto segundo o Olho Neles, 48,52% das cidades foram “dilmistas” no primeiro turno, 44,85% foram aecistas e 6,61% preferiram Marina.
Em Minas Gerais, afirma o jornal mineiro, o caso fica mais nítido em Minas Gerais: Dilma venceu em 640 cidades (75,02%) no primeiro turno, enquanto Aécio faturou em 213 (24,97%) e seria natural imaginar que a amostra contemplasse este cenário, segundo o Olho Neles. Porém, de acordo com os dados do instituto, das 15 cidades sorteadas, nove foram aecistas (60%) e seis dilmistas (40%).
Resposta do Sensus
Procurado pelo InfoMoney, o diretor do Instituto Sensus, Ricardo Guedes, destacou que a escolha é feita pela PPT (Probabilidade Proporcional ao Tamanho), como já havia falado ao jornal mineiro.
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E atribui as diferenças entre os institutos pelas indicações de que a opinião ainda não está homogeneamente formada. “Quando existem diferenças entre os institutos, isto significa que a opinião ainda não está homogeneamente formada. Se a diferença é significativa, temos que aguardar quem vai tender para quem, para vermos o maior ou menor grau de precisão das pesquisas”, afirma Guedes.
Ele ainda se defende ao dizer que o Sensus teve um resultado bastante significativo no primeiro turno, com o instituto mostrando um cenário fiel dos resultados. Na pesquisa divulgada no sábado antes da eleição, Dilma aparecia com 42% dos votos válidos, Aécio com 27,6% e Marina, com 26,4%. Na eleição, a petista obteve 41,6% dos votos válidos, Aécio 33,5% e a pessebista, 21,3%. Os outros institutos Datafolha e Ibope mostraram Dilma com 44% e 46% dos votos, respectivamente.
“O critério amostral que adotamos, há 25 anos, é baseado no método estatístico PPT – Probabilidade Proporcional ao Tamanho, para a escolha dos municípios, o mesmo critério utilizado ao longo da série de 2014, e de todos os anos. Se ponderarmos a amostra pelo tamanho de cada município temos a representatividade ao nível nacional”, afirmou.
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Vale ressaltar que não é a primeira vez que o Sensus foi contestado por benefício ao PSDB em pesquisas. No começo de maio, o instituto foi questionado pelo jornal O Estado de S. Paulo, que poderia ter prejudicado Dilma. Um dos motivos era o de que, ao invés de mostrar ao eleitor um cartão circular com os nomes dos candidatos como normalmente é feito para não privilegiar nenhum deles, o instituto mineiro apresentou uma lista em ordem alfabética, o que beneficiaria Aécio por ele ser o primeiro da lista. Na época, Guedes destacou que havia legitimidade no levantamento e neste método de abordagem.
Assim, vale aguardar o desenrolar das eleições: com os institutos de pesquisa tendo seus levantamentos contestados e, com isso, é importante ficar atento. Mas os verdadeiros números só serão revelados mesmo quando se abrirem as urnas.