Haddad vê mercado “muito sensível” e reconhece “problema grave de comunicação”

Nos últimos meses de 2024, o mercado reagiu negativamente a anúncios feitos pelo governo Lula – como o do pacote de medidas de corte de gastos

Fábio Matos

Fernando Haddad, ministro da Fazenda (Foto: Adriano Machado/Reuters)
Fernando Haddad, ministro da Fazenda (Foto: Adriano Machado/Reuters)

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O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), reconheceu nesta terça-feira (7) que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) precisa corrigir os rumos de sua comunicação com o mercado e a sociedade. 

Em entrevista ao programa Estúdio i, da GloboNews, Haddad defendeu a necessidade de o Executivo federal se “comunicar melhor”, sendo mais “coerente” e “resoluto”. 

“Primeiro, nós temos que nos comunicar melhor e eu venho dizendo isso há muito tempo. O governo tem de ser muito coerente e resoluto na sua comunicação. Não podemos deixar brecha para os resultados que nós queremos atingir”, disse o chefe da equipe econômica. 

“Nós tivemos um problema grave de comunicação. O mercado está muito sensível no mundo inteiro. O que o mundo está vivendo não é uma situação normal. O mundo vem em uma instabilidade muito grande, e os mercados estão nervosos no mundo inteiro”, completou Haddad. 

Nos últimos meses de 2024, o mercado reagiu negativamente a anúncios feitos pelo governo Lula – como o do pacote de medidas de corte de gastos – e reforçou o ceticismo em relação ao efetivo compromisso da gestão petista com a responsabilidade fiscal.

“[O pacote fiscal] É um programa de contenção. Nós fizemos um conjunto de medidas de contenção, exatamente para enfrentar esse desafio que apareceu a partir do segundo semestre, quando o crescimento bateu um patamar que começa a preocupar pelo lado da inflação e das contas externas”, explicou Haddad. 

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Ainda segundo o ministro da Fazenda, “crescimento é bom, mas temos de olhar para as outras variáveis, como o déficit em transações correntes do Brasil”. 

“Se estamos tendo inflação, porque as importações não têm sido suficientes para cobrir o déficit de oferta, temos de olhar para isso. Essa calibragem tem de ser feita quase diariamente. Você tem de olhar os dados e não deixar o carro sair dos trilhos”, concluiu o ministro da Fazenda. 

Fábio Matos

Jornalista formado pela Cásper Líbero, é pós-graduado em marketing político e propaganda eleitoral pela USP. Trabalhou no site da ESPN, pelo qual foi à China para cobrir a Olimpíada de Pequim, em 2008. Teve passagens por Metrópoles, O Antagonista, iG e Terra, cobrindo política e economia. Como assessor de imprensa, atuou na Câmara dos Deputados e no Ministério da Cultura. É autor dos livros “Dias: a Vida do Maior Jogador do São Paulo nos Anos 1960” e “20 Jogos Eternos do São Paulo”