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Os governadores de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), e do Piauí, Rafael Fonteles (PT), afirmaram que o investimento em segurança pública e o combate à criminalidade devem ser prioritários para os estados brasileiros, em um momento no qual as pesquisas de opinião pública apontam uma sensação de insegurança generalizada entre a população.
Os dois governadores participaram do painel “A urgência da segurança pública: uma questão de prioridade e quais os desafios”, neste sábado (31), no segundo dia da Expert XP 2024, em São Paulo (SP). Além de Caiado e Fonteles, o ministro dos Transportes Renan Filho (MDB), ex-governador de Alagoas, também participou do debate.
Goiás
Apontado como um dos potenciais candidatos à Presidência da República nas eleições de 2026, Ronaldo Caiado afirmou que “segurança pública não pode ser discutida de forma fatiada”.
“Segurança tem de ser analisada com a inteireza do que seja o Estado Demcrático de Direito. Não existe Estado Democrático de Direito, em nenhuma democracia do mundo, se não tiver segurança pública. Ela é condicionante e dá governabilidade para o Estado”, disse Caiado.
“É inaceitável o Estado Democrártico de Direito, eleito, convivendo com o Estado do crime paralelo, atemorizando as pessoas e muitas vezes governando grande parte do território nacional”, prosseguiu o governador de Goiás.
Caiado disse que, quando assumiu o governo local, em 2019, Goiás apresentava “os maiores níveis de assalto e roubo” e vivia “uma situação de total calamidade”. “Eu sempre digo aos governadores: priorizem a segurança pública. Ela me deu governabilidade e fez com que eu tivesse condições de ser o governo mais bem avaliado, com a educação em primeiro lugar e saúde interiorizada. Graças à Polícia Militar, a melhor do Brasil, e às polícias Civil e Penal, as mais eficientes”, afirmou.
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“Eu disse no meu primeiro de governo: bandido não se cria em Goiás. Ou muda de profissão ou muda do estado de Goiás. Esta é a máxima que implementamos. Hoje, temos o estado que mais cresce, sem assalto a banco, sem sequestro, sem invasão de terra… Isso mostra a inteligência da polícia”, disse Caiado.
Durante o painel, o governador goiano disse, ainda, que sua gestão tem atuado de forma firme no combate às invasões de terra. “O Estado Democrático de Direito não autoriza ninguém a invadir propriedade de outro. Ele não invade em Goiás porque o sistema de inteligência detecta antes e o invasor vai para as delegacia”, observou.
Piauí
O governador do Piauí, Rafael Fonteles, classificou a questão da segurança pública como “o tema mais relevante, complexo e demandado pela população”. “Isso recai muito sobre os ombros dos governadores”, disse o petista.
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Um dos “cases” piauienses em relação ao assunto, segundo Fonteles, é a política de enfrentamento ao roubo e furto de celulares – crime que registrou queda significativa nos últimos anos no estado.
“O sucesso da nossa política de prevenir o roubo e furto de celulares tem a ver com integração e inteligência. Nós, governadores, o país e os municípios temos de investir mais em integração entre as forças policiais, que normalmente são muito pouco integradas. E também com o sistema judicial e, por fim, a integração entre os estados e dos estados com a União”, afirmou.
“Convidamos algumas startups locais para focar no crime de roubo do celular. Pegamos a relação de todos os boletins de ocorrência, tratamos esses dados usando inteligência artificial (IA), mandamos para o Judiciário, que nos concedeu uma ordem para notificar as operadoras, para elas dizerem se aqueles aparelhos estavam sendo usados por alguma linha telefônica vinculada a elas”, detalhou o governador do Piauí.
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“Cerca de 60% devolveram espontaneamente. Os outros 40% nós fomos atrás, indo nas casas com ordem judicial. Devolvemos 7 mil celulares em 6 meses. O melhor foi diminuir o roubo em 50% entre julho de 2023 e julho de 2024. As pessoas deixaram de comprar sem nota fiscal, interrompendo a cadeia criminosa”, celebrou Fonteles.
De acordo com o governador do Piauí, “o Estado tem de estar à frente da criminalidade no que diz respeito ao uso da inteligência e da tecnologia”. “Esse problema da violência deve ser olhado de maneira completa. Além de sermos o estado com menor índice de homicídios do Norte e Nordeste, somos o segundo menor índice de mortes por letalidade policial. Temos de ter uma polícia forte, mas que use muito mais a inteligência do que a força.”
Renan Filho
Ex-governador de Alagoas, o ministro dos Transportes, Renan Filho, destacou que o Brasil tem apenas 3% da população mundial, mas responde por cerca de 10% dos homicídios no mundo.
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“Isso é muito representativo. Além disso, os homicídios no Brasil são concentrados nos mais jovens, pobres, negros e nas periferias das grandes cidades”, disse Renan.
Na avaliação do ministro, isso se deve, em grande parte, ao fato de vizinhos do país serem produtores de drogas. “Nós somos o maior país da região e os grandes produtores de droga são os nossos vizinhos. O Brasil não produz droga, não produz cocaína, não produz maconha, mas os nossos vizinhos produzem muito. E nós somos um mercado consumidor gigantesco”, afirmou.
“Temos que combater a impunidade de maneira geral: prender aquele que comete o crime mais grave e desestimular a violência”, concluiu o ministro.