Indicado por Lula para comandar BC, Gabriel Galípolo é aprovado em sabatina no Senado

Foram 26 votos favoráveis à indicação e nenhum contrário na Comissão de Assuntos Econômicos. Agora, o nome de Galípolo ainda precisa ser analisado pelo plenário do Senado, o que deve ocorrer ainda nesta terça

Fábio Matos

Gabriel Galípolo, indicado para a presidência do Banco Central (Foto: Roque de Sá/Agência Senado)
Gabriel Galípolo, indicado para a presidência do Banco Central (Foto: Roque de Sá/Agência Senado)

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O economista Gabriel Galípolo, de 42 anos, teve sua indicação para presidir o Banco Central (BC) aprovada, nesta terça-feira (8), pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado Federal.

A aprovação se deu por unanimidade no colegiado, com 26 votos favoráveis. Agora, a indicação ainda precisa ser analisada pelo plenário do Senado, o que deve ocorrer ainda nesta terça.

Galípolo deve assumir a presidência do BC em 2025, sucedendo o atual presidente da autoridade monetária, Roberto Campos Neto, cujo mandato se encerra no dia 31 de dezembro de 2024.

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Sabatina tranquila e apoio da oposição

Em uma sabatina tranquila, na qual Galípolo respondeu a questões amenas dos senadores – mesmo dos parlamentares oposicionistas –, o atual diretor de Política Monetária do BC assegurou que pautará sua atuação à frente do banco pela total “liberdade” e compromisso com os interesses do país.

Galípolo afirmou, ainda, que jamais sofreu qualquer tipo de pressão por parte do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e que sua relação com o petista, e também com Campos Neto, é “a melhor possível”.

Leia tudo sobre a sabatina de Galípolo:

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Ao responder aos senadores, Galípolo afirmou, ainda, que a missão essencial da autoridade monetária é perseguir a meta de inflação definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), e não se deve “virar as costas” para o “poder democraticamente eleito”.

Segundo Galípolo, a autoridade monetária segue atenta às expectativas de inflação para este ano e se preocupa com uma “desancoragem”.

“A inflação para 2024 corresponde a essas surpresas de crescimento, alterações que ocorreram com o câmbio… Hoje, o BC trabalha com essa alteração que ocorreu no sistema de metas de inflação, trabalhando com uma meta contínua, onde estamos analisando um horizonte relevante’, afirmou Galípolo aos senadores.

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“A inflação de 2024 é uma informação muito relevante para a gente, mas o horizonte relevante que estamos olhando é um horizonte mais para frente”, prosseguiu o diretor de Política Monetária do BC.

Ainda de acordo com Galípolo, “a gente deve assistir a um processo de desinflação mais lento e mais custoso”, de modo que o BC deve ser “mais conservador para garantir que a taxa de juros esteja em patamar necessário para atingir a meta que foi definida”.

Indicação para a presidência do BC

Em fevereiro de 2021, o então presidente Jair Bolsonaro sancionou o projeto que deu autonomia ao BC e, assim, limitou a influência do Executivo sobre as decisões relacionadas à política monetária.

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Pela regra vigente desde então, os mandatos do chefe do BC e do titular do Palácio do Planalto não são mais coincidentes. O presidente do banco, assim, assume o cargo sempre no primeiro dia útil do terceiro ano de cada governo. Com isso, o chefe do Executivo federal só poderá efetuar uma troca no comando da autoridade monetária a partir do terceiro ano de gestão. O mandato do atual presidente do BC, Roberto Campos Neto, termina em 31 de dezembro de 2024.

Quem é Gabriel Galípolo

Gabriel Galípolo é formado em Ciências Econômicas e mestre em Economia Política pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), instituição na qual também foi professor nos cursos de graduação, de 2006 a 2012. Saiba mais sobre o indicado por Lula a presidência do BC clicando aqui.

Além disso, lecionou no MBA de PPPs e Concessões da FESPSP (Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo). É também pesquisador sênior do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri).

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Sua passagem pela administração pública teve início em 2007, no governo de José Serra (PSDB) em São Paulo. Naquele ano, o economista chefiou a Assessoria Econômica da Secretaria de Transportes Metropolitanos e, em 2008, foi diretor da Unidade de Estruturação de Projetos da Secretaria de Economia e Planejamento do estado de São Paulo.

De 2017 a 2021, Galípolo foi presidente do banco Fator, instituição com expertise em parcerias público-privadas e programas de privatização. Em sua atuação no banco, conduziu os estudos para a privatização da Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae), processo que teve início em 2018. Em 2021, o banco Fator e o BNDES lideraram o leilão da estatal, operação que arrecadou R$ 22,6 bilhões com a venda de três dos quatro blocos ofertados.

Como número 2 do Ministério da Fazenda na gestão de Fernando Haddad (PT), Galípolo teve a dura missão de gerir um rombo inicial de cerca de R$ 300 bilhões nos cofres públicos e acomodar uma demanda crescente por políticas públicas e promessas de programas sociais feitas na campanha.

Poucos meses após ter assumido como secretário-executivo da pasta, Galípolo deixou o cargo para integrar a diretoria do Banco Central (BC), por indicação de Haddad e Lula. Sua estreia no Copom “coincidiu” com a primeira queda da Selic desde que o ciclo de alta da taxa básica iniciou, em março de 2021.

Fábio Matos

Jornalista formado pela Cásper Líbero, é pós-graduado em marketing político e propaganda eleitoral pela USP. Trabalhou no site da ESPN, pelo qual foi à China para cobrir a Olimpíada de Pequim, em 2008. Teve passagens por Metrópoles, O Antagonista, iG e Terra, cobrindo política e economia. Como assessor de imprensa, atuou na Câmara dos Deputados e no Ministério da Cultura. É autor dos livros “Dias: a Vida do Maior Jogador do São Paulo nos Anos 1960” e “20 Jogos Eternos do São Paulo”