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O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) assumiu, nesta quarta-feira (4), o comando do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) – pasta recriada a partir do desmembramento do Ministério da Economia.
A cerimônia de posse foi realizada no Palácio do Planalto, sede do governo federal, e contou com a participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), além de outros ministros do novo governo, integrantes de cortes superiores, políticos, embaixadores e empresários.
Em sua fala, Alckmin disse que a retomada do protagonismo do setor industrial é fundamental para a retomada sustentada do crescimento econômico do país. “A indústria brasileira precisa urgentemente retomar seu protagonismo, expandindo sua participação no PIB”, afirmou.
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O vice-presidente, e agora também ministro, exaltou as duas palavras presentes no slogan do governo (“União e Reconstrução”) como passos fundamentais neste processo.
“União, porque o esforço de reindustrializar o Brasil e de aperfeiçoar ainda mais nossa agroindústria e todo o parque industrial, agregando-lhes mais valor, e de incluir os trabalhadores e trabalhadoras brasileiros em nossa economia, não são tarefas episódicas, mas uma obra de todo o governo, comprometido com um futuro melhor e mais justo”, disse.
“E de reconstrução, porque, depois de quatro anos de descaso, de má gestão pública e de desalinho com os reais problemas brasileiros, o presidente Lula, com acerto, determinou a recriação do MDIC como uma medida fundamental para o Brasil retomar o caminho de seu desenvolvimento”, continuou.
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Alckmin manteve a tônica adotada pela maioria dos novos ministros do governo Lula em seus discursos de posse, com duras críticas ao legado deixado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), derrotado nas urnas em outubro de 2022.
Durante sua fala, o vice-presidente, que agora acumula uma posição na Esplanada dos Ministérios, chamou atenção para os efeitos gerados pela indústria para outros setores, para a geração de empregos e a economia como um todo.
“A indústria é essencial. São essenciais os empregos que gera, os tributos que recolhe e a riqueza que distribui. Para cada real produzido pelo setor industrial, a economia ganha algo em torno de R$ 2,43. O impacto positivo é percebido por todos os setores da economia”, disse.
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“É urgente a reversão da desindustrialização precoce ocorrida no Brasil, que reclama uma clara política de competitividade industrial contemporânea”, destacou.
“O Brasil não pode prescindir da indústria se tiver ambições de alavancar o crescimento econômico e se desenvolver socialmente. Ou o país retoma a agenda do desenvolvimento industrial ou não recuperará o caminho de crescimento sustentável, gerador de emprego e distribuidor de renda”, enfatizou.
No discurso, Alckmin comparou o desempenho da indústria brasileira ao longo dos últimos 40 anos com a de outras economias, e tachou a perda de espaço do setor nacionalmente de “precoce” e “grave”.
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O novo ministro, no entanto, acredita que o Brasil pode liderar o processo de descarbonização da economia global e abrir caminhos para a retomada do protagonismo de sua indústria.
“É imperativa a redução da emissão de gases de efeito estufa, do estabelecimento de uma política de apoio à economia de baixo carbono, privilegiando tecnologias limpas e dando início a um processo produtivo eficiente, seguro e sustentável”, disse.
“O Brasil pode ser e será o grande protagonista no processo de descarbonização da economia global. E mantendo investimentos em inovação e pesquisas, em modernas tecnologias, poderá integrar as cadeias globais de valor”, continuou.
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Alckmin prometeu trabalhar em sintonia com os ministros Mauro Vieira (Relações Exteriores), Luciana Santos (Ciência Tecnologia e Inovação) e Marina Silva (Meio Ambiente) – esta última assume a pasta na tarde desta quarta-feira. E anunciou que sua pasta terá uma Secretaria de Economia Verde, Descarbonização e Bioindústria.
“A política industrial brasileira precisa estar em sintonia com as necessidades da sociedade mundial. A sociobiodiversidade será o ponto de partida da nova política industrial”, declarou. E destacou o desenvolvimento do complexo industrial da saúde, de energias renováveis e do hidrogênio verde.
“Desafios relacionados às cadeias de fornecimento, as exigências regulatórias e a preservação do meio ambiente se proliferam e impactam os fluxos internacionais de comércio. O Brasil de agora dará exemplos positivos. O Brasil enfrentará esses riscos de maneira construtiva e propositiva”, prosseguiu.
O novo ministro prometeu, ainda, uma maior integração do comércio exterior brasileiro ao mundo. E disse que mudanças no cenário internacional, como disputas geopolíticas e mudanças nas cadeias globais de valor, podem representar oportunidade para o Brasil atrair investimentos produtivos e aumentar suas exportações industriais.
Alckmin também destacou a importância do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para a economia brasileira e disse que “fundamental” fortalecê-lo. O banco público ficará sob o comando de Aloizio Mercadante (PT), que foi coordenador do plano de governo da campanha de Lula na última eleição.
“O banco é historicamente vital para a implementação de políticas estruturadas de desenvolvimento da economia brasileira. É fundamental fortalecer o papel do BNDES como alavanca do desenvolvimento econômico e social, como dinamizador da competitividade da indústria e das exportações – especialmente de maior valor agregado. O MDIC será seu primeiro apoiador”, frisou.
Ainda sobre o papel do Estado na economia, Alckmin disse que “o setor produtivo tem sido duramente penalizado pela ausência de uma política estatal hábil e eficiente”. E destacou que é fundamental investir em tecnologia e em qualificação da mão de obra.
Segundo ele, a retomada do protagonismo da indústria também passa por um esforço do poder público em reduzir o chamado “custo Brasil” e promover uma melhora do ambiente de negócios no país. Nesse contexto, o vice-presidente disse que uma reforma tributária é “fundamental”.
Alckmin também pregou alinhamento entre o Estado e o setor privado. “Não chegaremos a resultado algum se pretendermos atuar desalinhados com o setor produtivo. O empresariado brasileiro é qualificado, resiliente, atento às transformações e às demandas mundiais. Será da conciliação entre o Estado e o setor privado que resultará a ampliação da integração do Brasil ao mundo”, disse.
Segundo o novo ministro, a incorporação da Câmara de Comércio Exterior (Camex) e da Agência de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) pela pasta vai facilitar a coordenação intragovernamental. “Daremos à promoção comercial um viés ainda mais empresarial, em estreita relação com a política de comércio exterior”, afirmou.
Alckmin disse que o cenário internacional será desafiador neste ano, diante da perspectiva de desaceleração das economias globais. “A menor atividade econômica mundial deve proporcionar redução dos preços dos produtos exportados pelo Brasil. Da mesma forma as importações brasileiras no próximo ano estarão ocorrendo a preços também menores”, pontuou.
Entretanto, o vice-presidente e titular do MDIC disse que os desafios de competitividade do País começam a ser superados. “Vamos buscar a abertura de novos mercados para bens e serviços”.
(com Agência Estado)