Janot convoca Aécio, Dirceu e Delcídio para depor sobre suposto esquema de corrupção em Furnas

O procurador-geral quer verificar versão apresentada por lobista, que disse ter sido informado por Dirceu sobre suposto pedido feito por Aécio a Lula para que o então diretor de Engenharia de Furnas fosse mantido no cargo

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – O procurador-geral da República Rodrigo Janot pediu ao ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes autorização para tomar os depoimentos do presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), do ex-ministro José Dirceu, do ex-senador Delcídio Amaral (ex-PT/MS) e do ex-secretário-geral do PT Sílvio Pereira, sobre a existência de um suposto esquema de corrupção em Furnas. As informações são do blog do jornalista Fausto Macedo, d’O Estado de S. Paulo.

As primeiras denúncias de corrupção na estatal de energia surgiram em 2005, na CPI Mista dos Correios, por meio do ex-deputado e delator do Mensalão Roberto Jefferson. Se Mendes conceder a autorização, será a primeira vez que Aécio irá depor aos investigadores sobre Furnas. No ano passado, o tucano depôs em outro inquérito, no qual é investigado por supostamente “maquiar” dados da CPI que poderiam implicar correligionários.

No pedido protocolado na última quinta-feira (23), Janot também requer prorrogação de 60 dias nas apurações. O procurador-geral quer verificar a versão apresentada pelo delator e lobista Fernando Horneaux de Moura, que disse ter sido informado por Dirceu sobre suposto pedido feito por Aécio a Lula para que o então diretor de Engenharia de Furnas fosse mantido no cargo. A investigação contra o senador foi aberta após delação de Delcídio Amaral, que disse que o tucano teria recebido propinas no esquema de corrupção na estatal em esquema similar ao que ocorreu na Petrobras.

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Fernando Moura ficou conhecido nas investigações por chegar a ter seus benefícios obtidos com a delação premiada cortados após uma mudança de versão em parte do depoimento. Após admitir ter mentido, o lobista voltou a colaborar com as investigações. Não houve alterações nos demais depoimentos.

Em nota à reportagem d’O Estado de S. Paulo, a assessoria de imprensa de Aécio Neves disse que pedidos de prorrogação de prazo em procedimentos investigatórios são rotina, assim como as oitivas. “O senador Aécio Neves é o maior interessado na realização das investigações, porque o aprofundamento delas delas provará a absoluta correção de seus atos”, dizia o texto. Os advogados de José Dirceu e Delcídio Amaral não foram localizados para comentar o caso até o fechamento daquela reportagem. Já a defesa de Sílvio Pereira disse que não conversou com seu cliente, mas que vê com ressalva os depoimentos de Fernando Moura, “devido a impropriedades no depoimento” prestado pela Operação Lava Jato.

Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.