Itamaraty vê com surpresa tom ofensivo de manifestações da Venezuela sobre Brasil

Governo brasileiro ainda não reconheceu a vitória do presidente venezuelano

Equipe InfoMoney

Imagem publicada pelos perfis da Polícia Nacional Bolivariana nas redes sociais, com silhueta de Lula e bandeira do Brasil (Foto: Instagram)
Imagem publicada pelos perfis da Polícia Nacional Bolivariana nas redes sociais, com silhueta de Lula e bandeira do Brasil (Foto: Instagram)

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O Itamaraty divulgou nota nesta sexta-feira, 1º, em que diz que o governo brasileiro “constata com surpresa o tom ofensivo adotado por manifestações de autoridades venezuelanas em relação ao Brasil e aos seus símbolos nacionais”.

Nesta quinta, 31, a Polícia Nacional Bolivariana, da Venezuela, publicou em suas redes sociais uma foto com a bandeira do Brasil ao fundo e a silhueta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) junto com a mensagem: “Quem mexe com a Venezuela se dá mal“, marcando o ministro do Interior do país, Diosdado Cabello.

A mensagem ocorre em meio à escalada das tensões diplomáticas entre o petista e o país vizinho após o veto brasileiro à entrada de Caracas no Brics. A relação entre Lula e Maduro está abalada desde as eleições na Venezuela, em julho, permeada por denúncias de fraude. O governo brasileiro ainda não reconheceu a vitória do presidente venezuelano.

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Leia também: Polícia de Maduro dá recado a Lula nas redes: “Quem mexe com a Venezuela se dá mal”

“A opção por ataques pessoais e escaladas retóricas, em substituição aos canais políticos e diplomáticos, não corresponde à forma respeitosa com que o governo brasileiro trata a Venezuela e o seu povo”, complementa a nota.

O Itamaraty também disse que o Brasil “sempre teve muito apreço ao princípio da não-intervenção e respeita plenamente a soberania de cada país e em especial a de seus vizinhos”.

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Sobre as eleições venezuelanas, o Itamaraty disse que o interesse do governo brasileiro se justifica pela “condição de testemunha dos Acordos de Barbados, para o qual foi convidado, assim como para o acompanhamento do pleito de 28 de julho”.

“O governo brasileiro segue convicto de que parcerias devem ser baseadas no diálogo franco, no respeito às diferenças e no entendimento mútuo”, conclui o Itamaraty na nota.

‘Persona non grata’

Na terça-feira, depois que o assessor especial da Presidência do Brasil, Celso Amorim, confirmou que o veto foi uma decisão de governo, a Venezuela aumentou o tom mais uma vez.

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O presidente da Assembleia Nacional, Jorge Rodríguez, propôs que fosse aprovada uma moção declarando Amorim persona non grata no país, enquanto a chancelaria venezuelana chamou o embaixador no Brasil, Manuel Vadell, de volta a Caracas para consultas, e convocou o encarregado de negócios do Brasil na embaixada, Breno Herman, para conversas.

Na linguagem diplomática, o movimento é uma demonstração forte de desagrado em relação a atuação de outro país.

O Brasil, no entanto, até aqui havia optado pelo silêncio. A mudança de decisão veio com da postagem em tom de ameaça feita pela Polícia Nacional da Venezuela em suas redes sociais, segundo uma fonte diplomática.

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A decisão de responder foi tomada nesta sexta-feira, em uma reunião entre o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e o presidente Lula, quando se avaliou que limites foram cruzados, contou a fonte diplomática brasileira.

A relação entre Brasil e Venezuela vem se deteriorando desde as polêmicas eleições no país vizinho, quando o governo brasileiro passou a cobrar a divulgação das atas do pleito, o que não aconteceu até hoje. Lula, então, decidiu não reconhecer o resultado das eleições, nas quais Maduro foi declarado reeleito.

(com Reuters e Estadão Conteúdo)

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