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Principal adversário do presidente Jair Bolsonaro (PL) durante a pandemia de Covid-19 e crítico recorrente aos governos petistas, o ex-governador de São Paulo João Doria (PSDB) afirmou, nesta terça-feira (4), que se manterá neutro no segundo turno das eleições presidenciais, que será disputado entre o atual chefe do Executivo federal e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“Nem Lula, nem Bolsonaro. Meu voto será o da neutralidade. Meu voto será nulo”, disse Doria em entrevista ao portal UOL. “Não faço ataques nem a um lado nem a outro”, completou o tucano.
O ex-governador paulista – que não conseguiu viabilizar sua candidatura ao Palácio do Planalto pelo PSDB – afirmou que mantém “integralmente” suas críticas a Bolsonaro.
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Em 2020 e 2021, Doria, antigo aliado do atual presidente, travou duros embates públicos com Bolsonaro, a quem acusou de “negacionista” por supostamente dificultar o trabalho dos governadores no enfrentamento da pandemia. O governo de São Paulo foi o primeiro a aplicar a vacina contra a Covid-19.
“Não mudei minha posição em relação ao que o governo Bolsonaro fez de ruim, e não apenas na questão da saúde, mas também no aspecto econômico e social. É um governo errático em praticamente todas as áreas”, disse Doria.
“Mas mantenho também a visão crítica em relação aos governos de Lula, em relação à falta de comportamento moral e de lisura no tratamento do dinheiro público. É por isso que a minha posição neste momento é de neutralidade”, justificou.
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Questionado sobre o posicionamento do PSDB neste segundo turno, o tucano disse que a tendência é que a direção nacional libere os diretórios estaduais a tomarem suas decisões. “Tenho a impressão de que o partido vai liberar nos estados para que, localmente, se possa instruir o voto dos filiados.”
PSDB “tende a desaparecer”
Durante a entrevista, João Doria também comentou a derrocada eleitoral do PSDB. A legenda terá, a partir de 2023, sua menor bancada na Câmara dos Deputados, passando dos atuais 23 para apenas 13 parlamentares.
Em São Paulo, maior colégio eleitoral do Brasil, o sucessor de Doria no Palácio dos Bandeirantes, Rodrigo Garcia (PSDB), terminou em terceiro lugar na disputa – atrás de Tarcísio de Freitas (Republicanos) e Fernando Haddad (PT) – e ficou fora do segundo turno.
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“O PSDB é um partido perdedor neste momento. Eu fui excluído mesmo tendo vencido as prévias. Eu as disputei com dois outros candidatos [Eduardo Leite e Arthur Virgílio], venci e não levei, porque a ponderação feita pela Executiva Nacional era de que comigo não haveria nem a manutenção nem o aumento da bancada federal”, criticou Doria. “Houve uma redução de 41% da bancada, ou seja, o PSDB ficou muito menor.”
Ainda segundo o ex-governador, a derrota em São Paulo e a diminuição da bancada no Congresso Nacional ameaçam o futuro do partido.
“Infelizmente, [o PSDB] perdeu a hegemonia em São Paulo depois de quase 30 anos à frente do governo. É uma análise que tem que ser feita com muita humildade pela direção do PSDB. A seguir nesse ritmo, o PSDB tende a desaparecer, o que seria uma pena, uma tristeza”, concluiu.