Isolamento do PT, aproximação entre PDT e PSB e teste para PSDB e MDB: o Raio-X dos partidos nas eleições

Na primeira eleição em que presidente não tem partido e que estão proibidas coligações para vereadores, grandes siglas se movimentam de olho em 2022

Marcos Mortari

Teclado da Urna Eletrônica (Foto:Nelson Jr./ASICS/TSE)
Teclado da Urna Eletrônica (Foto:Nelson Jr./ASICS/TSE)

SÃO PAULO – Daqui a pouco menos de um mês, eleitores de todo o Brasil irão às urnas para escolher prefeitos e vereadores nos 5.568 municípios do país. As atuais eleições marcam a primeira vez em que partidos não poderão formar coligações para vereadores ‒ mudança que impacta nas estratégias das siglas até mesmo para as disputas majoritárias.

O pleito também será influenciado pelos impactos da pandemia do novo coronavírus, que adiou em 42 dias a realização do primeiro turno e tem afetado diretamente os temas em discussão, as demandas dos eleitores e a forma de se fazer campanha no país.

Segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ao todo foram apresentados 553.837 pedidos de candidaturas por 33 partidos políticos. O número corresponde a um salto de 11,5% em relação ao pleito de 2016.

No total, são 515.309 postulantes às câmaras municipais e 19.171 às prefeituras, sendo, respectivamente, 4% e 9% à reeleição. Em média, a oferta é de 3,4 candidatos ao Poder Executivo e 92,5 ao Poder Legislativo por município. Considerando as cidades com 200 mil habitantes ou mais, as taxas sobem para 9,8 e 574, na ordem.

Levando em conta apenas disputas majoritárias, o MDB é a sigla com o maior número de candidatos: 1.932. Desta forma, o partido tem um representante próprio em quase quatro de dez pleitos por prefeituras. A sigla é seguida por PSD (1.625), PP (1.487), PSDB (1.297) e PT (1.255).

Tabela 1: As candidaturas e coligações por partido (Geral)


Fonte: TSE / Elaboração: InfoMoney

Com ampla capilaridade país afora, os emedebistas são os com mais candidaturas próprias coligadas (1.487) e com maior participação em coligações encabeçadas por outras siglas (1.922). Também se destacam em termos de espraiamento PP e PSD. As três legendas chamam atenção pelo equilíbrio nas relações com os principais partidos dos mais distintos espectros.

Em municípios com mais de 200 mil habitantes, PT (122) e PSOL (114) superam o MDB (79) no número de candidaturas próprias. As duas siglas chamam atenção pelo elevado percentual de nomes isolados e pela baixa participação em chapas encabeçadas por outras siglas. O oposto de PP, DEM e PSDB, com taxas mais elevadas de candidaturas coligadas.

Tabela 2: As candidaturas e coligações por partido (Municípios com 200 mil habitantes ou mais)


Fonte: TSE / Elaboração: InfoMoney

Os números fazem parte de levantamento feito pelo InfoMoney com base na lista de candidatos apresentada pelo TSE em 7 de outubro. O objetivo do estudo foi capturar o comportamento de partidos em coligações e no lançamento de candidaturas para as prefeituras e verificar possíveis tendências nacionais a partir de movimentos locais.

Além da fotografia geral dos municípios, foi feito um recorte considerando cidades com 200 mil habitantes ou mais, segundo estimativas de população feitas pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Neste grupo, há uma percepção maior de potencial impacto nacional sobre os pleitos, embora na maior parte dos casos os contextos locais ainda se sobreponham.

Eis alguns dos principais movimentos observados:

1) Isolamento do PT

O partido é o que apresenta o maior número de candidaturas isoladas nestas eleições para prefeitos: 630. O número corresponde a praticamente metade do total de candidaturas lançadas pela sigla, muito distante do apresentado por DEM (19%), PSDB (20%), PP (20%) e PSD (21%).

Quando considerada a relação entre nomes próprios coligados e a participação geral em chapas (encabeçadas pela própria sigla ou por outras), a taxa petista (21%) também é considerada baixa comparada às de MDB (39%), PSD (38%), PP (35%) e PSDB (34%).

Do ponto de vista da interação com outras siglas, o maior aliado dos petistas é o PC do B, presente em 25% de todas as chapas coligadas encabeçadas pelo partido.

Outras legendas da esquerda, PDT e PSB respondem por 21% e 19%, respectivamente, ao passo que PP e MDB, apoiam 15% e 13% das candidaturas coligadas petistas.

A disparidade se acentua quando são considerados apenas municípios com pelo menos 200 mil habitantes. Neste caso, o PC do B aparece como aliado de 55% das candidaturas coligadas petistas, seguido com muita distância por PDT (18%) e PSB (16%).

