Impasse sobre reajuste faz servidores do Tesouro irem à Justiça para entregar cargos

Falta de acordo salarial tem prejudicado as atividades do órgão, causando atrasos em divulgações de dados e estatísticas, além de suspensões na venda de títulos na plataforma Tesouro Direto

Fábio Matos

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Diante de um impasse sobre o reajuste salarial da categoria, servidores do Tesouro Nacional e da Controladoria-Geral da União (CGU) acionaram a Justiça para entregar seus cargos, em ato de protesto.

No caso do Tesouro, a falta de acordo salarial tem prejudicado as atividades do órgão, causando atrasos em divulgações de dados e estatísticas, além de suspensões na venda de títulos na plataforma Tesouro Direto.

Na última segunda-feira (7), a categoria rejeitou, pela terceira vez, uma proposta do governo federal. “Está uma confusão. O Tesouro está em ebulição, é um órgão conflagrado. Minha leitura é que o secretário [Rogério Ceron] perdeu completamente, e tudo o que ele disse que ia fazer para conter o movimento só jogou mais lenha na fogueira”, afirmou Rudinei Marques, presidente da Unacon Sindical, em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo.

A categoria é uma das poucas que ainda não concluíram as negociações com o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI), comandado pela ministra Esther Dweck. Até agora, 98% da força de trabalho do Executivo federal já foi contemplada pelos acordos.

Rogério Ceron, também ouvido pela Folha, disse que todos os serviços do Tesouro seguem funcionando normalmente.

“Há um equilíbrio a ser buscado, sempre de forma muito respeitosa com os servidores. Este sempre foi e sempre será meu compromisso, de atuar de forma equilibrada e garantindo a continuidade dos serviços”, afirmou o secretário do Tesouro.

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A atual remuneração dos servidores do Tesouro varia entre R$ 20,9 mil e R$ 29,8 mil mensais, menor do que os salários básicos pagos a outras carreiras da Fazenda.

Um auditor fiscal da Receita recebe, atualmente, de R$ 25,2 mil a R$ 32,8 mil, além de bônus. Os integrantes da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFZ), por sua vez, têm vencimentos de R$ 22,9 mil a R$ 29,8 mil, mais honorários de cerca de R$ 10 mil mensais.

De acordo com informações da Folha, estudos elaborados pelos servidores e encaminhados ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), apontam que os salários do Tesouro correspondem a cerca de 60% dos vencimentos das demais carreiras da pasta – abaixo da correlação histórica de 90%.

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Em relação à CGU, o órgão diz, por meio de nota, que “a mobilização legítima de seus servidores tem sido conduzida de forma responsável, sem comprometer o cumprimento das obrigações legais da instituição”.

Fábio Matos

Jornalista formado pela Cásper Líbero, é pós-graduado em marketing político e propaganda eleitoral pela USP. Trabalhou no site da ESPN, pelo qual foi à China para cobrir a Olimpíada de Pequim, em 2008. Teve passagens por Metrópoles, O Antagonista, iG e Terra, cobrindo política e economia. Como assessor de imprensa, atuou na Câmara dos Deputados e no Ministério da Cultura. É autor dos livros “Dias: a Vida do Maior Jogador do São Paulo nos Anos 1960” e “20 Jogos Eternos do São Paulo”