Henrique Meirelles e Zeina Latif integram equipe econômica da campanha de João Doria (PSDB) na disputa pelo Planalto

Candidato à Presidência critica gestão Bolsonaro e alfineta Guedes: "a gasolina do posto Ipiranga acabou. Nenhum posto Ipiranga vai resolver a crise"

Anderson Figo

Governador João Doria (Sérgio Andrade/Governo do Estado de São Paulo)
Governador João Doria (Sérgio Andrade/Governo do Estado de São Paulo)

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O atual governador do estado de São Paulo, João Doria, candidato à presidência da República pelo PSDB em 2022, anunciou oficialmente nesta quinta-feira (16), em São Paulo, os nomes dos integrantes de sua equipe econômica na disputa pelo Planalto.

Henrique Meirelles, atual secretário da Fazenda e Planejamento de Doria no governo paulista, é o principal nome da equipe. Engenheiro formado pela USP, com mestrado em economia e administração pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, Meirelles foi o mais longevo presidente do Banco Central, cargo que ocupou entre 2003 e 2011.

Ele comandou o Ministério da Fazenda entre 2016 e 2017, e foi o único brasileiro ocupar o posto de presidente mundial do BankBoston, onde trabalhou por 28 anos. Também foi chairman do banco de investimentos Lazard Americas e senior advisor da gestora global KKR.

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Fez parte dos conselhos de administração de varias instituições e empresas e, em 2002, foi eleito o deputado federal. Em 2018, concorreu à Presidência da República pelo MDB.

A equipe econômica de Doria também é composta por três mulheres. A economista Zeina Latif, formada pela USP, com mestrado e doutorado na mesma instituição, é bastante conhecida no mercado financeiro. Ela ocupou o cargo de economista-sênior e economista-chefe em instituições como Banco Real, HSBC e XP Inc.

Foi eleita em 2006, pela Revista Forbes, a “Mulher mais influente no Brasil na categoria Economia” e, em 2008, a melhor economista-chefe pela Ordem dos Economistas.

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A equipe tem um nome forte também na área tributária, que tem sido um desafio para o governo atual. Vanessa Canado é mestre em direito tributário (2005) e doutora em direito (2012) pela PUC-SP.

Atualmente é consultora em política tributária e coordenadora dos cursos de pós graduação e de Educação Executiva em Direito do Insper, e também coordenadora do Núcleo Pesquisa em Tributação do Insper.

Ela foi assessora especial do Ministro da Economia, Paulo Guedes, para assuntos relacionados à reforma tributária, entre 2019 e maio de 2021. E também trabalhou nos projetos de reforma tributária em tramitação no Congresso (PEC 45 e PEC 110) como diretora do Centro de Cidadania Fiscal (CCiF), e foi advogada nos Escritórios Mattos Filho, Barbosa Müssnich Aragão, CSMV e FM/Derraik Advogados.

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A economista Ana Carla Abrão completa a equipe econômica do candidato do PSDB à Presidência da República. Doutora em economia pela USP, atualmente é CEO do escritório da Oliver Wyman no Brasil e sócia nas práticas de Finanças & Risco e Políticas Públicas e vice-presidente do Conselho de Administração da B3.

Foi consultora no Fundo Garantidor de Créditos (FGC) no Brasil, servidora concursada do Banco Central, economista-chefe na Tendências Consultoria Integrada, diretora da área de controle de riscos do Banco Itaú Unibanco e secretária de Fazenda do estado de Goiás.

“Posto Ipiranga secou”

Durante a coletiva, Doria alfinetou o presidente Jair Bolsonaro fazendo um comentário sobre o posto Ipiranga, uma referência ao que o então candidato à Presidência Bolsonaro falava ao se referir a Paulo Guedes, principal nome da chapa até então na área de economia.

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“O Brasil já entendeu também que a gasolina do posto Ipiranga acabou. Nenhum posto Ipiranga vai resolver a crise brasileira”, disse Doria. “A direção certa para ajudar o Brasil é acabar com a fome, reduzir a miséria e aumentar o emprego”, completou.

Meirelles disse que tomou a decisão de aceitar o convite de Doria “depois de muito conversar com ele e entender os princípios de trabalho que ele seguia” — com a decisão, Meirelles põe fim às especulações em torno de possíveis movimentos em 2022, como a disputa a uma vaga no Senado.

“Eu vi uma sintonia. Sintonia de trabalho, sintonia de visão e, principalmente, de sistema de emprego, de funcionamento de uma estrutura governamental”, disse Meirelles. “Eu peço que esse plano de governo tenha uma base concreta. (…) A finalidade é o crescimento com geração de emprego e renda. Não há dúvida que o emprego é o melhor programa social que existe.”

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A indicação de Meirelles, Zeina, Vanessa e Carla, nomes fortes para uma equipe econômica, pode ajudar o candidato do PSDB a ganhar mais pontos nas pesquisas eleitorais — até então, Doria tem um percentual menor nas intenções de voto do que Sergio Moro, por exemplo, ex-ministro da Justiça de Bolsonaro.

Com isso, Doria tenta ganhar mais musculatura política e técnica a fim de reduzir a pressão do centro para fortalecer uma única candidatura que faria frente em 2022 às campanhas mais fortes (atualmente a do ex-presidente Lula e do atual presidente Bolsonaro).

Igualdade de oportunidades

Zeina Latif defendeu que toda a sociedade deve contribuir para que a agenda econômica que será criada dê certo. O objetivo, segundo ela, é conseguir gerar igualdade de oportunidades.

“O desafio de crescimento é essencial para voltar a dar perspectiva para as pessoas. A gente não pode ter um quadro como temos hoje em que é preciso ter sorte para ser alguém na vida. Uma criança mais humilde precisa ter as mesmas oportunidades do que uma outra que nasceu em um lar estruturado, com pais com nível educacional elevado”, disse.

Vanessa Canado destacou que o diálogo entre o direito e a economia abrange muitos outros temas além da tributação. “A gente tem um mau humor, uma reclamação geral com as regras. A gente tem muitas regras, a gente não conhece as regras. Clareza das regras não é só importante para o ambiente de negócios. É fundamental para o desenvolvimento econômico. Isso não é a gente que está dizendo, já tem Prêmio Nobel dizendo isso. Muitos países já aprenderam e a gente ainda está tentando aprender”, afirmou.

Ana Carla Abrão disse que o grupo compartilha das mesmas ideias e do mesmo objetivo, de construir um país melhor para todos, em particular aos que mais precisam. “A gente não vai estar aqui sozinho. Não temos dogmatismos e nenhum tipo de preconceito com pessoas que queiram se juntar e trazer ideias”, disse.

“Há um objetivo e uma responsabilidade de todos nós que é garantir a qualidade do debate. O Brasil tem se desviado dos seus problemas reais. Tem debatido o que na verdade não vai fazer a diferença”, completou a economista.

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Anderson Figo

Editor de Minhas Finanças do InfoMoney, cobre temas como consumo, tecnologia, negócios e investimentos.