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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não escondeu a irritação, nesta sexta-feira (16), após a fala do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), que rebateu as críticas feitas pelo petista, mais cedo, acerca das constantes queixas do tucano relacionadas à suposta lentidão do governo federal no repasse de recursos ao estado.
Entre abril e maio deste ano, o Rio Grande do Sul foi devastado por fortes chuvas e enchentes que destruíram centenas de municípios e deixaram pelo menos 179 mortos.
Depois de Leite se defender das críticas de Lula, o presidente da República começou seu discurso afirmando que tinha “um recado ao governador”.
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“Eu nunca tive nenhum problema com nenhum governador. Eu trato todos com muito respeito e muita delicadeza. Aqui no Rio Grande do Sul, já estiveram presentes 32 ministros. Eu, se pudesse, já tinha feito todas as casas, mas não é assim que acontece. A gente não inventa casa”, disse Lula, em tom inflamado, durante cerimônia de entrega de unidades habitacionais do programa Minha Casa, Minha Vida.
“Quando teve seca neste estado, o governo federal esteve aqui com 6 ministros. E eu duvido que, em algum momento antes, algum governo federal tivesse dado a atenção que nós demos para o estado. Você [Leite] recebeu todos os ministros”, prosseguiu o presidente. “E eu posso dizer a vocês, olhando na cara de cada um, que duvido que, na história da República brasileira, houve um governo além de Lula e Dilma que cuidou do Rio Grande do Sul como nós cuidamos aqui.”
Em seguida, Lula afirmou que tinha “muitos números” sobre o repasse de recursos do governo federal ao estado. “Não quero utilizar porque isso vai ser motivo de uma conversa minha com o governador em algum momento”, afirmou o petista.
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“O governador foi convidado por mim, no dia 27 de janeiro, para uma reunião com os 27 governadores do Brasil, na qual eu pedi a cada governador que apresentasse as obras prioritárias do estado”, continuou Lula.
“O que nós estamos fazendo não é só por causa da enchente. A enchente é outra história. E o agronegócio está reclamando do quê? Nunca antes na história do Brasil o agronegócio teve o Plano Safra que teve em nosso governo”, defendeu Lula, rebatendo reclamações de setores do agro, mais alinhados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
“Eduardo, você saiba que tem um amigo. Eu não disputo nada com você. Eu não disputo popularidade. Eu não sou um gestor, eu sou um político”, completou Lula, dirigindo-se ao governador gaúcho.
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O presidente também respondeu ao comentário de Leite, em seu discurso, citando uma suposta “claque” do governo federal que teria o vaiado. “Eduardo, se o outro presidente da República trazia claque para te vaiar, aqui estão trabalhadores e não são claque”, afirmou Lula.
O que disse Eduardo Leite
Mais cedo, em discurso no mesmo evento, o governador Eduardo Leite respondeu às críticas de Lula, feitas em entrevista à Rádio Gaúcha.
“O povo gaúcho não é mal agradecido, não é ingrato. O povo gaúcho agradece a todo apoio que recebe da sociedade brasileira e do seu governo, presidente. Nós agradecemos, mas também sabemos o que é de direito da população do estado e demandamos”, afirmou Leite.
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O governador do Rio Grande do Sul disse, ainda, que o seu papel, “como governante em uma Federação, é agradecer pelo que foi feito, mas também demandar, pedir por mais”. “Tem muita burocracia e dificuldades que precisam ser superadas. Essa é a nossa demanda, esse é o nosso apelo”, disse o tucano.
“O recurso não chegou integralmente na ponta porque foram diversas amarras no meio do caminho”, concluiu o governador Eduardo Leite, aplaudido por alguns e vaiado por outros entre os que acompanhavam o evento na plateia.
Críticas de Lula
Em entrevista à Rádio Gaúcha, Lula afirmou: “Eu, às vezes, fico incomodado, porque o governador [Leite] nunca está contente com as coisas. Ele deveria me agradecer um dia: ‘Lula, obrigado pelo tratamento que você está dando ao Rio Grande do Sul, porque o Rio Grande do Sul nunca foi tratado assim”.
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Em seguida, Lula disse que seu antecessor no cargo, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), não tratou o Rio Grande do Sul com respeito e não fez obras no estado durante os 4 anos de seu mandato.
“O governador também fala todo dia: ‘é insuficiente, é insuficiente’. Tudo é insuficiente. Tudo é insuficiente porque a gente não vai atingir a perfeição nunca”, disse Lula.