Com este recorte, as candidaturas isoladas representam 45% dos nomes lançados pelo PT às prefeituras. O partido é o terceiro que menos se alia a nomes de outras siglas em proporção ao total de coligações que participa: 26%. Atrás apenas de Novo (0%) e PSOL (16%).

Tabela 3: A participação de partidos em coligações encabeçadas por candidatos do PT


Fonte: TSE / Elaboração: InfoMoney

“Olhando para as cidades maiores, onde a lógica tem mais a ver com a nacionalização da política de daqui a dois anos, o PT está passando por um processo de isolamento”, diz o cientista político Cláudio Couto, professor da Escola de Administração de Empresas da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo (FGV-SP).

“Desde a vitória de Dilma, em 2014, que ela não soube interpretar ‒ aquilo foi uma ‘quase derrota’ ‒, o partido se perdeu no que diz respeito à sua capacidade de interpretar o instante. Nesta eleição, talvez até mais do que em outras, ficou bastante evidente que o PT ficou em uma posição de esquerda quase sozinho”, observa o cientista político Humberto Dantas, coordenador da pós graduação em Ciência Política da FESPSP.

Na avaliação do professor, o PT pode ter colhido frutos nas eleições de 2018 ao formar a maior bancada na Câmara dos Deputados e colocar seu candidato no segundo turno da disputa presidencial, mas os resultados não deveriam estimular a sigla a dobrar a aposta na estratégia de lançar o maior número de candidatos possível nestas eleições municipais.

Para ele, a concorrência na esquerda aumentou e o partido corre sérios riscos de perder espaços importantes. “O PSOL parece ter ido para a esquerda do PT como uma alternativa muito razoável para uma parcela esquerdista do eleitorado. E o PDT e PSB querem se firmar como uma opção de centro-esquerda para um eleitorado. O PT precisa tomar cuidado”, afirma.

O PT também demonstra dificuldades em formar alianças em grandes municípios do Nordeste, seu principal reduto eleitoral. Considerando os 18 municípios com 200 mil eleitores ou mais na região, o PP está presente em 17 coligações. Destas, 4 contam com o PT na chapa, sendo duas encabeçadas pelo partido e duas pelo PC do B. Já o PSD está presente em 16 coligações. Nenhuma com o PT. O MDB está em 17 coligações, e apenas duas contam com PT: uma com candidato do próprio MDB e outra com nome do PC do B.

2) Alternativas à esquerda

Isolado, o PT vê sua hegemonia no campo progressista sob risco pela primeira vez desde 1989, observam os analistas políticos da consultoria Arko Advice. Dentre os movimentos na esquerda, eles chamam atenção para o PSOL, que pode se tornar uma ameaça ao PT em algumas capitais.

“Uma novidade no campo das esquerdas é o crescimento do PSOL. Embora o partido possa eleger menos prefeitos nas capitais que o PDT, é possível que o PSOL supere o PT. Outra legenda que pode ter um desempenho superior ao dos petistas é o PC do B, seu aliado histórico. Também o PSB pode apresentar um desempenho positivo neste pleito”, apontam.

Os analistas da Arko trabalham com cenário de favoritismo para Edmilson Rodrigues (PSOL) na disputa em Belém (PA). Eles acreditam que o partido pode encerrar as eleições com até duas capitais, mesmo teto observado pelos consultores no caso do PT, que correria mais risco de não eleger nenhum representante nas capitais.

Outro movimento que chama atenção no campo progressista é a aproximação entre PDT e PSB. As duas siglas firmaram, por meio de seus diretórios nacionais, resolução recomendando coligações entre si nas capitais. Trata-se de um ensaio para uma aliança em torno da candidatura de Ciro Gomes à presidência em 2022.

Apesar da aproximação, o PT é o partido com maior participação nas coligações encabeçadas por PDT (25%) e PSB (22%), o que pode refletir o maior espraiamento petista pelos municípios. A fotografia, no entanto, muda em cidades maiores, onde os socialistas passam a ter a maior participação nas chapas pedetistas (28%) e vice-versa (38%).

Tabela 4: A participação de partidos em coligações encabeçadas por candidatos do PDT


Fonte: TSE / Elaboração: InfoMoney

Tabela 5: A participação de partidos em coligações encabeçadas por candidatos do PSB


Fonte: TSE / Elaboração: InfoMoney

“Com a mudança da regra [para coligações] e as próprias dificuldades do panorama político-eleitoral, há de maneira mais clara alguns desafios, como o fato de que os partidos que estão mais interessados em uma ideia de frente ampla ou coligação sem o protagonismo do PT começam a ter direcionamentos em um caminho autônomo”, observa o cientista político Creomar de Souza, professor da Fundação Dom Cabral e fundador da consultoria Dharma.

