Investigações não apontam, até o momento, ligação entre queimadas em canaviais e PCC

Declaração é do delegado Jorge Cury Amaro Neto, que atua nas investigações

Reuters

Rodovia no interior de SP cercada pelo fogo de queimadas (Foto: Reprodução/X)
Rodovia no interior de SP cercada pelo fogo de queimadas (Foto: Reprodução/X)

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SÃO PAULO (Reuters) – As investigações sobre os incêndios em canaviais do Estado de São Paulo não apontaram, ao menos até o momento, ligação entre as queimadas e a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), que atua dentro e fora dos presídios de São Paulo e de outros Estados do país, disse à Reuters o delegado Jorge Cury Amaro Neto, que atua nas investigações.

De acordo com Cury, titular do Departamento de Polícia Judiciária Interior 3 (Deinter 3), responsável por 93 cidades da região de Ribeirão Preto, uma das cidades mais afetadas pelos incêndios, as investigações até o momento não coletaram nenhuma informação concreta sobre participação do PCC nas queimadas.

“É muito importante que você esclareça a opinião pública: até o momento não há nenhuma conexão com organização criminosa, com nada. Pelo menos nesses casos, estou me referindo aos nossos inquéritos da Polícia Civil aqui”, disse Cury.

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“Até agora não chegou nada de concreto. Isso não quer dizer que não pode ter, eu não sei. É por isso que a gente precisa ter cautela para apurar. Temos alguns celulares que estão sendo extraídos dados”, acrescentou.

No domingo, a polícia paulista prendeu um homem de 42 anos que ateou fogo em uma área de vegetação na cidade de Batatais. Ao ser preso, o suspeito disse ser integrante do PCC. Ele tem passagens no sistema prisional por tráfico, roubo e homicídio.

Para Cury, no entanto, o homem pode ter outros motivos para fazer tal alegação.

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“Esse rapaz que falou em Batatais, foi uma ação dele. E às vezes ele está falando isso por dois motivos: ou para ter 15 minutos de fama, ou para acobertar o verdadeiro mandante que mandou ele botar fogo no terreno”, disse Cury.

“Às vezes o que vem na cabeça dele, ele fala… A gente tem que ter aqui na polícia muita responsabilidade, muita cautela para não entrar nessa onda.”

Cury explicou que foram abertos vários inquéritos separados para apurar as circunstâncias de cada um dos incêndios e uma outra investigação, mais ampla, para determinar se houve ou não correlação entre eles.

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“Esse segundo (inquérito) vai andar um pouquinho mais devagar. Ele tem que estudar caso a caso e identificar eventuais pontos de conexão. Se houver conexão”, disse.

Um dos promotores mais destacados nas investigações contra o PCC dentro do Ministério Público do Estado de São Paulo, Lincoln Gakiya, integrante do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), disse não haver “absolutamente nenhum fundamento atribuir a prática de incêndios criminosos ao PCC”.

O promotor afirmou ainda que o nome do suspeito preso em Batatais não consta como membro da facção nos registros do Gaeco, das Polícias Civil e Militar e da Secretaria de Administração Penitenciária do Estado.

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Na terça-feira, o secretário estadual de Agricultura, Guilherme Piai, afirmou à Reuters que suspeitos de atear fogo em canaviais teriam agido com a motivação de retaliar o combate ao crime realizado pelo governo paulista.

De acordo com a Secretaria de Segurança Pública, nove pessoas foram presas suspeitas de envolvimento nos incêndios, que atingiram 150 cidades paulistas e provocaram prejuízos da ordem de 500 milhões de reais, segundo a Organização de Associações de Produtores de Cana do Brasil (Orplana).

Apenas na região de Ribeirão Preto, área de responsabilidade da Deinter 3 chefiada por Cury, ao menos 12 pessoas já foram identificadas como suspeitas de envolvimento nos incêndios e cinco foram presas.

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“Eu fico satisfeito que as respostas estão sendo dadas”, disse o delegado. “O mais importante é serem identificados, e serão indiciados.”

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