3) Desafio de PSDB, DEM e MDB

Destaque nas eleições municipais de 2016, quando, embalado pelo impeachment de Dilma Rousseff (PT), aumentou de 702 para 793 sua presença nos executivos locais, o PSDB poderia largar em posição privilegiada na atual disputa, mas o revés de 2018 ressalta um momento desafiador para o partido.

No último pleito geral, os tucanos amargaram a quarta posição na corrida presidencial com o ex-governador paulista Geraldo Alckmin, que obteve apenas 5.096.350 votos, e não conseguiram converter o elevado número de prefeituras em assentos na Câmara dos Deputados. Pelo contrário, viram sua bancada encolher de 49 para 29 assentos. A sigla é hoje apenas a oitava maior da casa, com 31 deputados.

Para analistas políticos, dificilmente o PSDB retorna ao mesmo nível de relevância de antes do triunfo de Jair Bolsonaro. Mas é importante notar o fato de a sigla ter firmado alianças com DEM e MDB em colégios eleitorais estratégicos, em um movimento que pode dar sinalizações para a construção de uma aliança competitiva no plano nacional em 2022.

DEM (30%) e MDB (22%) são os partidos que mais se aliam a candidatos tucanos coligados. No caso do primeiro partido, há uma aproximação histórica, que remonta aos tempos de Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Os tucanos também respondem pelas principais alianças do DEM (25%) e aparecem como segundo partido que mais se alia a candidatos emedebistas (18%), com a mesma participação do PT.

Em municípios com mais de 200 mil habitantes, PSDB (31%) e DEM (29%) são os principais parceiros do MDB. No caso de candidaturas tucanas, DEM (51%) e MDB (30%) têm participação ainda mais relevante. Já em candidatos do DEM com coligação, MDB (30%) e PSDB (25%) também se destacam juntamente com o PP (30%).

Tabela 6: A participação de partidos em coligações encabeçadas por candidatos do PSDB


Fonte: TSE / Elaboração: InfoMoney

Tabela 7: A participação de partidos em coligações encabeçadas por candidatos do DEM


Fonte: TSE / Elaboração: InfoMoney

Tabela 8: A participação de partidos em coligações encabeçadas por candidatos do MDB


Fonte: TSE / Elaboração: InfoMoney

“O PSDB sabe que acendeu o sinal amarelo, o DEM sabe que se transformou em um grande partido de articulação política, importantíssimo para o atual instante do país, mas por vezes falta ao partido uma liderança nacional. As lideranças nacionais do PSDB estão bastante desgastadas, envelhecidas ou fustigadas pela Justiça. Não ter expulsado Aécio Neves é um erro que persiste dentro do partido. E a figura de João Doria não é uma figura de inteligência partidária, mas de inteligência individual. E o MDB saiu tropeçando de tudo que é jeito. Se considerarmos que é o partido que faz mais de 1.000 prefeituras no Brasil desde os anos 1980, essa é a prova de fogo do MDB. É agora que o MDB vai dizer se continua gigante”, diz Dantas.

Para ele, o fato de serem três partidos muito federalizados pode ser um obstáculo importante para a consolidação de uma aliança nacional. “O que pode jogar contra é a lógica dos estados. Diga para um goiano que DEM e PSDB vão ter que andar juntos e ele sai da sala. Em alguns estados isso não vai funcionar por questões históricas”, avalia.

Já Couto observa uma articulação entre os três partidos, nos municípios, insuficiente para sinalizar uma aliança mais clara em nível nacional. “O principal aliado do PSL, que ainda tem alguma proximidade com Bolsonaro, em nível local, é o MDB. O DEM, partido que tem ministros embora não faça parte do governo, tem essa aliança com o PSDB que não tem necessariamente a ver com articulação anti ou a favor de Bolsonaro”, pondera.

Os tucanos são protagonistas na corrida eleitoral em São Paulo, onde o prefeito Bruno Covas busca a reeleição, escorado em um amplo arco de alianças. Um dos adversários é o deputado federal Celso Russomanno (Republicanos), nome conhecido entre os paulistanos e que conta com o endosso do presidente Jair Bolsonaro.

A cidade, que já é conhecida pela nacionalização das disputas, terá neste ano uma queda de braço entre o governador paulista João Doria e Bolsonaro. O tucano é apontado como possível candidato à presidência nas próximas eleições e tenta construir um arco de apoio partidário para fazer frente ao mandatário. A capital paulista é fundamental nesta estratégia.

4) Densidade do “centrão”

Estas eleições municipais também serão um teste importante para os partidos com maior capilaridade no “centrão”. Além do próprio MDB, chamam atenção nesta característica PP e PSD. As duas siglas participam de 3.408 e 3.405 coligações, respectivamente.

No pleito, elas apresentaram 1.189 e 1.291 candidaturas próprias com alianças e baixas taxas de candidaturas isoladas ‒ em torno de 20%.

“É interessante como o PP é parceiro de todo mundo, tanto nos municípios maiores quanto nos menores. Ele é um dos principais parceiros em muitos casos, inclusive do PC do B. O PP é um coadjuvante importante no processo eleitoral”, avalia Couto.

O partido apresenta relação equilibrada na proporção de apoio às candidaturas das demais siglas, variando de 12% de participação em chapas encabeçadas pelo PSL a 21% nas de MDB, PSD, PSDB e PC do B. Nos municípios com ao menos 200 mil habitantes, a taxa varia de 10% nas candidaturas do PT a 32% nas do PSDB.

Os analistas da Arko Advice acreditam que tucanos e emedebistas podem encolher nos municípios nestas eleições, o que abriria espaço para siglas do centrão, ampliando a fragmentação partidária.

“A provável redução de prefeitos eleitos, sobretudo por parte de MDB e PSDB, deve vir acompanhada do crescimento dos partidos do chamado centrão (PSD, PP, PR, DEM, PTB, Republicanos, PSC etc.). O PSL, mesmo não tendo mais o presidente Jair Bolsonaro como cabo eleitoral, também deverá crescer, já que é uma legenda com bom tempo de TV e fundo partidário”, apostam.

Os analistas hoje veem MDB (Boa Vista, Cuiabá, Goiânia, Maceió, Porto Alegre, Rio Branco e Teresina), DEM (Curitiba, Florianópolis, Macapá, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Luís), PSDB (Natal, João Pessoa, Palmas, Porto Alegre, Porto Velho, Rio Branco e São Paulo) e PSB (Macapá, Maceió, Porto Velho, Recife, Rio Branco, São Paulo e Vitória) competitivos em sete capitais cada.

Veja um resumo da disputa nas capitais ao final desta matéria.

5) O papel de Bolsonaro

Pela primeira vez desde a redemocratização, o presidente da República não está filiado a nenhum partido político durante as eleições municipais ‒ o que inibe interpretações “plebiscitárias” sobre a relação entre os resultados e o nível de aprovação ao atual governo, mas também reduz o potencial de crescimento de uma sigla na esteira da imagem de Bolsonaro.

“O partido do presidente sempre foi um partido importante para as eleições municipais. Não a ponto de isso interferir na eleição para presidente, mas porque o partido que governa o maior cofre do país é relevante para as realidades locais. O PSDB, em 1992, faz 300 prefeitos, e, em 1996, faz 1.000. O efeito é gigante, e não porque o partido se torna forte, mas porque ele se torna atraente”, explica Dantas.

“Quando Lula chega ao poder, em 2002, o PT era esse de hoje: isolado, com não muitas coligações. Já o PT de 2004 é um super-PT, mas com muito mais cara de MDB. Ele começa a ser atraente até para gente que nada tem a ver com o partido”, lembra.

O PSL, diz o cientista político, tinha boas condições para ser protagonista nas presentes eleições. Dono da segunda maior bancada na Câmara dos Deputados, de uma fatia relevante do tempo de propaganda no rádio e na televisão e do fundo partidário, o partido poderia ampliar de forma expressiva sua presença nos municípios como partido de Bolsonaro.

Mas o racha com o presidente deverá limitar o potencial da sigla na disputa. Apesar de contar com volume considerável de recursos para construir uma estrutura sólida, o partido lançou apenas 730 candidaturas, ocupando a 12ª posição na apresentação de postulantes próprios às prefeituras, sendo metade de nomes não-coligados.

“Bolsonaro, em vez de trabalhar na construção deste partido para a eleição municipal, preferiu dinamitá-lo e, com a energia que tinha, tentou construir um novo. Nem uma coisa nem outra: ele não conseguiu criar um novo partido, nem o PSL aproveitou essa onda para se estruturar país afora. O número de candidatos nas eleições municipais deixa evidente isso. É um partido que não conseguiu chegar forte na disputa”, diz Couto.

Além de seu antigo partido, Bolsonaro mantém relações com o PTB, do ex-deputado Roberto Jefferson, e com o Republicanos, que abrigou dois de seus filhos: o senador Flávio Bolsonaro e o vereador Carlos Bolsonaro. Mas nenhuma das siglas poderá levar o rótulo de “partido do presidente” nestas eleições.

Para Creomar de Souza, o movimento de Bolsonaro é estratégico. “O presidente vai tentar terceirizar o ônus para garantir o bônus. De um lado, se há uma vitória de Celso Russomanno (Republicanos) em São Paulo, ela estará no portfólio de Bolsonaro. Agora, se Russomanno perder, isso não estará na conta de Bolsonaro”, pontua.

Além disso, a distância em relação aos partidos durante as eleições municipais pode blindar o presidente de possíveis irregularidades em campanhas, como o caso das candidaturas laranjas do PSL no último pleito.

Por outro lado, a postura pode fragilizar Bolsonaro na construção de palanques em municípios para sua reeleição e até mesmo na estruturação de uma base fiel no parlamento, já que prefeitos podem ajudar a pressionar deputados em determinadas votações.

“Ainda que Bolsonaro possa, através de seu prestígio, alavancar determinadas candidaturas, nenhum partido específico capitalizará a força social do bolsonarismo. Como o bolsonarismo é um movimento dissociado da política tradicional, contar com uma legenda estruturada que possa ser alavancada não é o objetivo de Bolsonaro”, ponderam os analistas da Arko Advice.

Fotografia nas capitais

Considerando os quatro candidatos mais bem posicionados nas pesquisas mais recentes divulgadas em cada uma das 26 capitais em disputa, 23 siglas aparecem na lista, sendo nove com pelo menos cinco representantes: PT (10); MDB e PSDB (9); PSB (8); DEM (7); Podemos (6); Cidadania, PP e PSD (5).

Apesar da liderança dos petistas, analistas da Arko Advice veem uma largada mais favorável para partidos de centro-direita nas corridas pelas capitais. Contribuem para um bom desempenho das siglas deste campo a ausência de Bolsonaro na disputa e a inexistência de um partido único para abrigar os aliados do presidente, além de uma maior pulverização de candidaturas do lado da esquerda.

“A fragmentação partidária tende a ser alta, pois temos um elevado número de candidaturas próprias pelo fato de estar em vigor, pela primeira vez, a proibição das coligações proporcionais. Assim, os partidos foram incentivados a lançar candidatos próprios, para que eles possam atuar como puxadores de votos de seus candidatos a vereador”, avaliam.

Os analistas veem 19 partidos com chance de vencer as eleições em pelo menos uma capital ou chegar ao segundo turno em alguma destas cidades: MDB, Patriota, Podemos, PROS, DEM, PDT, PSD, PSB, Avante, PL, PSDB, PSL, PCdoB, PTB, PT, Republicanos, PSOL, PP e PV.

O PT tem dez representantes na lista dos quatro mais bem posicionados nas 26 capitais: Benedita da Silva (Rio de Janeiro, 7%), Major Denice (Salvador, 6%), Luizianne Lins (Fortaleza, 23%), Zé Ricardo (Manaus, 10%), Marília Arraes (Recife, 14%), Delegada Adriana Accorsi (Goiânia, 11%), Márcio Macêdo (Aracaju, 5%), João Coser (Vitória, 22%), Pedro Kemp (Campo Grande, 6%) e Fábio Novo (Teresina, 6%). A sigla, no entanto, é considerada pouco competitiva na maior parte dos casos.

Logo na sequência, aparecem MDB e PSDB, com nove representantes cada. Do lado emedebista, os nomes são: Maguito Vilela (Goiânia, 20%), Priante (Belém, 10%), Sebastião Melo (Porto Alegre, 11%), Alfredo Gaspar de Mendonça (Maceió, 26%), Nilvan Ferreira (João Pessoa, 15%), Dr. Pessoa (Teresina, 34%), Emanuel Pinheiro (Cuiabá, 20%), Arthur Henrique (Boa Vista, 28%), Roberto Duarte (Rio Branco, 11%).

Do lado dos tucanos, aparecem: Bruno Covas (São Paulo, 22%), Nelson Marchezan Júnior (Porto Alegre, 9%), Álvaro Dias (Natal, 33%), Hildon Chaves (Porto Velho, 23%), Neuzinha (Vitória, 7%), Cinthia Ribeiro (Palmas, 28%), Kleber Montezuma (Teresina, 18%), Shéridan (Boa Vista, 8%) e Minoru Kinpara (Rio Branco, 29%).

A tabela a seguir mostra uma fotografia completa da disputa nas capitais, com os quatro candidatos mais bem posicionados em cada município, segundo as mais recentes pesquisas divulgadas:


Fonte: TSE / Elaboração: InfoMoney

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.